II.2 Estudo de Caso Individual
II.2.3 Plano de Intervenção Psicomotora
O plano de intervenção psicomotora (PIP) foi estabelecido para um período trimestral, tempo máximo de duração de um internamento normal na unidade 14.
O PIP foi organizado tendo por base os resultados quantitativos e os aspetos qualitativos que resultaram do processo de avaliação inicial, seguindo-se na tabela 5 a apresentação dos objetivos terapêuticos estabelecidos divididos em três grandes áreas, designadamente domínios psicomotor, cognição e linguagem e socioafetividade. Serão ainda contemplados estratégias e recursos materiais que podem ser utilizados como facilitadores na realização das tarefas propostas, objetivando uma intervenção bem- sucedida.
Tabela 5 - Plano de intervenção individual a R.F.
PIP – Estudo de caso individual A- Domínios Psicomotores
1. Equilíbrio – Promover o equilíbrio dinâmico
Objetivos específicos Objetivos operacionais Atividades gerais - Potenciar o equilíbrio dinâmico na
marcha;
- Promover a capacidade de reequilibração dos membros inferiores; - Promover o controlo postural e melhorar
a base de sustentação.
- A utente deve ser capaz de andar autonomamente ou utilizar apenas 1 apoio na marcha, durante a sessão;
- Percursos com diferentes bases de estabilidade; - Percursos com diferentes formas e ritmos de deslocação. 2. Tonicidade (membros superiores e inferiores) – Melhorar a tonicidade (eutónico)
- Promover o
reconhecimento/consciencialização das tensões corporais;
- Potenciar estados de passividade e relaxamento neuromuscular
- A utente deve ser capaz de consciencializar e verbalizar as tensões sentidas (zonas do corpo com maiores ou
menores tensões), no final de cada sessão;
- A utente deve permitir-se obter estados de passividade com menores níveis de tensão, durante as técnicas de relaxação
realizadas na sessão. -Técnicas de relaxação e retorno à calma; - Mobilização ativa e passiva de diferentes segmentos corporais; - Atividades de controlo respiratório (ciclos de inspiração- expiração). 3. Praxias – Promover a praxia
- Potenciar a habilidade construtiva e de cópia;
- Potenciar/manter a capacidade gestual; - Manter a capacidade de escrita e
desenho;
- Promover a capacidade de representação simbólica
- A utente deve ser capaz escrever ou desenhar o que lhe é solicitado de forma
legível;
- A utente deve ser capaz de identificar (e.g. forma), realizar uma representação mental e conseguir reproduzir, desenhar ou escrever o que lhe for solicitado; - A utente deve ser capaz de reproduzir simbolicamente atividades que lhe sejam
solicitadas. - Atividades de contorno; - Jogos de mímica; -Atividades de reprodução gestual; - Jogo tangram.
Tabela 5 (continuação) - Plano de intervenção individual a R.F.
B – Cognição e Linguagem 1. Memória – Estimular a memória
Objetivos específicos Objetivos operacionais Atividades gerais
- Melhorar a capacidade de atenção, concentração e retenção de tarefas
simples e complexas; -Promover o raciocínio e o pensamento
abstrato;
- Melhorar a capacidade de evocação verbal.
-Promover a memória a curto prazo; - Potenciar a memória percetiva e verbal.
- A utente deve ser capaz de estar atenta à explicação da tarefa, reter a informação e realizar a tarefa de acordo com
as instruções dadas; - A utente deve reter por ordem
as atividades realizadas ao longo da sessão e posteriormente evocá-las; - A utente deve ser capaz de evocar a médio ou a curto prazo
conceitos, ideias ou tarefas de forma sequencial, com informações consolidadas ao
longo da sessão; - A utente deve ser capaz de
verbalizar ou representar sequencialmente tarefas que
realiza no seu dia-a-dia.
- Atividades cognitivas (e.g. criar uma história a partir das palavras
disponibilizadas); - Jogos de cartas, descobrir os
seus pares;
- Memorização e representação de atividades de vida diária realizadas até ao momento; - Descobrir objetos pela memória
tátil e visual, evocação e verbalização posterior dos
objetos;
- Memorização da sequência de movimentos
- Ordenar sequencialmente um conjunto de imagens respeitando
a ordem da tarefa representada; - Jogos de cálculo; - Jogos de associação. 2. Orientação - Promover a estruturação espácio-temporal
- Promover a capacidade de orientação da pessoa em relação ao objeto no
espaço;
-- Promover a capacidade de orientação para a realidade no tempo;
- A utente deve ser capaz de verbalizar a data atual sem ajudas ou orientação para a realidade, em
cada sessão; - A utente deve ser capaz de identificar a posição dos objetos no
contexto, tendo como a referência a pessoa, sem ajuda ou com ajuda
parcial.
- Atividade de orientação para a realidade e contextualização
espacial; -Atividades de orientação e posicionamento do corpo e dos
objetos em relação ao espaço; - Tarefas de representação
topográfica. 3. Linguagem – Promover a capacidade de comunicação
- Promover a capacidade de expressão não-verbal;
- Promover competências de expressão com o corpo;
- Promover a capacidade de representação de emoções ao nível da
expressão facial;
- Manter a capacidade de comunicação verbal.
- A utente deve ser capaz de se expressar através do corpo, gestos ou expressões faciais, emoções ou ações que forem solicitadas ou então de forma voluntária, ao longo da sessão;
- A utente deve ser capaz de verbalizar de forma articulada e adequada o que foi sentindo ao
longo da sessão. - Atividades de expressão e representação de emoções; - Associação de emoções ou sentimentos a imagens apresentadas, - Criar uma história e verbalizá-la
a partir das imagens apresentadas; - Conversar com a terapeuta sobre as vivências ao longo de
Tabela 5 (continuação) - Plano de intervenção individual a R.F. C – Socioemocional
Objetivos específicos Objetivos operacionais Atividades gerais 1. Identificação de interesses – Promover a identificação de interesses
- Promover a capacidade de identificação das atividades mais
significativas para si; - Potenciar a elaboração de uma lista
de atividades ocupacionais de interesse;
- Potenciar a motivação para a realização das tarefas.
- A utente deve ser capaz de nomear pelo menos 2 atividades que mais gosta de realizar no seu dia-a-dia; -A utente deve ser capaz de nomear as atividades que mais gostou durante
a sessão e as que menos gostou, refletindo o que poderia ser mudado para se tornar uma atividade do seu
interesse;
-A utente deve ser capaz de verbalizar uma atividade que gostaria de realizar
na sessão.
- Ordenar um conjunto de imagens por ordem de interesse e gosto; - Questionar o que mais gostava de
fazer nos tempos livres; - Ilustrar o momento ou o objeto que mais gostou de usufruir ao longo da
sessão;
- Questionar a sua preferência em relação alguns conceitos (e.g. cores; animas; prato favorito; estação do ano); - Ilustrar cada momento da sessão com cores (associando a cor que mais gosta
a atividade que mais gostou). 2. Isolamento social – Promover a interação social
- Promover competências nas relações interpessoais;
Contato com diferentes contextos sociais;
- Potenciar competências na relação com os pares;
- A utente deve ser capaz de interagir com os pares de forma espontânea,
sem ser necessário solicitação; - A utente deve ser capaz de manter uma conversa de forma espontânea,
ou responder sempre que for questionada.
- Conversas com os seus pares na sala de estar (com ou sem intervenção da
terapeuta);
- Conversar com a terapeuta durante a sessão;
- Cumprimentar as pessoas de um contexto para outro; - Atividade de apresentação (conhecer o
outro e dar-se a conhecer); 3. Bem-estar – Promover o bem-estar físico e psicológico
- Promover a autoestima e a capacidade de resiliência; - Promover a capacidade de obtenção
de um estado de passividade e de descontração neuromuscular;
- A utente deve ser capaz de verbalizar soluções para um determinado problema apresentado; - A utente deve conseguir escrever ou
verbalizar pelo menos duas qualidades que acha ter; - A utente deve ser capaz de realizar a
atividade refletindo a forma como poderá fazê-lo para obter o sucesso; - A utente deve aceder à passividade, consciencializando-se e verbalizando pelo menos duas partes do corpo
onde sentiu mais tensão.
- Tarefas de interesse com complexidade crescente; - Tarefas de autoconhecimento das suas
qualidades e dificuldades; - Tarefas de retorno à calma (e.g.
massagens tendo o objeto como mediador);
- Técnicas de respiração e consciencialização.
Estratégias
Pistas verbais Ajuda física
Demonstração da tarefa Instruções simples Assertividade na dinamização Eliminação de estímulos distráteis Organização do contexto de intervenção Reflexão critica (Feedback)
Repetição de tarefas Verbalização
Adaptações das atividades, contexto e materiais
Recursos
Contextos de intervenção diversificados (e.g. jardim e sala terapêutica) Materiais disponíveis na sala terapêutica (e.g. bolas, arcos, rolos)