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planificação/preparação de aulas de Filosofia é dos momentos mais gratificantes e criativos de toda a prática pedagógica. Como tal, optar por uma única orientação deverá ser qualificado como inibitório e redutor dessa mesma prática. Marnoto defende e dá relevo à proposta do modelo de Ausubel, pela aplicabilidade do mesmo, à planificação de unidades programáticas. Contudo defende que isso, não implica uma adesão total à pedagogia Ausubeliana. Assim sendo, Marnoto defende que deverão ser levantadas algumas reservas no tocante ao seu excessivo dirigismo e à defesa que faz de um ensino expositivo, o que considera inaceitável. (Marnoto, 1989,100-101) reconhece no modelo de Ausubel, as seguintes mais-valias que considera essenciais para o ensino/aprendizagem da Filosofia:

a) A importância dada ao professor – Marnoto defende que na actual pedagogia da

aprendizagem, o aluno tende a dominar, ou seja, o ensino é pensado e centrado quase exclusivamente no aluno, esquecendo-se que a actuação do professor, deverá ser em si mesma gratificante, de modo a que, quer a criatividade, quer a investigação, sejam

  gratificantes e auto-compensatórias. O trabalho de leccionação deverá ser vivido e experienciado enquanto interessante/motivador/compensador, ou seja, enquanto projecto pessoal;

b) A aceitação de uma certa directividade – O professor não é um motivador/auxiliar da

prática lectiva. O professor assume o papel de gestor/líder no processo de ensino/aprendizagem. A leccionação deverá ser pensada em função dos alunos, mas igualmente em função do projecto de docência do próprio professor, ou seja, da forma como lê, interpreta, vive e encara o programa;

c) O destaque feito à transmissão de conhecimentos, aliado a propostas de descoberta

orientada – Deverá ser aproveitado o currículo oculto do aluno e proceder-se a uma integração desses saberes, partindo deles, para uma constituição e partilha de novos saberes. (Marnoto, 1989), refere que um dos principais problemas do ensino se prende com o problema da descodificação da informação, ou seja, as matérias transmitidas não fazem sentido aos alunos, ou seja, «não encontram eco». Para Ausubel, o grande trabalho do professor é dotar a aprendizagem de sentido, tornando-a significativa para os alunos;

d) Para Ausubel a aprendizagem não tem que se constituir como um exercício divertido.

As dificuldades e os obstáculos são comuns ao ensino, não sendo equivalentes a um ensino enfadonho ou formal. A aposta deverá passar também, pelo gozo da superação dos obstáculos. Ausubel, acredita numa pulsão cognitiva, que deverá ser explorada e que se constitui como o grande motor para a aprendizagem;

e) A importância dada aos processos de síntese – Ausubel defende a aprendizagem

como um processo de sínteses cognitivas e combate a fragmentação e a analiticidade das chamadas pedagogias por objectivos. Defende como tal o círculo hermenêutico, a estrutura circular da compreensão, que defende que, para compreendermos algo, partimos sempre de um juízo prévio, no qual o novo juízo se irá encaixar.

(Marnoto, 1989,106) começa por referir que o tema Planificação é um tema que oferece alguma “ambiguidade”. É na realização da tarefa de preparação de aulas que o saber e a criatividade são postos à prova. Contudo, a obediência a um formalismo exigido, levanta de imediato o problema, do entusiasmo da preparação das aulas. Uma boa planificação de acordo com o formalismo exigido, não implica necessariamente uma boa aula. Outros factores são determinantes na prática lectiva, tais como, a relação professor-aluno.

  (Marnoto, 1989,106-107) apresenta um conjunto de características que devem estar presentes na realização da planificação:

a) A aula/conjunto de aulas deve ser previamente pensada. (Marnoto, 1989) posiciona-

se claramente contra a tese do «a aula acontece», no sentido da aula decorrer de modo espontâneo/imprevisível. Para Marnoto a espontaneidade só se conquista a partir de um trabalho prévio. Essa espontaneidade será tanto maior, quanto os temas forem bem dominados e os recursos disponíveis o mais diversificados;

b) A planificação é feita em função dos alunos. A planificação deverá ser concebida

pelo professor (ou grupo de professores), de acordo com a sua leitura, interpretação do programa, os seus próprios interesses, mas por forma, a ir de encontro às necessidades, aos interesses, às motivações, ao nível etário, às capacidades e aos conhecimentos dos alunos;

c) A criatividade numa planificação constitui uma tarefa individual em que o professor

se confronta consigo mesmo, pensando no que pretende fazer com os alunos e em como fazê-lo;

d) As planificações alheias são importantes para o confronto com outras propostas,

como abertura a outros modos de trabalhar as matérias e a outros pontos de vista.

Toda a planificação deve ter em atenção os seguintes requisitos: unidade, subunidade, tema, número de aulas previstas, objectivos gerais, objectivos específicos, conteúdos, estratégias, instrumentos, material utilizado, tempo e avaliação. O tema deverá ser bem circunscrito, por forma, a tornar claro e sem qualquer tipo de dúvida o assunto que irá ter cabimento. O professor trabalha sempre em função do Programa de Filosofia (10 e 11ºanos dos Cursos Gerais e Cursos Tecnológicos do Ministério da Educação e de igual modo, a partir, da Planificação Anual do Grupo de Filosofia da Escola onde se insere). O número de aulas previstas é calculado a partir de um número considerado óptimo para o tratamento de cada unidade, subunidade e tema, de acordo com os objectivos gerais, específicos e conteúdos, assumindo à partida, um carácter provisório, pois a sua realização/efectivação, terá que ter igualmente em linha de conta, o número/tipo de alunos, o seu comportamento, a disciplina/indisciplina, os seus interesses, dificuldades, podendo ser sujeito a alterações. Os objectivos gerais/específicos são muito importantes, pois são eles, que definem o trabalho que temos em mente e os resultados que nos propomos atingir. Os conteúdos a serem trabalhados deverão ser apresentados, desenvolvidos e discriminados de uma forma organizada e esquemática, de modo a irem

  introduzindo conceitos/ideias chave com uma correcta articulação entre si. As estratégias e os diferentes processos bem como os tempos necessários para a sua implementação deverão constar das planificações. A utilização de textos, fichas de trabalho, imagens, audio-visuais, organização de debates, organização de mesa redonda, trabalho de grupo, projecto individual de ensino-aprendizagem, jogos etc. Em suma todas as estratégias utilizadas, deverão ser pensadas em função do tema/conteúdo a ser tratado e de acordo com a experiência adquirida pelo professor, ou seja, dependente do seu saber-fazer. Este só deverá utilizar as estratégias que dominar e com as quais se sinta à vontade, apesar de só se aprender fazendo. Os materiais a utilizar deverão ser igualmente calculados em função dos recursos disponíveis. O professor deverá construir o seu próprio dossier de trabalho, quer para si próprio, quer para o grupo de trabalho que pode conter textos, fichas de trabalho, catálogos, livros, filmes, cassettes áudio e vídeo. Este material deverá poder ser utilizado pelos alunos, colegas, constituindo-se como um património pedagógico pronto a ser usado e revisitado. Deverá ainda o professor fazer constar da planificação, a avaliação, tipos de avaliação, informativa, formativa, sumativa, directa e indirecta. Deverão constar também os instrumentos utilizados nessas avaliações: leitura, interpretação, análise de textos, participação oral e escrita, realização dos trabalhos de casa, teste de diagnóstico, ficha de trabalho, testes, fichas de aula, questões verdadeiro/falso, questões de escolha múltipla, palavras cruzadas, leitura, análise e interpretação de imagens etc. Estes elementos são muito importantes para avaliar a evolução/involução do aluno, as suas dificuldades e os seus progressos. O professor deve fazer a planificação das aulas, por forma, a dispor de vários elementos de avaliação para cada aluno.