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3 CONTEXTO HISTÓRICO DO TRABALHO FEMININO E DA

3.2 Plano Estadual de Políticas para as Mulheres

Em visita a SEJUDH e conversa com a coordenadora da secretaria de políticas para mulheres, esta relatou da importância do plano estadual de políticas para as mulheres – PEPM, que é um instrumento legal que versa sobre as políticas públicas para as mulheres no Estado e seus municípios. Define as diretrizes das políticas para as mulheres, reafirma a importância de avançar na garantia de seus direitos e tem transversalidade, integralidade e intersetorialidade como princípio orientador dessa política. Tem também resultado expressivo da participação de mulheres nas cinco conferências ocorridas em 2004, 2007, 2008, 2012 e 2015, em que foi construído e sistematizado pela Coordenadoria de Integração de Políticas para Mulheres- CIPM da SEJUDH- Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, o qual seguiu as orientações da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Paraná – SPM/PR, com o apoio de conselheiras do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDM), em consonância com os princípios norteadores da Política Nacional e as diretrizes da Política Estadual, com ajustes

após a V Conferência Estadual, os quais refletem as necessidades das mulheres no Estado do Pará.

O plano está organizado em nove eixos norteadores, nos quais estão estabelecidas 35 prioridades e definidas 253 ações.

Em entrevista, a Sra. Maria Trindade, coordenadora da CIPM, fala sobre a atualização do PEPM:

A versão atualizada foi avaliada na ultima conferencia, que demandou 63 novas prioridades, num diálogo democrático feito por 264 conferencistas representantes dos governos estadual, municipais e sociedade civil que foram eleitas pelas 6.053 mulheres participantes das 65 conferencias municipais, contemplando a diversidade das mulheres paraenses. Nesse contexto, o PEPM vai ao encontro dos anseios das mulheres paraenses e traduz a realidade e os desafios na luta pelos direitos humanos das mulheres. (PEPM, 2006, p.27)

Dentre os nove eixos de políticas previstas no plano, damos destaques aos que dialogam diretamente com esta dissertação:

1. Autonomia econômica e igualdade no Mundo do Trabalho com inclusão social;

2. Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão;

3. Direito à terra, à moradia digna e infraestrutura social nos meios rural e urbano, considerando as comunidades tradicionais. (PEPM, 2006)

Esses princípios e diretrizes da política estadual norteiam todos os órgãos na elaboração, ampliação e implementação de políticas para as mulheres nos municípios do estado do Pará, segundo informações da coordenadora, para superar as desigualdades entre homens e mulheres é fundamental as políticas de gênero, garantindo a emancipação e autonomia social, econômica e políticas das mulheres.

Com relação aos princípios e diretrizes do PEPM destacamos abaixo alguns que estão mais voltados para melhorias das condições de vida das mulheres no meio rural:

Quadro 3 – Princípios e diretrizes

Princípios Diretrizes

Igualdade e respeito à diversidade Pautar ações e políticas visando a autonomia das mulheres do meio rural e urbano; cidadania e combate à pobreza avaliando os setores econômicos do Estado; o desenvolvimento do Pará e das mulheres, criando mecanismos de geração de renda, além de qualificação profissional, ampliando horizontes.

Universalidade das Políticas Fortalecer a gestão articulada entre as esferas de governo para implementação de políticas públicas para as mulheres com o fortalecimento da CIPM, e incentivo à criação de organismos de políticas para as mulheres nos municípios e,

principalmente, garantir a infraestrutura necessária para o pleno funcionamento do CEDM, a fim de desenvolver ações com objetivo de ampliar o número de conselhos nos municípios, consolidando, assim o exercício do controle social e contribuindo na construção de políticas para as mulheres no Estado.

Participação e controle social Devem ser garantidos o debate e a participação das mulheres na formulação, implementação, avaliação e controle social das políticas públicas.

Fonte: elaboração própria.

No que consiste as gestões públicas municipais é importante considerar a atuação destes no que se refere a proposta de desenvolvimento local, que se fundamenta em inclusão social, cooperação, criação e alargamento de esferas públicas em que diferentes atores sociais dialoguem a partir de seus interesses buscando construir em conjunto.

Segundo a Care Brasil o desenvolvimento local é o conjunto de ações em territórios que permitem a ativa participação do cidadão, o efetivo controle social sobre a gestão pública, através do fortalecimento da sociedade civil e o empoderamento de grupos sociais. Outra contribuição bem interessante sobre este tema, é a de Sérgio C. Buarque (1999) que nos diz que o desenvolvimento local deve ser endógeno, ou seja, partir de dentro da sociedade, com uma economia dinâmica e competitiva, em coerência com a conservação de recursos naturais e do meio ambiente.

A Organização Internacional do Trabalho- OIT (2017), diz que o desenvolvimento local promove a participação e o diálogo a nível local, estabelecendo a ligação entre as partes interessadas do setor público e do setor privado e os respectivos recursos com vista ao melhor

emprego e melhor qualidade de vida para todos os cidadãos do local. Desta forma, ao analisarmos as práticas da gestão pública local e em como esta vem gestando o município foi de relevante importância estas referências.

Em 2007 foi criada a PNDR- Política Nacional de Desenvolvimento Regional (colocar nas referências), cujo propósito é reduzir as desigualdades regionais e ativar os potenciais de desenvolvimento das regiões brasileiras, explorando a imensa e fantástica diversidade que se observa em nosso país de dimensões continentais, por meio da dinamização das regiões e a melhor distribuição das atividades produtivas do território. Isso significa dizer também que é necessário promover o desenvolvimento local, superando as desigualdades, oportunizando melhorias de condições de vida a todos e a principal forma de fazer isso é por meio do trabalho e da geração de renda. Em síntese a gestão pública local deve elaborar um planejamento de gestão que promova o desenvolvimento local nas perspectivas econômica, social e ambiental. Porém o que observamos na visita em Tailândia foi um modelo de administração pública centralizada direcionando os atos desta administração, com baixa participação da população local, ou nenhuma, nos processos decisórios e nos levantamentos diagnósticos, em conversa com o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais do município e com duas agricultoras que ocupam cargos neste sindicato e oito agricultoras do assentamento Pindorama, estes informaram da inexistência de diálogo e parcerias entre os agricultores e o governo local. Observa-se neste modelo de gestão as decisões serem tomadas distantes do cerne dos problemas e ineficiência na utilização dos recursos, sem privilegiar a inclusão social, as potencialidades econômicas e ambientais do local.

4 AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO FEMININO NA DENDEICULTURA: