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2.8 Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos

2.8.1 Plano Estadual de Recursos Hídricos e Planos Diretores de Recursos Hídricos

O primeiro instrumento de gestão é o Plano Estadual de Recursos Hídricos. Segundo D’Isep (2010), a origem histórica da palavra “plano”, notadamente na França, é arraigada de cunho econômico, pois sua maior incidência advém do período posterior à Segunda Guerra Mundial, marcado por uma economia extremamente fechada, ocasião em que foram lançados planos com o intuito de organizar a reconstrução e o desenvolvimento econômico, social e cultural. Assim, pode-se definir plano como “o instrumento que estrutura, organiza e direciona um conjunto de metas e meios, com o escopo de atingir um fim previamente determinado” (D’ISEP, 2010, p. 237).

Mais especificamente, o plano hídrico é “o meio pelo qual se consolidam as metas e as estratégias de gerenciamento de recursos hídricos, em que os demais instrumentos de gestão das águas serão delineados e posicionados” (D’ISEP, 2010, p. 238).

O Plano Estadual de Recursos Hídricos (IGAM, 2011) contém a divisão hidrográfica do Estado, caracterizando cada bacia hidrográfica utilizada para o gerenciamento descentralizado e compartilhado dos recursos hídricos. São 04 (quatro) as regiões hidrográficas nacionais inseridas em Minas Gerais e 17 (dezessete) bacias hidrográficas resultantes das subdivisões das regiões hidrográficas. As regiões hidrográficas são as do São Francisco; Paraná; Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias hidrográficas inseridas no Estado de Minas Gerais são as dos Rios Jequitinhonha; Pardo; São Mateus; Mucuri; Buranhém; Peruipe; Jucuruçu; Itanhém; Itaúnas; Paraíba do Sul; Doce; Itabapoana; Itapemirim; Paranaíba; Grande; Piracicaba e São Francisco.

O gerenciamento dos recursos hídricos é realizado por meio de recortes das bacias hidrográficas em 36 (trinta e seis) Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRHs, que foram estabelecidas pela Deliberação Normativa CERH-MG 06, de 04 de outubro de 2002.

A Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba – PN está subdividida em três unidades: nascentes do Rio Paranaíba até jusante da barragem de Itumbiara – PN1; Bacia Hidrográfica do Rio Araguari – PN2 e baixo curso do Rio Paranaíba (da barragem de Itumbiara até a foz) – PN3.

A Bacia Hidrográfica do Rio Grande – GD subdivide-se em oito unidades: nascentes do Rio Grande até a confluência com o Rio das Mortes (exclusive) – GD1; região das Bacias Hidrográficas dos Rios das Mortes e Jacaré – GD2; região do entorno do Reservatório de Furnas – GD3; Bacia Hidrográfica do Rio Verde – GD4; Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí – GD5; Bacias Hidrográficas dos Rios Pardo e Mogi-Guaçu – GD6; região do entorno do Reservatório de Mascarenhas de Morais (Peixoto) e Ribeirão Sapucaí – GD7 e baixo curso do Rio Grande a jusante do Reservatório de Mascarenhas de Morais (Peixoto) – GD8.

A Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – PS conta com duas unidades: região da Bacia Hidrográfica do Rio Paraibuna – PS1 e região das Bacias Hidrográficas dos Rios Pomba e Muriaé – PS2.

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce – DO subdivide-se em seis unidades: nascentes do Rio Piranga até confluência com o Rio Piracicaba (exclusive) – DO1; Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba – DO2; Bacia Hidrográfica do Rio Santo Antônio e margem esquerda do Rio Doce, entre as confluências dos Rios Piracicaba e Santo Antônio – DO3; região da Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí Grande – DO4; região do Rio Caratinga – DO5 e região do Rio Manhuaçu – DO6. A Bacia Hidrográfica do Rio Mucuri – MU apresenta uma unidade, a totalidade da Bacia no Estado de Minas Gerais – MU1. A Bacia Hidrográfica do Rio São Mateus – SM também conta com uma unidade, toda a Bacia em Minas Gerais – SM1. Da mesma sorte, a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo – PA possui uma unidade, toda a área da Bacia no Estado – PA1. Igualmente, a Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba e Jaguari – PJ conta com uma unidade, a totalidade da Bacia no Estado – PJ1.

A Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha – JQ apresenta três unidades: nascentes até montante da confluência com o Rio Salinas (exclusive) – JQ1; Bacia Hidrográfica do Rio

Araçuaí – JQ2 e Rio Jequitinhonha, de montante da confluência com o Rio Salinas até divisa do Estado (exceto a bacia do Araçuaí) – JQ3.

A Bacia do Hidrográfica Rio São Francisco – SF subdivide-se em dez unidades: nascentes até confluência com o Rio Pará (exclusive) – SF1; Bacia Hidrográfica do Rio Pará – SF2; Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba – SF3; região do entorno do Reservatório de Três Marias – SF4; Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas – SF5; região dos Rios Jequitaí, Pacuí e trecho do Rio São Francisco, de jusante da confluência com o Rio Abaeté até jusante da confluência com o Rio Urucuia (exceto os Rios Urucuia e Paracatu) – SF6; Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu – SF7; Bacia Hidrográfica do Rio Urucuia e afluentes da margem esquerda do Rio São Francisco entre os Rios Paracatu e Urucuia – SF8; Rio São Francisco, de jusante da confluência com o Rio Urucuia até montante da confluência com o Rio Carinhanha – SF9 e Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande – SF10.

A FIG. 2 ilustra essas divisões:

FIGURA 2 – Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRHs de Minas Gerais Fonte: IGAM, 2011.

Além da divisão hidrográfica do Estado, o Plano Estadual de Recursos Hídricos contém os objetivos a serem alcançados; as diretrizes e os critérios para o gerenciamento de recursos hídricos; os programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de valorização profissional e de comunicação social, no campo dos recursos hídricos.

Em Minas Gerais, o Plano Estadual de Recursos Hídricos foi concluído em 2010 e aprovado pelo CERH-MG por meio da Deliberação 260, de 26 de novembro de 2010. Em 22 de março de 2011, foi editado, pelo Governador do Estado, o Decreto Estadual 45.565, aprovando o Plano Estadual.

Além de um Plano para todo o Estado, cada bacia hidrográfica deve elaborar um Plano Diretor de Recursos Hídricos, que contém todo o planejamento de recursos hídricos da unidade. Esse Plano Diretor tem por finalidade fundamentar e orientar a implementação de programas e projetos na bacia hidrográfica, atentando para as peculiaridades da unidade territorial. Cada Plano Diretor deve conter, no mínimo: o diagnóstico da situação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica; a análise de opções de crescimento demográfico, produtivo e de ocupação do solo; o balanço entre disponibilidades e demandas atuais e futuras dos recursos hídricos; as metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis; as medidas a serem tomadas para o atendimento de metas previstas; as prioridades para outorga de direito de uso de recursos hídricos; as diretrizes e os critérios para cobrança pelo uso dos recursos hídricos e, por fim, a proposta para a criação de áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à proteção de recursos hídricos e de ecossistemas aquáticos (MINAS GERAIS, 1999).

O IGAM (2014d) divulgou qual é a situação das bacias hidrográficas, no que tange à elaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos, conforme QUADRO 4:

QUADRO 4

Situação das bacias hidrográficas, quanto à elaboração dos planos diretores de recursos hídricos

Conforme escreve Granziera (2006), a democracia na concepção do Plano Diretor de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica, pode ser traduzida na sua aprovação pelo comitê de bacia hidrográfica, do qual participam representantes de vários segmentos interessados nos recursos hídricos. Para a autora, o cumprimento do Plano é a garantia de efetividade de toda a política de recursos hídricos.

Os planos de recursos hídricos são instrumentos que interagem com os demais, notadamente com o enquadramento de corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; os sistemas de informações sobre recursos hídricos e a outorga de direito de uso de recursos hídricos, os quais serão explanados a seguir.