• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO 25 1.1 BREVE PANORAMA DAS RECENTES REFORMAS NAS

3 A CONCEPÇÃO DE PERMANÊNCIA NA LEGISLAÇÃO E NO PLANEJAMENTO DO ESTADO BRASILEIRO

3.1 DESCRIÇÃO DOS DOCUMENTOS QUE TRATAM DA

3.1.2 Planos Nacionais de Educação (PNE)

O Plano Nacional de Educação (PNE) cria diretrizes para as políticas públicas de educação para um período de 10 anos. Nesta seção, analisaremos dois deles, o primeiro com vigência de 2001 até 2010 e o outro com vigência entre 2011 e 2020.

No primeiro plano estudado, com vigência entre 2001 e 201036, demonstra-se apreensão em relação à quantidade de vagas existentes no ensino superior e a consequente necessidade de ampliá-las, já que existem projeções de grande aumento de demanda.

[...] como resultado conjugado de fatores demográficos, aumento das exigências do

mercado de trabalho, além das políticas de melhoria do ensino médio, prevê-se uma explosão na demanda por educação superior. A matrícula no ensino médio deverá crescer nas redes estaduais, sendo provável que o crescimento seja oriundo de alunos das camadas mais pobres da população. Isto é, haverá uma demanda crescente de alunos carentes por educação superior. Em 1998, 55% dos estudantes deste nível frequentavam cursos noturnos; na rede estadual esta porcentagem sobe para 62%. (BRASIL, 2001, p. 28)

O PNE 2001-2010 acentua a importância da participação das instituições privadas no aumento de vagas, destacando o papel dos Centros Universitários37 para a inclusão da demanda no ensino superior. Indica também que uma das estratégias seria expandir o “pós- secundário”, que são as áreas técnicas e profissionalizantes. (BRASIL, 2001, p.32)

Sobre a expansão das universidades públicas, este PNE define que:

[h]á necessidade da expansão das universidades públicas para atender à demanda crescente dos alunos, sobretudo os carentes, bem como ao desenvolvimento da pesquisa necessária ao País, que depende dessas instituições, uma vez que realizam mais de 90% da pesquisa e da pós- graduação nacionais - em sintonia com o papel constitucional a elas reservado. (BRASIL, 2001, p. 33, grifo nosso)

O documento enfatiza a importância do ensino superior público para o atendimento da grande demanda de estudantes carentes38. Mais à frente assinala que, para chegar a este objetivo, o setor público deve ter “[...] uma expansão de vagas tal que, no mínimo, mantenha uma proporção nunca inferior a 40% do total” (BRASIL, 2001, p. 33).

Também fala sobre o incentivo à expansão do ensino noturno, conforme observamos no trecho abaixo.

37 Instituições que não possuem pesquisa. (BRASIL, 2006) 38 Termo utilizado no documento tratado (BRASIL, 2001)

Ressalte-se a importância da expansão de vagas no período noturno, considerando que as universidades, sobretudo as federais possuem espaço para este fim, destacando a necessidade de se garantir o acesso a laboratórios, bibliotecas e outros recursos que assegurem ao aluno- trabalhador o ensino de qualidade a que têm direito nas mesmas condições de que dispõem os estudantes do período diurno. (BRASIL, 2001, p. 33)

O Plano Nacional de Educação 2001-2010 expõe ainda objetivos e metas para o período, dentre elas: prover, até o final da década, a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% das pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos; estabelecer uma política de expansão que diminua as desigualdades de oferta existentes entre as diferentes regiões do país; criar políticas que facilitem às minorias, vítimas de discriminação, o acesso à educação superior, através de programas de compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, permitindo-lhes, desta forma, competir em igualdade de condições nos processos de seleção e admissão a esse nível de ensino; estimular a adoção, pelas instituições públicas, de programas de assistência estudantil, tais como bolsa-trabalho ou outros, destinados a apoiar os estudantes carentes que demonstrem bom desempenho acadêmico (BRASIL, 2001, p. 33).

No atual Plano Nacional de Educação, com vigência de 2011 até 2020, a principal meta para a educação superior segue com um mesmo objetivo: elevar a taxa bruta de para 50%, e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público (BRASIL, 2011c, p. 45).

Para alcançar este objetivo de ampliar o acesso, o PNE vigente desenvolve algumas metas, tais como: otimizar a capacidade instalada da estrutura física e de recursos humanos das instituições públicas de educação superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma a ampliar e interiorizar o acesso à graduação; estimular a expansão e reestruturação das instituições de educação superior estaduais e municipais cujo ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e as

necessidades dos sistemas de ensino dos entes mantenedores na oferta e qualidade da educação básica.

Em relação à evasão e permanência dos estudantes, o PNE tem como meta:

[e]levar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais nas universidades públicas para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes por professor(a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que valorizem a aquisição de competências de nível superior. (BRASIL, 2010, p. 35)

Para atingir 90% de conclusão média dos cursos de graduação, o plano estipula alguns objetivos: ampliar as políticas de inclusão e de assistência estudantil dirigidas aos estudantes de instituições públicas, bolsistas de instituições privadas de educação superior e beneficiários do FIES, de modo a reduzir as desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de permanência na educação superior de estudantes egressos da escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico; ampliar a participação proporcional de grupos historicamente desfavorecidos na educação superior, inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei; expandir atendimento específico a populações do campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais para atuação nessas populações (BRASIL, 2010, p. 48).