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Plano Nacional de Educação 2001-2010 e 2014-2024: Políticas para a Educação Superior

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Em 2001, é aprovado o Plano Nacional de educação (PNE), com vigência de dez anos, instituído pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. O objeto de disputas entre diferentes setores organizados da sociedade brasileira. A proposta do PNE, aprovada na contramão da mobilização da sociedade civil, é reveladora dos seguintes indicativos de políticas para educação superior: diversificação do sistema por meio de políticas de expansão da educação superior, não ampliação dos recursos vinculados ao governo federal para esse nível de ensino, aferição da qualidade de ensino mediante sistema de avaliação, ênfase no papel da educação a distância. A ausência de mecanismos concretos de financiamento, resultado, dentre outros, dos vetos presidenciais, contribuíram para a consolidação de novos formatos de privatização desse nível de ensino, respaldada pela interpretação entre as esferas pública e privada (DOURADO, 2011).

O foco foi relativo à construção de políticas e programas que objetivaram a melhoria da educação, embora não tenha vindo acompanhado de instrumentos que permitissem pôr em prática o que foi estabelecido em suas metas. (BRASIL, 2014). Nesse PNE foram dispostas 295 metas gerais para o conjunto da nação, era preciso que essas fossem desdobradas de acordo com cada especificidade local. Além disso, cada situação teve a designação de uma estratégia e foram elaborados planos para que estados e municípios pudessem atender às suas situações e demandas (UNESCO, 2001).

Dos duzentos e noventa e cinco objetivos e metas relacionadas ao conjunto de níveis do ensino, destaca-se nesse trabalho oito pertinentes ao ensino superior :

• Meta 1 .Prover, até o final da década, a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos;

• Meta3. Estabelecer uma política de expansão que diminua as desigualdades de oferta existentes entre as diferentes regiões do país;

• Meta 5. Assegurar efetiva autonomia didática, científica, administrativa e de gestão financeira para as universidades públicas;

• Meta7. Instituir programas de fomento para que as instituições de educação superior constituam sistemas próprios e sempre que possível nacionalmente articulados, de avaliação institucional e de cursos, capazes de possibilitar a elevação dos padrões de qualidade do ensino, de extensão e no caso das universidades, também de pesquisa;

• Meta 13. Diversificar a oferta de ensino, incentivando a criação de cursos noturnos com propostas inovadoras, de cursos sequenciais e de cursos modulares, com a certificação, permitindo maior flexibilidade na formação e ampliação da oferta;

• Meta 19. Criar políticas que facilitem às minorias, vítimas de discriminação, o acesso à educação superior, através de programas de compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, permitindo-lhes, dessa forma, competir em igualdade de condições nos processos de seleção e admissão a esse nível de ensino;

• Meta 25. Estabelecer um sistema de financiamento para o setor público, que considere na distribuição de recursos para cada instituição, além da pesquisa, o número de alunos atendidos, resguardada a qualidade dessa oferta;

• Meta 27. Oferecer apoio e incentivo governamental para as instituições comunitárias sem fins lucrativos, preferencialmente aquelas situadas em localidades não atendidas pelo Poder Público, levando em consideração a avaliação do custo e a qualidade do ensino oferecido (BRASIL, 2014).

Pesquisas realizadas por Tatiana Feitosa de Britto(2015), indicam que o PNE aprovado em 2001, o qual denomina PNE I, “[...] não gerou grande inflexão na educação brasileira, nem contribuiu para a definição de uma política de Estado orgânica para o setor”. Relata ainda que embora “[...] possa ter inspirado o desenho de alguns programas e delineado determinadas opções políticas, na prática, sua configuração restringiu-se ao plano formal.” (BRITTO, 2015, p. 21).

O que se tinha nesse período era um país com uma considerável desigualdade social, altos índices de analfabetismo e poucas pessoas frequentando universidades. As ações do primeiro PNE se centraram em possibilitar a democratização do acesso ao ensino superior, o que levou a aproximação da educação ao mercado de trabalho, produção de capital intelectual, incentivo para o desenvolvimento de universidades privadas, ensino a distância, entre outras metas que demonstram que a educação precisava se desenvolver a qualquer custo. Em 2010, estimulados pela mobilização da Conferência Nacional da Educação (CONAE), a sociedade brasileira discutia o Plano Nacional de Educação (PNE) 3 para o período de 2011 a 2020, o mesmo foi criado com o objetivo de acompanhar a realidade educacional do Brasil.

De acordo com análise feita por Baldino e Cavalcante (2015), o novo PNE, no que tange à Educação Superior, tanto no nível de graduação quanto de pós- graduação, prevê três metas, as de números 12, 13 e 14, com seguintes conteúdos:

• Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa liquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

• Meta 13: elevar a qualidade da educação superior pela amplificação de atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para, no mínimo, 75% do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total de 35% doutores.

• Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas no pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

A análise da meta 12 no PNE em vigência, permite compreender que a problemática da elevação da matrícula e a expansão do ensino superior são pontos que foram dispostos no PNE anterior e que aparecem repetidos nesse. O que se percebe de novidade, é o que se refere a qualidade do ensino, fator esse que no PNE anterior acabou sendo atrelado aos sistemas de avaliação interna e externa das universidades, dispostos na meta 6 do PNE (2001-2010). Ao que se refere à qualidade, torna-se importante destacar ainda que esse é ponto articulador com as outras duas metas para a educação superior, uma vez que o incentivo à qualificação dos profissionais pode ser considerado um importante e necessário fator para elevação da qualidade do ensino. (OLIVEIRA; DOURADO, 2016).

1.4 Educação Superior Brasileira Privada: Políticas e programas de acesso e permanência

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