2. A EXPERIENCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM TURMAS DO EJA
2.1 PLANOS DE AULA COMENTADOS
2.1 PLANOS DE AULA COMENTADOS
À medida em que os Planos de Aula foram sendo aplicados, foi possível
abstrair observações que enriquecem o aprendizado do professor, pois, de
acordo com Paulo Freire (1996) ensinar também é aprender com nossos
alunos, ou seja, aprender e ensinar são ações concomitantes na relação entre
docente e discente.
Ao aprender com o aluno, o professor se aventura por caminhos que não
constam dos livros teóricos, “são questões ligadas mais ao sensorial, ao
emocional e ao afetivo, onde há a descoberta e redescoberta das duas partes
da diferenciação crucial entre o escutar e o ouvir, entre o olhar e o enxergar”
(Portal do Aprendiz, 2009).
Neste sentido, entendo que, para o professor, o estudo é uma constante,
pois, “estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é
perceber suas relações com outros objetos. Implica que o estudioso, sujeito do
estudo, se arrisque, se aventure, sem o que não cria nem recria” (FREIRE,
2001, p. 264 ).
A consciência dessa relação constante de aprendizado e ensinamentos
é de suma importância no decorrer do Estágio Supervisionado em Teatro,
ocasião em que o docente não pode esquecer de que é um professor-artista e
portanto, deve estabelecer uma relação de reciprocidade com o aluno no
decorrer das aulas. No teatro trabalhamos com as questões humanas, com o
sensorial, o emocional e o afetivo, cujo objetivo é a transformação do cidadão
por meio da linguagem teatral, desta forma, entendo que à medida em que o
aluno se transforma o professor também passa por uma transformação.
Os Plano de Disciplina buscou atender à necessidade interdisciplinar
com os conteúdos de Literatura, Português e Arte. A estratégia utilizada foi o
desenvolvimento dos conteúdos por meio da adaptação de textos da literatura
amazonense para a escritura dramática.
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AULA 1 Duração: 1hObjetivo: Trabalhar a expressão corporal e o entrosamento do grupo.
Conteúdo: Jogos de Improvisações com verdades na apresentação.
Recursos: caixa de som.
Metodologia: Por meio de jogos dramáticos e teatrais e/ou de exercícios em
situações humanas; de temas livres do cotidiano direcionado a interpretação.
corpo-voz-mente; da montagem de esquetes curtas com apresentações e
reflexões.
05min – organização da sala
10min: Aquecimento – jogo: Eu, o outro, o espaço e o som
40min: Apresentação do conteúdo e objetivo da aula
Colocar os alunos em círculo,
Passar as instruções do jogo, Teatro e o jogo improvisacional (onde,
Quem e o que? O tempo do grupo, anterior ao jogo deve ser no mínimo
10 minutos, apenas para dar ordem ao jogo, podendo até ser permitido
que os jogadores combinem alguns elementos da proposta, como o
“onde vai se passar ação ou “quem” serão os envolvidos, quando isso é
solicitado pelo coordenador mas nunca para planejar a cena antes de
começar o jogo..
Apresentar regras
10min: conversa em círculo para discussão e avaliação do exercício.
A Avaliação: A avaliação contínua por tópicos a serem considerados na
participação do aluno como interação e frequência.
Considerações acerca da aula ministrada:
Solicitei aos alunos que formassem um circulo para explicar a oficina
(teatro imagem). Após propor que se dividissem em pequenos grupos e
espalhassem pela sala para preparar a atividade da imagem corporal, fui
conduzindo o grupo que se deslocou ao meio da sala para mostrar a atividade
com seus movimentos corporais, faciais e gestuais no espaço.
Para representarem a imagem corporal social do cotidiano sem o uso da
palavra. Em seguida, o grupo congelou a imagem para os outros analisarem o
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tema escolhido pelos alunos. Solicitei que fizessem comentários sobre o tema
escolhido, após, revesei o grupo até chegar ao último grupo, mas sempre com
alunos apresentando e outros assistindo; quando terminou pedi aos alunos que
escolhessem outro aluno para desenvolver outra atividade.
Foi necessário que a dupla escolhesse um tema social e escolhesse que
seria o escultor e quem vai ser a massa corporal a ser esculpida congelada, a
cada movimento do corpo da massa deve-se congelar. Em seguida cada dupla
representou seu tema por meio da estátua esculpida congelada aos outros
grupos para comentarem sobre a composição da imagem pela dupla,
observando - se comunica uma ideia de opressão, pensamento ou uma opinião
social. Por exemplo: A imagem corporal de um desempregado, de um protesto,
de um politico, etc.
Por fim, essas imagens corporais elaboradas pelas duplas poderiam sair
nos arredores da escola, montar suas esculturas corporais. Se quisessem,
poderiam debater com outros alunos da escola sobre as composições dos
temas sociais e o processo teatro imagem.
Observei a espontaneidade, é um elemento vital na criação dramática,
porque atua diretamente com o empenho dos alunos participantes do jogo,
vivenciei em sala de aula como lidar com um aspecto primordial do ser
humano, pois comecei o trabalho alterando a disposição das carteiras durante
os encontros realizados posicionando – as em semicírculo, pois as formas
circulares criam uma percepção geral de todos como membros do mesmo
grupo.
Discorri sobre o teatro, dizendo, entre outras coisas, que ele lida com
nossa necessidade de expressão comunicação e transmissão de
conhecimento, sendo capaz de discutir, através das improvisações cênicas,
comportamentos, preconceitos, pontos de vista e alienação; o teatro como
sendo um espaço da ação, contribuindo para nos torna um ser humano mais
sociável e melhores na sociedade.
Os alunos participaram nas aulas, ninguém interferiu alguns alunos
relataram que o trabalho foi bem bacana, muito divertido e que aprenderam
que podem mudar o futuro; outros não gostaram muito; foram assuntos
cotidianos que nos acrescentaram conhecimento; uns disseram foi interessante
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pois se abriram portas uma interação em grupo; foi construtivo, dinâmico fez
com que a turma unisse mais.
Atingi o objetivo proposto como o teatro pode contribuir para a motivação
no ensino de Jovens e Adultos com o potencial da Literatura amazonense
aplicado no Eja este ensino foi direcionado a pesquisa buscando integrar os
alunos no teatro educação com olhares diferentes e experiências em grupo e
apontando as teorias e práticas nos caminhos percorridos.
Esta aula foi essencialmente a introdução à linguagem teatral, em que
apenas fiz alusões das outras áreas do conhecimento que se unem aos fazeres
teatrais.
AULA 2 Duração: 1h
Objetivo: Preparar o corpo para atividade/ Foco e concentração e
apresentação.
Conteúdo: O Teatro origem e significado da palavra movimento corporal e
facial.
Recursos: Livro, Multimídias, lap top, data show e caixa de som.
Metodologia: A importância do teatro no cotidiano com a lógica da ação,
teoria e
Prática.
1 10:00 min- Divisão dos alunos em grupos.
15:00 min- Laboratório com quem eu sou, onde estou e o que estou fazendo.
15:00 min improvisação na ação mental gestual e oral.
Dividi o grupo em dois times Time 1 permanece em pé em linha reta
olhando para a plateia que permanece sentada(time 2). O time 1 deve
permanecer em pé sem fazer nada. O objetivo é manter os jogadores
em pé, desfocados (sem objetivo).Insista nessa parte do jogo até que
todos os jogadores que estão em pé, estejam visivelmente
desconfortáveis alguns indivíduos irão rir e ficar mudando de posição
de um pé para o outro; outros irão simplesmente congelar ou tentar
aparentar a diferença.
10:00min- Através de pesquisas será retirada as cenas com o ideal da
expressão.
Avaliação: Contínua por tópicos a serem considerados na participação dos
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Considerações acerca da aula ministrada:
Após o jogo de aquecimento, introduzi um pouco da história do teatro e
partimos para os exercícios que introduziram as improvisações do: quem eu
sou, onde estou e o que estou fazendo. Estas improvisações tiveram como
objetivo captar a espontaneidade dos alunos para o uso de construção de
cenas.
Nestes exercícios percebi que há uma dicotomia no processo de aprendizagem
dos alunos: ora se apresentavam em situações relacionadas à pedagogia nova,
trazendo uma liberdade de pensamento e ações dos alunos e, ora, ainda
arraigados à pedagogia tradicional, que tem o professor como centro, um
ensino mecanizado fixado na repetição e na mecanização.
Aos poucos, fomos desconstruindo o modelo tradicional para que a
liberdade de criação florescesse, assim como, a perspectiva de trabalho em
grupo. Os alunos do noturno preferem desenvolver trabalhos individuais, pois
não possuem tempo para pesquisas fora da sala de aula, assim, busquei
discutir o cotidiano de cada um no seu trabalho para que a colaboração entre
os colegas de trabalho também se estendesse à sala de aula.
A lição de casa foi que os alunos pegassem alguns livros da literatura
amazônica na biblioteca e lessem em casa.
AULA 3 Duração: 1h
Objetivo: - Construir universos, ideias e sugestões para a construção de
personagem na cena.
Conteúdo: Jogo dramático/ descobrir a importância da transformação/ teatro
instantâneo..
Duração: ( 50 minutos)
Recursos: Multimídias (laptop, data show)
Metodologia: Aula dialógica com exercícios teatrais com conflitos e soluções.
05:00 min Divisão dos alunos em grupos
15:00 min Reflexão
10:00 min Escolha dos personagens para as cenas.
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Modifique a velocidade da fala para combinar com a instrução: por
exemplo dar a instrução para que a bola se movimente em câmera lenta, fale
em câmera lenta a bola está se movendo muito! muito! Lentamente! Pegue a
bola em câmera muito lenta, fale em câmera lenta. A bola está se movendo
muito, muito lentamente! Pegue a bola em câmera muito lenta! Agora a bola
se move normalmente! Use o corpo todo para jogar a bola! Mantenha o seu
olho na bola o seu olho na bola! Agora muito rápido! Jogue a bola o mais
rápido que você puder! Normal de novo. Agora novamente em câmera muito
lenta! Dê o tempo para que a bola percorra o espaço! Veja o caminho que a
bola percorre no espaço! Ritmo normal de novo! As palavras serão usadas
pelo instrutor durante o jogo
10:00 min Improvisação e técnicas dramáticas.
Avaliação: Avaliação contínua acerca dos tópicos estudados considerando a
participação desempenho e interação em coletivo.
Considerações acerca da aula ministrada:
À partir da terceira aula, comecei a inserir exercícios que trabalham as
questões de conflitos e ações desencadeadas. Os jogos utilizados para o
aquecimento foi fundamental para estabelecer a velocidade do pensamento
junto aos alunos. Questões que vão da dificuldade motora dos mais velhos ao
engessamento do pensamento dos mais novos foram evidentes. Por isso,
repetimos algumas vezes o jogo de aquecimento, então, partimos para a
criação de conflitos e exploramos as possibilidade de desenlace deles.
Para o desenvolvimento das atividades de improvisação os alunos
deveriam fazer uma correlação com os textos lidos em casa da literatura
amazonense.
Alguns alunos não cumpriram a tarefa de casa, mas ainda assim, vários
personagens, conflitos e ações foram surgindo à partir da literatura estudada.
Notei nos alunos a falta de percepção corporal e o engessamento da
mente, mas também uma vontade enorme por parte dos alunos de realizarem
os exercícios.
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AULA 4 Duração: 1hO Objetivo: Realizar atividades por meio de exercícios de personificação da
personagem.
Conteúdo: Dinâmica do espectador
Duração: (50 minutos)
Recursos: Aula Dialógica e interativa.
05:00 min Divisão dos alunos para apresentação das cenas.
10:00 min Concentração mútua.
10:00 min Interatividade em círculos de atenção em grupo.
15:00 min Discussão das ideias e planejamento em equipes.
Faça uma lista de atividades simples de executar, como subir na
cadeira, deitar-se no chão, bater com o livro no chão etc. Após fazer uma lista,
você, ou seu parceiro, deve posicionar - se no centro da área de trabalho. Em
seguida, o observador escolhe três atividades para que o ator represente
como tarefa inicial, central e final.
Tente encontrar uma forma lógica de realizar as três tarefas. Você
pode encadear todos os três segmentos do exercício em uma única sequência
motivada, mas, ainda assim, estará realizando três atividades distintas. Por
exemplo, suponha que você receba as três atividades citadas acima, na
mesma ordem. Você pode sentir - se atraído pelo objeto (livro) logo no início.
Tente ler o livro. Perceba que está muito escuro e acenda a luz. A luz acende!
Deite - se no chão, embaixo da lâmpada. Perceba que ainda não está claro o
suficiente e que você está forçando a vista. Fique nervoso e bata com o livro
no chão.
Todo objetivo do exercício passa por cinco etapas bem definidas,
que podem ser seu super – objetivo, seu objetivo comum, uma unidade ou um
objetivo antigo. As cinco etapas são: Enfoque; (determinação);reúne tudo o
que precisa fazer (Ataque) ; e relaxa para ver o efeito de suas ações
(Liberação), com a descrição dessas cinco etapas, acabamos de resumir a
chamada ação gestáltica.
Podemos dizer que o enfoque complementa a Etapa da Atenção,
na qual o locutor atrai o público com seu material; a determinação
complementa a etapa de necessidade, na qual o locutor explica porque as
pessoas com que fala devem participar da ação; a preparação complementa a
etapa dos critérios na qual o locutor define possíveis soluções para o
problema; o ataque complementa a etapa da solução, onde o locutor
demonstra ao público que certa resposta conhecida por ele é adequada às
exigências de todos os critérios e resolverá o problema com o mínimo
de repercussão; e a liberação complementa o impulso á atividade, no qual o
locutor instiga o público o máximo que pode e observa - o a fim de comprovar
a eficácia de suas incitações. Este sistema pode ser uma ferramenta útil para
o entendimento de uma cena complexa ou de uma atividade mais
problemática. Se alguém tentar aplicar este sistema cientificamente, pode
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acabar contudo, se você utilizar o sistema com discrição, a etapa do enfoque
pode ajudá – lo a encontrar descobertas no decorrer do texto.
10:00 min Exercício a partir do planejar, agir e refletir
Avaliação: Contínua dos tópicos estudados considerando a participação e
frequência.
Considerações acerca da aula ministrada:
Nesta aula o aquecimento se deu por meio da reflexão acerca da Arte na
escola, discutindo suas finalidades e na seriedade da área de conhecimento, o
que levou aos alunos a concluírem que a disciplina não pode ser de “qualquer
jeito”, com profissionais desqualificados e despreparados, que têm como
bagagem uma mera impressão da relevância da arte-educação na vida social e
cultural de seus alunos.
A mecanização do “faz o que eu mando” atrofia a criatividade em
desenvolvimento enquanto sujeito social, pois. A formação como sujeito em
processo de humanização vai se estruturando a partir do exercício das
experiências teatrais assimiladas, com a interação em sala a importância de
trabalhar a afetividade das criações em processo de crescimento e
entendimento de si e do mundo.
Após a discussão, a produtividade da aula foi muito mais acentuada, os
alunos se colocaram dispostos a interagir com os colegas, buscaram a
“verdade” nas suas experimentações. Formamos grupos que passaram a
misturar os personagens, os conflitos, os locais e os períodos em que a leitura
dos livros de autores amazonense e passavam. Assim, cada grupo construiu
uma pequena história baseada literatura local.
AULA 5 Duração: 1h
Objetivo: Discutir texto-base para improvisação.
Conteúdo: Dramaturgia e Literatura
Duração: (50 minutos)
Recursos: Peças de teatro, romances amazônicos
Metodologia: Aula prática
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40:00 min Elaboração das apresentações dos grupos.
Um ator vai ao palco e conta, em mímica, uma pequena história.
Um segundo ator observa enquanto que os outros dois não vêm: só o terceiro.
Vai o terceiro e o quarto observa, mas não o quinto. Vai o quarto e o quinto
observa. Finalmente vai o quinto ator e reproduza o que viu fazer ao quarto.
Compara - se depois o que fez o primeiro: em geral, o quinto já não
tem nada mais a ver com o primeiro. Depois, pede - se a cada um que diga em
voz alta o que foi que pretendeu mostrar com a sua mímica. Este exercício é
divertidíssimo variante: cada ator que observa tenta corrigir aquilo que viu. Por
exemplo: imagina que o ator anterior estava tentando mostrar tal coisa, porém
que o fazia mal – dispõe - se então a fazer a mesma coisa, porém bem -
eliminando magnificando os mais importantes.
50:00 min Discursão e Observação.
Avaliação: Contínua acerca dos tópicos estudados, participação coordenação
motora e interação.
Considerações acerca da aula ministrada:
A aula iniciou com a leitura do roteiro de cada grupo e a avaliação da
potencia da escrita de cada história. O segundo passo foi a improvisação tendo
como texto-base o roteiro que criam. Importante ressaltar que neste momento
não há a preocupação da correção da escrita dos alunos, uma vez que entendo
que a leitura pode auxiliar na transposição das dificuldades ortográficas e
gramaticais, bem como, entendo que a correção bloqueia a criação.
Inseri os alunos na perspectiva de criação, estima-se que assim, os
mesmos tenham uma primeira impressão positiva e reflitam sobre suas
capacidades de acrescentar uma apresentação teatral ou uma montagem
encenada posteriormente. A iniciativa da gestualidade e habilidades especificas
nos estudantes por meio de movimentos para uma encenação apropriada
coloca-las em prática, esse exercício trabalha a perspectiva da integração nas
artes, que abrange as diferentes linguagens artísticas e áreas que competem á
concepção de movimentos sem limitar-se tendo as vertentes a mesma
importância presenciei como resultado, na perspectiva do ambiente escolar e
de fantasia com imagens e vídeos estudados dentro do processo construtivo.
AULA 6 Duração: 1h