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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2 MARCO TEÓRICO

2.3 SEGURANÇA PORTUÁRIA

2.3.2 Plano Nacional de Segurança Pública Portuária

O governo brasileiro procurando atender as demandas referentes à segurança marítima e portuária preconizadas pela Organização Marítima Internacional, criou através do Decreto Lei 1.570, de 30 de maio de 1995, posteriormente alterado pelo Decreto Lei 1.972, de 30 de julho de 1996, a Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (CONPORTOS), delegando competência para elaboração e implementação do sistema de prevenção e repressão a atos ilícitos nos portos, terminais e vias navegáveis do território brasileiro (BRASIL, 2002).

O Plano Nacional de Segurança Pública Portuária (PNSPP), publicado pela Ministério da Justiça através da CONPORTOS em 02 de dezembro de 2002, incorporou os pressupostos preconizados pela Organização Marítima Internacional, orientando esforços para o atendimento das exigências mínimas de segurança para as instalações portuárias brasileiras, quer fossem terminais públicos ou terminais privados (BRASIL, 2002).

O PNSPP, especificamente para o contexto das instalações portuárias, instituiu um conjunto medidas que modificaram o contexto da segurança nestes ambientes, destacando-se: a criação da figura do supervisor de segurança portuária; a exigência de elaboração de avaliações de riscos para instalações portuárias; a exigência de elaboração de planos de segurança de instalações portuárias; e a exigência de aplicação dos níveis de segurança definidos para cada instalação portuária (BRASIL, 2002).

Os esforços empreendidos pelo governo brasileiro a partir da publicação do PNSPP resultou na regulação do setor portuário através do aprimoramento de suas demandas principais, os seja, da estruturação pedagógica necessária para formação dos supervisores de segurança portuária; da publicação de normas, termos e roteiros que suportam os planejamentos exigidos_; da identificação e credenciamento de organizações capazes de elaborarem as avaliações de risco e os planos de segurança das instalações portuárias; com a certificação das instalações portuárias que implementaram seus planos de segurança em conformidade com o requerido; e com o credenciamento destas instalações junto à Organização Marítima Internacional.

Concluso a contextualização quanto ao Plano Nacional de Segurança Pública Portuária avança-se em direção a sua implantação no contexto da segurança portuária brasileira.

2.3.3 NBR 20.858:2011

Nesta subseção apresenta-se os pontos associados ao tema da presente pesquisa contidos na norma técnica NBR 20.858 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011).

Publicada como um instrumento que visa apoiar a execução de avaliações de segurança de instalações portuárias marítimas, a NBR 20.585 busca assegurar que o trabalho realizado por profissionais de segurança atinja os requisitos do ISPS Code.

Em conformidade com a NBR 20.858, o objetivo principal da realização de avaliações de segurança é o desenvolvimento do Plano de Segurança para Instalações Portuárias Marítimas.

Caracterizando-se por sua abordagem normativista (ENSSLIN et al., 2010), ou seja, partindo-se do pressuposto: que todos os profissionais envolvidos no contexto do desenvolvimento do plano de segurança reconhecem sua aplicação como necessária e relevante; que o foco de desenvolvimento concentra-se nas propriedades tangíveis avaliadas; que a metodologia utilizada na avaliação não é especificada na norma, utilizando-se, então, modelos teóricos pré-existentes; e que busca soluções ótimas para a definição da segurança do ambiente em análise; a NBR 20585 apresenta uma estruturação mínima necessária a ser observada por quem objetiva desenvolver planos de segurança para instalações portuárias marítimas.

Neste contexto, os procedimentos para a avaliação de segurança de instalações portuárias são orientados pelas seguintes macro atividades: identificação do escopo da avaliação de segurança; identificação da situação atual da segurança na instalação portuária; definição de cenários de ameaça e incidentes de segurança; classificação das consequências; classificação de probabilidades de cenários de segurança; classificação de incidentes de segurança; e contramedidas.

O ponto de partida para a avaliação de segurança de instalações portuárias é a definição de seu escopo de avaliação. Respeitando-se as características estruturais e operacionais de cada instalação portuária, esta atividade deve contemplar todas as áreas:

a. Onde as operações porto/navio são realizadas dentro da instalação portuária;

b. Onde a carga for armazenada ou manuseada antes ou após transporte marítimo, dentro da instalação portuária;

c. Onde a documentação da carga para transporte marítimo for manuseada, dentro da instalação portuária;

d. Ligadas à instalação portuária, forma de seu perímetro de segurança; e

e. Incluindo canais usados por navios para aproximarem das instalações portuárias (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011, p. 5).

A identificação da situação atual da segurança em instalações portuárias, consiste em um processo de auditoria dos seguintes critérios ou fatores, como definidos pela NBR 20585: documentos de segurança em uso na instalação portuária; comprovação quanto a organização e o desempenho dos deveres de segurança da instalação portuária; acessos à instalação portuária; áreas restritas dentro das instalações; manuseio de carga; encaminhamento de suprimento de navio, incluindo peças sobressalentes e de reposição; manuseio de bagagem desacompanhada; monitoramento da segurança da instalação; identificação de ativos e infraestruturas; consultas ou análise externa quanto ao ambiente em que está inserida a instalação portuária.

A partir da identificação da situação atual da segurança (auditoria de segurança) o profissional responsável pelo desenvolvimento da avaliação deve buscar construir cenários que contemplem eventuais ameaças e incidentes de segurança.

A NBR 20.585 apresenta como exemplo para a execução desta tarefa:

Quadro 5 - Exemplo de aplicação para cenários de ameaça à segurança.

Cenário de ameaça à segurança Exemplo de aplicação

Invadir e/ou tomar o controle de um alvo dentro da instalação portuária e danificar ou destruir o alvo com

explosivos.

O invasor instala explosivos.

Invadir e/ou tomar o controle de um alvo dentro da instalação portuária e

criar um incidente perigoso ou causador de contaminação, sem

destruir o alvo.

O invasor abre válvula ou respiradouros para liberar materiais

tóxicos ou introduzir material tóxico através deles, ou anula dispositivos de segurança, levando a

estragos e destruições. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011, p. 19).

A tarefa subsequente refere-se a classificação das consequências da concretização dos cenários de ameaça na instalação portuária.

A NBR 20.585 evidencia como critério de mensuração de potenciais perdas econômicas e de vidas, a aplicação de uma escola do tipo likert com classificação: alta, média e baixa, conforme o quadro 6. Quadro 5 - Classificação das consequências de concretização de cenários de ameaças.

Consequências Alinhamento conceitual

Alta Condição inaceitável, embora pouco provável.

Média Condição inaceitável, em situações de alta probabilidade. Baixa Condição normalmente aceita.

Fonte: Adaptado pelo Autor de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011).

Neste mesmo sentido, a classificação de probabilidade de cenários de segurança segue a mesma lógica de estruturação (Quadro 7).

Quadro 6 - Classificação de probabilidade de concretização de cenários de ameaças.

Consequências Alinhamento conceitual

Alta Utilizada quando as medidas de segurança em vigor oferecem baixa resistência à ocorrência do incidente de segurança em análise.

Média

Utilizada quando as medidas de segurança em vigor oferecem resistência moderada à ocorrência do incidente de segurança em análise.

Baixa

Utilizada quando as medidas de segurança em vigor oferecem substancial resistência à ocorrência do incidente de segurança em análise.

Fonte: Adaptado pelo Autor de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011).

A penúltima tarefa a ser executada constitui-se na classificação dos incidentes de segurança. Para este fim, utiliza-se as informações decorrentes da classificação das consequências e da classificação das probabilidades de concretização de cenários de ameaças para criar uma matriz que orientará a adoção ou não de contramedidas de segurança (Quadro 8).

Quadro 7 - Classificação de probabilidade de concretização de cenários de ameaças.

Consequências

ALTA MÉDIA BAIXA

Probabilidade

ALTA Contramedidas Contramedidas ---

MÉDIA Contramedidas --- ---

BAIXA --- --- ---

Fonte: Adaptado pelo Autor de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2011).

Por fim, busca-se adotar contramedidas capazes de reduzir a probabilidade e/ou as consequências decorrentes da concretização de cenários de ameaças.

O método proposto pela Associação Brasileira de Normas Técnicas para o desenvolvimento de avaliações de segurança de instalações portuárias evidencia a atenção necessária para com a construção de conhecimento quanto aos riscos, referenciados no escopo da norma como cenários de ameaças, que possam impactar negativamente ambientes portuários.

3 MÉTODO

Neste capítulo será explicitado o método utilizado para a consecução dos objetivos propostos, estando subdividido em três seções: o enquadramento metodológico; a seleção e análise do portfólio bibliográfico; o instrumento de intervenção adotado; e o modelo proposto para a análise de riscos à segurança de instalações portuárias.

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