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2.5 SUSTENTABILIDADE

2.5.1 Plano de Gestão de Logística Sustentável do Governo Federal (PLS)

O avanço científico e tecnológico em boa parte do século passado e anteriores passou ao largo da questão da sustentabilidade, trazendo prejuízos imensos em termos de degradação ambiental. A intensa atividade industrial diminuiu drasticamente os recursos naturais do planeta, provocando aumento da quantidade de resíduos e poluentes. A compreensão de sustentabilidade incorpora aspectos sociais, ambientais e econômicos, tanto que introduziram no conceito de sustentabilidade os “três P’s da sustentabilidade”, people (pessoas), planet (planeta) e profit (lucro), ou seja, são três dimensões da sustentabilidade.

Os custos sociais e ambientais advindos da produção em escala mundial pela moderna indústria são enormes, mas a sociedade civil começou a resistir e a exigir a internalização dos custos ambientais causados pelas atividades econômicas. A pressão de ONG’s e movimentos populares sobre empresas e governos tem sido intensa ao exigirem proteção contra dejetos tóxicos, fumaça, água e ar poluído, somados à obsolescência de equipamentos industriais e processos geradores de insustentabilidade.

Com o rápido avanço tecnológico nos sistemas informacionais, a literatura tem destacado diferentes vantagens de “ser verde”. Segundo Brooks et.al. (2010), existem duas grandes categorias de benefícios: os ambientais e os financeiros. Os benefícios ambientais relacionam-se aos objetivos de ecoequidade, que referem-se à igualdade de direitos entre as gerações atuais e futuras em relação aos recursos ambientais disponíveis. A ecoequidade é a maneira pela qual se faz o gerenciamento dos impactos causados no meio ambiente, suprindo as necessidades de agora sem comprometer as de amanhã. Por sua vez, os benefícios financeiros relacionam-se aos conceitos da ecoeficiência, que correspondem à entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades e trazem qualidade de vida, reduzindo progressivamente os impactos ecológicos e a quantidade de recursos utilizados no ciclo de vida dos produtos e serviço (Anacleto, 2012).

Neste sentido a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento planejado, a fim de proporcionar a sustentabilidade das ações, são estimulados pelo governo federal, no intuito de haver a adoção de medidas sustentáveis na esfera pública federal. Primordialmente pode-se citar a necessidade de atendimento ao Decreto Federal nº 5.940/06 que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta ou indireta, na fonte geradora, e a sua destinação a associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, e ainda a Instrução Normativa nº 01, de 19 de janeiro de 2010, que dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, serviços e obras pela Administração Pública Federal.

A posteriori tem-se a publicação do Decreto Federal nº 7.746, de 05 de junho de 2012, que estabelece critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela Administração Pública Federal. E, ainda, constam esclarecimentos ao decreto supracitado na Instrução Normativa nº 10/2012, da Secretaria de Logística de Tecnologia da Informação, a qual estabelece as regras para a elaboração do Plano de Logística Sustentável.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou em 1999 o programa A3P (Agenda Ambiental na Administração Pública), que visa a implementação da gestão socioambiental sustentável das atividades administrativas e operacionais do Governo. A A3P tem como princípio a inserção dos critérios ambientais, que vão desde uma mudança em investimentos, compras e contratação de serviços pelo governo, até uma gestão adequada dos resíduos gerados e dos recursos naturais utilizados, tendo como

principal objetivo a melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho (MMA, 2012). É um programa cuja adesão acontece de forma voluntária, no entanto disponibiliza-se uma metodologia, incluindo capacitação, que auxilia os órgãos públicos a executarem ações relacionadas ao meio ambiente.

Outra ação amplamente divulgada é a Agenda 21, que também dispõe de uma metodologia criada a partir da Agenda 21 Global, e que propõe um roteiro organizado em seis etapas: (1) mobilizar para sensibilizar governo e sociedade; (2) criar um Fórum de Agenda 21 Local; (3) elaborar um diagnóstico participativo; (4) organizar; (5) implementar; (6) monitorar e avaliar um plano local de desenvolvimento sustentável. Ela pode, ainda, ser definida como sendo um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (MMA, 2012), cuja participação das organizações públicas é preponderante por meio de planos específicos.

Outra iniciativa relacionada à logística pública em alinhamento ao desenvolvimento sustentável é o Projeto Esplanada Sustentável. A iniciativa é uma ação conjunta de quatro Ministérios: Planejamento; Meio Ambiente; Minas e Energia; e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Esse projeto tem por objetivo principal incentivar órgãos e instituições públicas federais a adotarem modelos de gestão organizacional e de processos estruturados na implementação de ações voltadas ao uso racional de recursos naturais, promovendo a sustentabilidade ambiental e socioeconômica na Administração Pública Federal.

As regras para os órgãos públicos elaborarem os seus Planos de Gestão de Logística Sustentável (PLS) foram estabelecidas pelo Ministério do Planejamento (MP), conforme determinado no Decreto nº 7.746, de junho de 2012. São ferramentas para permitir a implementação de práticas de sustentabilidade e racionalização de gastos que deverão abranger os seguintes temas: material de consumo (papéis e copos de plástico); energia elétrica; água e esgoto; coleta seletiva; qualidade de vida no ambiente de trabalho; compras e contratações sustentáveis, compreendendo, pelo menos, obras, equipamentos, serviços de vigilância, de limpeza, de telefonia, de processamento de dados, de apoio administrativo e de manutenção predial. Todos os órgãos da administração pública federal devem desenvolver e executar seus PLS, considerando fatores que direcionem a gestão para os critérios de sustentabilidade. Para nortear o

desenvolvimento do PLS, como já foi citado, o governo editou a IN nº 10 (BRASIL, 2012).

A IN nº 10 (Brasil, 2012) estabelece algumas regras a serem observadas, dentre elas: o conteúdo mínimo do PLS; os temas mínimos a serem abrangidos; os tópicos necessários para elaboração do plano de ações; e os indicadores. Ela foi criada a partir de reuniões da Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (CISAP). Além do MP, fazem parte desta comissão os seguintes ministérios: Casa Civil; Meio Ambiente; Minas e Energia; Ciência Tecnologia e Inovação; Fazenda; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; e Controladoria-Geral da União. A CISAP foi instituída com o objetivo de implementar critérios, práticas e ações de sustentabilidade no âmbito da Administração Pública Federal. A Instrução Normativa nº 10 – SLTI/MP para regulamentar esta ação foi publicada em 14 de novembro de 2012, no Diário Oficial da União. A norma tem validade para as entidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquicas, Fundacionais e também para as Empresas Estatais.

O paradigma da sustentabilidade traz o desafio de como melhor entender a forma com que as questões ambientais e sociais devem ser tratadas nas estratégias organizacionais a fim de criar valor em longo prazo. O atual cenário de crise e o consequente desaquecimento econômico influenciam os repasses de recursos financeiros às instituições públicas e, por esse motivo, investimentos com um caráter sustentável, que podem ser definidos como compromissos voluntários das organizações, de inserir aspectos éticos, sociais e ambientais em sua estratégia, e os seus benefícios, como a otimização dos recursos, não podem ser deixados em segundo plano (Claro, 2014).

Em razão do aumento das influências, declarações e compromissos relacionados à necessidade de que as instituições integrem a sustentabilidade em seus sistemas, o assunto tem se destacado no modo de gerir e ensinar também das universidades. Inclusive, vê-se o envolvimento do setor da educação e seus gestores, uma vez que o papel educacional assumido por eles engloba, além da formação do conhecimento a qual se propõem, o desenvolvimento social voltado também à cultura da sustentabilidade. É por meio da educação que novos profissionais passam a atuar e, logo, influenciam a maneira como as atuais e as futuras gerações lidam com a sustentabilidade e com o desenvolvimento sustentável (Loureiro, Do Valle Pereira e Pacheco Júnior, 2016).

Assim, faz-se necessário aprimorar as competências em gestão das organizações para o processo de desenvolvimento sustentável no ambiente organizacional, com vistas a longo prazo, a fim de garantir eficiência econômica, conservação ambiental, qualidade de vida e igualdade social, partindo do principal objetivo da cultura da sustentabilidade, o compromisso em preservar a qualidade de vida, as condições ambientais e a disponibilidade de recursos naturais.

O Ministério da Educação estabeleceu, por meio da Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012, as diretrizes curriculares nacionais para a Educação Ambiental, as quais devem ser observadas por todos os sistemas de ensino e suas instituições de educação básica e educação superior. A resolução estabeleceu ainda que as instituições de Educação Superior devem promover sua gestão administrativa e suas ações de ensino, da pesquisa e da extensão, orientadas pelos princípios e objetivos da Educação Ambiental.

Segundo Almeida (2015) as universidades são importantes instituições de educação superior (IES), pois formam profissionais, pesquisadores e, principalmente, cidadãos críticos. É por meio delas que são realizadas pesquisas inovadoras com soluções para os problemas e necessidades da sociedade, inclusive a questão da sustentabilidade. Tauchen e Brandli (2006) afirmam que o papel de destaque assumido pelas instituições de ensino superior deve ser utilizado, também, para promover o desenvolvimento de uma sociedade sustentável e justa, para o que se torna indispensável que elas comecem a incorporar princípios e práticas de sustentabilidade em todos os seus processos e decisões. Além disso, as instituições governamentais também são responsáveis por uma gestão sustentável, com Responsabilidade Socioambiental, conforme as diretrizes da Agenda 21 global (já anteriormente apresentada). Para a Agenda Sustentabilidade, essa palavra cheia de preceitos e conceitos, a prioridade é justamente a preservação da espécie humana na Terra pelo maior tempo possível, aprimorando a dignidade e qualidade de vida dos seres humanos, sem pré-conceitos.