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Capítulo II Gestão Pública, Orçamento e Planejamento na Administração Pública

2.6. Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)

Sucessivas mudanças econômicas, sociais, políticas, tecnológicas e culturais desafiam os gestores a empregar, por sua vez, o planejamento como ferramenta indispensável para a programação futura de seus objetivos, metas, estratégias e aplicação de recursos (Groschupf, 2015). Por sua vez, os modelos educacionais, também, exigem uma reflexão para o pensamento gerencial.

Nos IFs, por exemplo, o PDI é uma excelente ferramenta de gestão pública. É um instrumento que busca a excelência no tripé ensino, pesquisa e extensão, e busca atingir as metas, obter os objetivos com eficiência, eficácia e transparência pública, (Mizael et al., 2012). Segundo Groschupf (2015, p. 64), “o PDI é um instrumento de planejamento interno das instituições públicas e privadas de ensino e foi instituído legalmente pelo Decreto 3.860/2001”.

O PDI é elaborado conforme as regras dispostas no Decreto nº 5.773/06, no Decreto nº 6.095/07 e no Decreto nº 9.235/17. O prazo de vigência do plano, conforme decretos citados é de 5 (cinco) anos. No documento, a instituição deve estabelecer mecanismos de planejamento científico, metodológico e sistemático, como deixar claro a missão, objetivos e metas, projeto pedagógico, cronograma de implantação e desenvolvimento, organização didático-pedagógica, perfil do corpo docente, organização administrativa, infraestrutura

6 “Caracterizados como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, que têm foco

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física e instalações acadêmicas, entre outras coisas que estão dispostas no artigo 16 do Decreto n º 5.773/06.

O Francisco et al., (2012, p. 87) “considera a importância de um modelo de gestão com base no Plano de Desenvolvimento Institucional, tendo-o como suporte para a construção de indicadores e a utilização de sistemas de apoio a decisão”, o autor ainda descreve que, “o PDI orienta as ações institucionais que determinam a consolidação da identidade institucional”.

Conforme Luz (2014, p. 104), “o PDI é um documento que norteia as ações para o planejamento e desenvolvimento institucional, retratando os planos, políticas e linhas estratégicas de atuação das Instituições”, para a autora, “esse plano pretende, também, orientar os gestores a fim de evitar a descontinuidade das políticas públicas”.

Um dos motivos para evitar a descontinuidade, segundo Luz (2014, p. 88), é que o PDI é um documento que excede o período de gestão, “o seu horizonte temporal corresponde a cinco anos e que o período de mandato dos reitores corresponde a quatro anos. Por esse motivo, a gestão seguinte tem o compromisso de cumprir o que foi planejado anteriormente”.

Ainda para Luz (2014, p. 21), o PDI “na sua origem atendia a uma exigência do MEC, transformou-se num importante instrumento de gestão para as IES, por se tornar o principal norteador do seu planejamento estratégico”. Isso porque, o PDI, é um plano para o futuro, é um instrumento estratégico, tem um caráter normativo, tendo como objetivo a definição de ações estratégicas, de orientar as ações e as decisões dos gestores (Mizael et al., 2012; Luz, 2014; Brezinski, 2011).

A formação das metas e objetivos previstos no PDI não são imutáveis, Dias (2016, p. 59), esclarece que o PDI “é um instrumento indispensável ao planejamento e avaliação futura da organização que poderá ser reajustado a qualquer tempo para correções de rumo por meio de um processo de reformulação e atualização a ser comunicada, acompanhada de justificativa”. O PDI é um instrumento de planejamento, como um documento dinâmico e versátil, mas que estabelece um posicionamento concreto da instituição de ensino, (Groschupf, 2015; Francisco et al., 2012).

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No conceito de Segenreich (2005, p. 151), o PDI é um instrumento participativo, pois, “à medida que resulta de uma construção coletiva, impõe-se, naturalmente, como o fio condutor para qualquer processo de avaliação, interna ou externa”. O PDI para Francisco et al. (2012, p. 99), “deve seguir uma linha inovadora, respeitando seu aspecto temporal, permitindo que a instituição enfrente de modo coerente os desafios a partir de uma nova realidade em suas práticas gerenciais, destacando um novo pensamento organizacional e acadêmico em sua estrutura”.

Luz (2014, p. 20) acrescenta que, “o PDI é, portanto, uma ferramenta de gestão que define em grandes linhas os objetivos institucionais para um momento futuro, que deve ser legitimado pela participação da comunidade”, no mesmo sentido, Lope & Costa (2014, p. 2), a metodologia utilizada “deve fomentar e buscar garantir a participação efetiva da comunidade interna e externa em todas as fases e etapas do processo, numa perspectiva de gestão participativa”.

Uma das dificuldades encontradas no PDI, é a falta de acompanhamento, monitoramento e avaliação, para Galvão (2016, p. 20), existe “falta de avaliação da efetividade dos documentos que norteiam o planejamento nos Institutos Federais, uma vez que são instituições relativamente recentes, ofertam educação pública abrangendo todo seu itinerário formativo”, para o autor, os IFs “carecem de um instrumento de planejamento, acompanhamento e avaliação que contemple toda a diversidade de sua atuação”.

Para fazer o acompanhamento, monitoramento e avaliação, segundo Dias (2016, p. 59), o PDI deve estabelecer:

indicadores e metas de forma a monitorar os resultados alcançados. Esses indicadores podem ser de resultados, de processo e contextuais. Os indicadores de resultados são aqueles que mensuram metas físicas e/ou financeiras do planejamento. Os indicadores de processo medem o desempenho de atividades meio, por fim, os indicadores contextuais têm por objetivo medir o desempenho de condições externas que embasam o planejamento.

Segundo Dias (2016, p. 59), a função que o “controle e avaliação do planejamento estratégico, consubstancia no acompanhamento, no desempenho por meio de sistemas onde se pode confrontar situações previstas e alcançadas”, os resultados da avaliação permite o gestor confrontar os objetivos previstos e os alcançados, para o autor, “o controle e avaliação permitem informar ou retratar os resultados organizacionais. O controle fornece também dados e informações de modo a realimentar o processo de tomada de decisão, na

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medida em que permite corrigir ou reforçar o desempenho”, os dados fornecidos pelo controle permite consertar, melhorar ou fortalecer o comportamento apresentado.

Para Lope & Costa (2014, p. 10), o PDI, além de ser obrigatório legalmente, é essencial o monitoramento, ou seja, o PDI “de um instituto ou de outra qualquer IES depois de construído deve ser executado/desenvolvido para que efetivamente cumpra seu papel. Entretanto, para garantir a efetividade da execução de qualquer plano faz-se necessário que o processo seja acompanhado, monitorado e avaliado”. Para Luz (2014, p. 100), “a avaliação é fator indispensável, visto que ela tem o objetivo de promover reflexão sobre as ações realizadas de forma a identificar o que funcionou e o que precisa ser alterado ou melhorado”, para a autora a avaliação serve, “de subsídio para a tomada de decisões, vez que ela atua como um instrumento de acompanhamento do planejamento”.

O acompanhamento dos objetivos possibilita o alcance do resultado com sucesso, segundo Dias (2016, p. 61), “tanto o monitoramento, a avaliação e controle corroboram para o alcance dos resultados organizacionais, bem como, indica o sucesso, ou não, dos objetivos propostos gerando feedback e aprendizagem organizacional”.

As instituições públicas precisam de indicadores, para demonstrar os resultados alcançados, mas, para Mizael et al., (2012, p. 26), “o serviço público carece de pesquisas e indicadores que venham quantificar os resultados”, para o mesmo autor uma das dificuldades na avaliação do planejamento estratégico das instituições de ensino é a mensuração dos resultados, mas não pode ser uma justificativa para que não realizem o planejamento.

O acompanhamento e “a avaliação institucional é o momento de refletir e desenvolver ações que revelem qual é o papel da Universidade, sua missão, sua visão e seus valores que direcionam sua organização e seu funcionamento” (Luz, 2014, p. 103). Para Bodini (1998, p. 4), a “avaliação institucional é englobada também na análise interna através do desempenho institucional, buscando o incremento da qualidade”.

Segundo Francisco et al., (2012, p. 102), “a qualidade da instituição passa a estar determinantemente ligada ao cumprimento de sua missão e de seus objetivos, fatores que tem uma relação significativa com a avaliação institucional e, sobretudo, com seu contexto técnico-gerencial”.

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Portanto, para Lindoso (2016, p. 16), “as organizações passam a ter que apresentar resultados organizacionais, adotando modelos de gestão com indicadores e sistemas de desempenho, metas organizacionais e individuais e planejamento estratégico”.

O interesse em monitorar o planejamento das políticas educacionais, não é encarado com rigidez, devido que os atos são pertinentes ao presente, não pensando no futuro, para Lima & Assis (2018, p. 72), com isso “as questões relacionadas às políticas educacionais e demais políticas sociais, sempre ocorreram rupturas e descontinuidades”. Nesse mesmo sentido, Dias (2016, p. 61) afirma que as “organizações públicas não podem ser regidas por improvisos e pressões de atores sociais ou mudanças conjunturais”.

Para Lope & Costa (2014, p. 2), algumas dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino, “em relação ao PDI, apontadas na literatura”, é que não está “somente na fase construção, mas de forma especial na sua implementação ou desenvolvimento”. Sendo na maioria das vezes, “a comunidade e os próprios gestores por não se sentirem identificados nesse documento, não internalizaram o compromisso contido no mesmo, não o levam em consideração (totalmente ou em parte) em relação ao planejamento e ao desenvolvimento institucional”, com isso, tornando-se o PDI “apenas mais um documento burocrático administrativo, perdendo o seu papel primordial de ferramenta de gestão”.

O PDI é um planejamento estratégico que direciona o caminho da instituição para um determinado período. Contribui para a realização da missão institucional, com a execução das metas e prioridades previstas. Em resumo, pode-se dizer que o PDI é uma ferramenta que auxilia os IFs para o bom desempenho institucional e facilita a elaboração do PPA e/ou PTA.

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