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Esta subseção tem por intuito apresentar o plano de amostragem utilizado nesta pesquisa, caracterizando as instituições participantes e justificando a escolha destas. Conforme relatado anteriormente, é um estudo de caso, considerando casos múltiplos, tendo como objeto de estudo o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).

Para a escolha das instituições foram utilizados como critérios: a) ter estudantes surdos matriculados em cursos regulares; e

b) ter alguma ação específica voltada para a acessibilidade e a inclusão dos estudantes surdos.

Nas próximas subseções desse capítulo é apresentado, de maneira resumida, cada um dos Institutos Federais participantes da pesquisa, para que possamos entender de onde se está falando. As informações referentes a esta contextualização foram obtidas no sítio eletrônico do IFRS e do IFSC e no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de cada uma das Instituições.

3.1.1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)

O IFRS, com Reitoria sediada em Bento Gonçalves, foi criado pela Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que estabeleceu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, sendo uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação, tendo como prerrogativas a autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-científica e disciplinar. Trata-se de uma instituição multicampi que atua nos níveis de ensino básico e superior, com cursos técnicos de nível médio na forma integrada, concomitante e subsequente, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas, bacharelados e cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. O IFRS possui dezessete unidades, a saber: Alvorada, Bento Gonçalves,

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Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz, Ibirubá, Osório, Porto Alegre, Restinga (localizada em Porto Alegre), Rio Grande, Rolante, Sertão, Vacaria, Veranópolis e Viamão.

Caracterizado como Instituição que atua em vários municípios com diferentes realidades produtivas e demandas socioeconômicas específicas, o IFRS vem se constituindo em um Instituto de referência em educação, ciência e tecnologia que protagoniza, juntamente com outras instituições e atores sociais, o desenvolvimento local e regional. (PDI, 2014).

No que tange à sua missão, cabe ao IFRS:

Promover a educação profissional, científica e tecnológica, gratuita e de excelência, em todos os níveis e modalidades, através da articulação entre ensino, pesquisa e extensão, em consonância com as demandas dos arranjos produtivos locais, formando cidadãos capazes de impulsionar o desenvolvimento sustentável. (PDI, 2014, p. 18).

De forma coerente com a sua missão e em consonância com os princípios constitucionais da administração pública brasileira, o IFRS tem por princípios balizadores a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência, bem como, a ética, o desenvolvimento humano, a inovação, o desenvolvimento científico e tecnológico, a qualidade e a excelência, a autonomia, a transparência, o respeito e o compromisso social.

O IFRS atualmente conta com 116 grupos de pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), abrangendo todas as grandes áreas do conhecimento. No âmbito da extensão atua em programas, projetos, cursos, eventos e prestação de serviços, tendo realizado 453 ações em 2015, distribuídas nas áreas temáticas Trabalho, Tecnologia e Produção, Saúde, Meio Ambiente, Educação, Direitos Humanos e Justiça, Cultura e Comunicação.

A Instituição conta no seu quadro de servidores com 847 docentes e 838 técnicos administrativos em educação, estando entre os dez maiores Institutos Federais do Brasil em número de estudantes e servidores. Dos docentes, 89% são mestres ou doutores.

Além disso, vem se destacando nos processos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), tendo sido bem classificado no ranking nacional do Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC), divulgado em dezembro de 2014, com o índice correspondente a 4. No ano de 2015,

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a Instituição conquistou o Conceito Institucional 4, coroando seu compromisso com a educação pública, gratuita e de qualidade.

O IFRS representa ter comprometimento com as políticas de inclusão, tendo oficializado em 2015 a criação do Centro Tecnológico de Acessibilidade, que tem por objetivo desenvolver metodologias e soluções acessíveis para pessoas com necessidades específicas, atuando também na produção de tecnologias assistivas.

Em 2016, estão regularmente matriculados no IFRS dez estudantes surdos em cursos técnicos e superiores e um estudante em curso de pós-graduação lato sensu. Com relação às ações institucionais voltadas à acessibilidade e à inclusão de estudantes surdos e que resultaram na escolha da Instituição como objeto desta pesquisa destaca-se a realização das provas do processo seletivo para o ingresso de estudantes surdos nos cursos técnicos de nível médio e nos cursos superiores em Libras, por meio da utilização de vídeos, o que tem atraído estudantes surdos para a Instituição, além da aprovação, no Conselho Superior (Consup) em 2014, da Política de Ações Afirmativas do IFRS. Antes destas iniciativas o IFRS tinha dois estudantes surdos e atualmente são onze estudantes.

A Política de Ações Afirmativas é orientada para ações de inclusão nas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, para a promoção do respeito à diversidade socioeconômica, cultural, étnico-racial, de gênero e de necessidades especiais, e para a defesa dos direitos humanos, propondo medidas especiais para o acesso, a permanência e o êxito dos estudantes, em todos os cursos oferecidos pelo Instituto. (Resolução Nº 22/2014 do Conselho Superior do IFRS)

Um dos grandes destaques da Política de Ações afirmativas do IFRS é garantir do total das vagas oferecidas em cada curso e turno, reserva de no mínimo, 5% (cinco por cento) para Pessoa com Deficiência que se enquadre na classificação apresentada no Decreto nº 3.298/99, alterado pelo Decreto nº 5.296/04 e na Lei nº 12.764/12.

Outro fator relevante para a pesquisa é que a instituição já tem um estudante surdo que concluiu um curso de graduação, o que permite a análise dos fatores relacionados à permanência e ao êxito.

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3.1.2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) O IFSC, assim como o IFRS, foi criado pela Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008 e, da mesma forma, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação e trata-se de uma instituição multicampi, com vinte e duas unidades: Araranguá, Caçador, Canoinhas, Chapecó, Criciúma, Garopaba, Gaspar, Geraldo Werninghaus (em Jaraguá do Sul), Florianópolis, Florianópolis-Continente, Itajaí, Joinville, Jaraguá do Sul, Lages, São José, Palhoça-Bilíngue, São Carlos, São Lourenço do Oeste, São Miguel do Oeste, Tubarão, Urupema e Xanxerê, sendo que a reitoria está instalada em Florianópolis.

O IFSC tem como missão “promover a inclusão e formar cidadãos, por meio da educação profissional, científica e tecnológica, gerando, difundindo e aplicando conhecimento e inovação, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e cultural”. (PDI, 2015, p. 21).

Ainda conforme o PDI, em conformidade com o princípio de inclusão, o IFSC fez a escolha por um currículo inclusivo, que explicita e acolhe as diferenças, garantindo a todos o seu lugar e a valorização de suas especificidades. O ensino assume outros objetivos além da aprendizagem, da formação e da educação de cidadãos, assume também a função social de inclusão, em diversas dimensões: escolarização, inserção laboral, resgate de direitos, inserção nas práticas sociais, avanço científico e tecnológico, inserção de práticas culturais e esportivas com direito à acessibilidade.

Desde a sua constituição, a Instituição desenvolve ações de inclusão. Assim, ao longo de sua história, ocorreram diferentes ações para diversos públicos, destinadas ao seu acesso, permanência e êxito na educação profissional técnica e tecnológica.

No IFSC, ressalta-se o compromisso inclusivo dos Institutos Federais através da criação do primeiro campus bilíngue Libras/Português no município de Palhoça, sendo a primeira escola da América Latina nessa modalidade. O diferencial do Campus é que o ensino é voltado para a oferta de educação profissional bilíngue – Libras/Português, tendo como público estratégico tanto pessoas surdas como ouvintes, através de uma metodologia de ensino inclusiva e significativa para ambos os públicos.

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Conforme dados do PDI (2015), o Campus Palhoça é a primeira unidade da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica na modalidade bilíngue – Libras/Português – e traz para o cenário brasileiro uma política de ensino, pesquisa e extensão que busca viabilizar uma efetiva interação entre surdos e ouvintes no campo educacional e profissional.

Em seu projeto político pedagógico, articula o ensino, a pesquisa e a extensão a partir dos itinerários formativos de multimídia e educação bilíngue, ofertando cursos de diferentes níveis e modalidades de ensino. O diferencial do Campus pode ser observado em seu sítio eletrônico institucional, onde todas as informações estão disponibilizadas também em Libras.

No ano de 2015, o IFSC apresentou o registro de setenta e nove estudantes surdos matriculados em cursos de nível técnico e superior, sendo que destes, cinquenta e nove estudantes estão matriculados no campus Palhoça Bilíngue.