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Plano e procedimento de recolha e análise de dados

Neste estudo pretendeu-se avaliar a realidade da utilização da plataforma Moodle pelos professores da Escola EB 2,3 S. João de Deus, determinando: (a) as dimensões que mais se relacionam com essa utilização; (b) os itens que melhor a explicam e (c) a existência de diferenças atribuíveis na utilização da plataforma.

Tal avaliação configura uma avaliação orientada para a ação, já que esta pode contribuir para o processo de tomada de decisão sobre programas educacionais (Crohnbach, 1963, citado por Jorge, 2001). A recolha e utilização da informação foi posteriormente desenvolvida por Beeby (1977, citado por Jorge, 2001, p.89), que definiu a avaliação como “a recolha e a interpretação sistemática de dados que permitem juízos de valor conducentes à ação”.

Esta definição, ao incluir o termo “sistemática”, implica que a avaliação tem de ser planificada, precisa e rigorosa, exigindo por isso o recurso a instrumentos de recolha de dados adequados ao objetivo da investigação.

A avaliação e a investigação têm muitos aspetos em comum, mas diferem em muitos outros, designadamente quanto às finalidades. A avaliação conducente à ação não tem por finalidade a produção de resultados com validade externa, como é o caso deste estudo. Contudo, na perspetiva de Patton (1997, citado por Jorge, 2001) a avaliação conducente à ação pode recorrer a instrumentos de investigação, aos métodos estatísticos e a outras formas de investigação sistemática, para recolher a informação que iluminará a ação.

A investigação posterior (Rossi & Freeman, citados por Jorge, p. 94) considera que não existe diferença entre os dois conceitos, já que os “investigadores em avaliação”, como

os designam, utilizam as metodologias de investigação das Ciências Sociais para avaliar, melhorar, conceber e implementar políticas e programas.

Os modelos de avaliação são assim vistos, numa perspetiva mais recente, como “projetos heurísticos suscetíveis de melhorar as práticas” (Jorge, 2001), contribuindo para a

tomada de decisão sobre a certificação, aplicação, continuação e desenvolvimento e de programas, assim como a introdução de modificações de programas já existentes (Anderson & Ball, 1978, citados por Jorge, 2001).

Tanto Scriven como Campbell (citados por Jorge, 2001) defendiam uma investigação científica rigorosa como forma de garantir intervenções sociais eficazes na resolução dos problemas sociais, refletindo assim o clima social dos anos sessenta do Século passado.

Estádios posteriores da teoria da avaliação viriam a viriam a introduzir o conceito de contingência e o papel central da mudança incremental, dando prioridade à descoberta, à recolha sequencial da informação, à monitorização descritiva, incluindo a análise descritiva

dos resultados e as relações causais dignas de investigação, apontando já para a generalização dos resultados, numa clara assunção da avaliação como método de investigação.

Esta evolução deve-se, na opinião de Jorge (2001), ao debate entre os paradigmas qualitativo e quantitativo, que terá contribuído para que a avaliação adotasse uma perspetiva indutiva, para descobrir quais são as questões e variáveis importantes, e uma perspetiva dedutiva e confirmatória, que Patton (1977, p. 282, citado por Jorge, 2001, p. 110) sintetiza, contrapondo à perspetiva objetivista tradicional, a perspetiva justa e conscienciosa (“fair and conscientious”) que tem em conta perspetivas, interesses e realidades múltiplas.

No que diz respeito à teoria dos valores, os critérios de mérito da avaliação, prendem- se, designadamente, com a indagação das opiniões e necessidades dos atores, como se procedeu neste estudo.

Daqui decorre que, consistindo o questionário em fazer perguntas a uma amostra representativa dos indivíduos de uma dada população, relacionadas com as opiniões, atitudes, expetativas, experiências (Quivy & Campenhoudt, 1998) e “uma interrogação particular acerca de uma situação englobando indivíduos, com o objetivo de generalizar” (Ghiglione &

Matalon, 2001, p.7 e 8), este instrumento pareceu adequado à investigação realizada, não tanto pela generalização, mas como meio de fazer descrições, encontrar relações entre variáveis, e fazer previsões, recorrendo ao tratamento estatístico dos dados recolhidos.

A técnica, que pode ser utilizada em diversas situações e planos de investigação, revelou-se apropriada às perguntas de investigação que a nortearam, por permitir a compilação de dados de natureza qualitativa e de natureza quantitativa e por estar associado à facilidade com que se interroga um elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto.

procedimentos, e da eventual falta de autenticidade das respostas, que depende, entre outras, da motivação, da honestidade, da capacidade de resposta dos inquiridos e de estar sujeito a uma elevada taxa de não retorno.

Outra questão importante prende-se com a ordem das questões, que poderá influenciar as respostas dos inquiridos (Jorge, 2001), devendo as questões de abertura ser simples, apelativas, interessantes, indicando o assunto a ser abordado e o género de resposta desejada, enquanto as questões mais sensíveis ou complexas devem surgir no final da sequência.

As perguntas devem ser claras, precisas e unívocas (princípio da clareza), não devem ser ambíguas, devendo corresponder ao intento da própria questão (princípio da coerência), não devem conduzir a uma determinada resposta desejada pelo investigador e aliviar os inquiridos do preconceito do próprio investigador e de juízos de valor (princípio da neutralidade).

Neste contexto, assumiu-se uma abordagem metodológica quantitativa ou, como referem Almeida e Freire (2008), quantitativo-correlacional, voltada para a compreensão dos fenómenos e assente no paradigma positivista, com ênfase na objetividade dos procedimentos e na quantificação das medidas.

Sendo também objetivo da investigação verificar a existência de relações entre as variáveis independentes e a utilização da Moodle, o presente estudo incluiu uma perspetiva correlacional. Frisamos que a investigação correlacional apenas permite estabelecer a relação entre duas variáveis, mas não estabelece uma relação de causa-efeito.

No âmbito da abordagem metodológica quantitativa, optou-se pelo estudo descritivo por ser aquele que, de acordo com Coutinho (2008), contempla todas as situações em que um investigador pretende conhecer um fenómeno ou encontrar relações entre variáveis, mas não pode manipular as presumíveis causas, quaisquer que sejam os métodos de recolha e análise

de dados. Foi objetivo da investigação recolher dados que permitissem descrever, da melhor forma possível, a perceção e as práticas de utilização da Moodle dos participantes.

Dentro dos estudos descritivos, optou-se pela modalidade de inquérito ou survey por ser aquela que, de acordo com Forza (2002, citado por Lisbôa et al., 2009, p.49), “tem por objectivo explicar ou prever a ocorrência de um fenómeno, testar uma teoria existente ou avançar no conhecimento de um determinado assunto”. Os dados da investigação foram

assim recolhidos inquirindo os sujeitos acerca do fenómeno que se pretendeu analisar, utilizando-se como instrumento de recolha de dados o questionário.

A ética na investigação é uma premissa fundamental e à qual este estudo esteve bastante atento, garantindo o respeito pelas pessoas, pelo conhecimento, pelos valores democráticos e pela qualidade da investigação em educação. Neste sentido, o consentimento informado é também um princípio ético da maior relevância, tendo a presente investigação, desde o seu início, garantido as necessárias autorizações de modo a que todos estivessem plenamente informados e esclarecidos de modo a poderem decidir em consciência da sua participação. Concretamente, a presente investigação obteve autorização do Conselho Pedagógico da Escola EB 2, 3 S. João de Deus para que a mesma pudesse decorrer na referida instituição escolar. Para além disso, os participantes foram também informados dos objetivos da investigação na realização deste estudo.

A investigação que se relata teve também a preocupação e o cuidado de garantir o anonimato dos participantes que preencheram o questionário utilizado na recolha de dados, bem como da confidencialidade dos mesmos.

Outra das preocupações sempre presentes ao longo do estudo esteve relacionada com a identificação das fontes que serviram de suporte teórico à investigação.

podendo cada um marcar presença ou não de acordo, única e exclusivamente, com a sua vontade, não existindo qualquer imposição ou constrangimento nessa matéria.

O presente estudo pretendeu conhecer as perceções e as práticas de utilização da

Moodle pelos professores, assim como verificar a existência de relação entre as variáveis

independentes e os domínios definidos.

No sentido de obter dados para responder a estas pretensões, construiu-se o questionário, recorrendo-se a uma aplicação Web – GoogleDocs – para a sua disponibilização e preenchimento. A escolha por esta aplicação Web justificou-se pelo facto de ser livre e de fácil utilização.

O questionário foi disponibilizado através do URL:

https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFNOUDhDd0gzWnhNYWFRLV VlQzFqRkE6MQ#gid=0 (ver Anexo B), sendo posteriormente solicitado o seu preenchimento através do envio do seu URL através de correio eletrónico e também através da plataforma Moodle. De modo a assegurar que todos os professores teriam possibilidade de efetuar o seu preenchimento, o mesmo foi também disponibilizado em suporte de papel aos professores que manifestaram desconforto no seu preenchimento em formato digital.

Após a aplicação do inquérito por questionário, os dados recolhidos e guardados no

GoogleDocs foram importados para uma folha de cálculo, sendo aí devidamente organizados

numa base de dados e, finalmente, inseridos no programa SPSS.

Nos procedimentos de organização e tratamento dos dados utilizou-se o Software IBM

SPSS Statistics (Statistical Package for the Social Sciences), versão 19, tendo sido a

ferramenta fundamental na análise de dados da investigação. A escolha recaiu nesta ferramenta por ser um software de referência da investigação nas Ciências da Educação, sendo-lhe reconhecida grande capacidade de realizar cálculos estatísticos complexos.

Os dados recolhidos foram tratados estatisticamente, tendo sido calculados indicadores da estatística descritiva bem como da análise correlacional, análise preditiva e das diferenças demográficas.

Seguidamente, é apresentada a caracterização dos participantes e os instrumentos utilizados na recolha de dados.