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Plantão de dúvidas para finalização dos materiais Fonte: Elaborado pelo autor.

DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS Fase preparatória

10 Plantão de dúvidas para finalização dos materiais Fonte: Elaborado pelo autor.

No encontro seguinte, para o qual programou-se o estudo sobre solo, a ausência de participantes presentes no primeiro encontro e, ainda, a chegada de novos participantes na equipe de trabalho, fizeram com que a maior parte da reunião fosse utilizada para apresentar o projeto e ouvir os anseios, assim como foi a primeira reunião. Na ausência de novas manifestações, manteve-se o planejamento inicial e os alunos elaboraram uma lista de atividades necessárias para implementação da horta (FIGURA 8).

Figura 8 – Anotações dos estudantes sobre os procedimentos para implementação da horta.

Fonte: Autor

Devido ao fato de que parte do tempo da reunião havia sido destinada para a apresentação aos novos participantes e à ausência do estudante K, proponente do estudo sobre solo, optou-se por iniciar os estudos no encontro seguinte.

No estudo de solo o pesquisador preparou uma apresentação em Power Point® em que foram tratados conceitos de “minerais e rochas” e “formação do solo”, ausentes no Currículo. No entanto, quando os estudantes foram consultados sobre o conhecimento que traziam sobre o conteúdo, o diálogo não se estabeleceu. Aparentemente, isso se deu devido a incompreensão deste conteúdo por parte dos estudantes, pois durante a aula as tentativas de relacionar o conteúdo com outros presentes no currículo não obtiveram sucesso. Mas, não se pode descartar hipóteses como timidez e insegurança devido ao fato de ser uma equipe muito recente em constituição. Com o objetivo de auxiliar, foi enviada para os alunos uma sugestão de leitura complementar18.

O quarto encontro teve início com uma tentativa de retomada dos conceitos a partir da discussão da leitura recomendada. No entanto, nenhum dos estudantes leu e a retomada evidenciou a incompreensão sobre o conteúdo. Diante do fato, houve a primeira mudança de estratégia, que intentou um estímulo para o engajamento dos

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estudantes. O pesquisador propôs uma “oficina”. Nela, os alunos deveriam planejar o desenvolvimento de recurso(s) educacional(ais) sobre o conteúdo “solo” e uma atividade para o uso desse(s) junto à 5as series/6os anos. A atividade não foi realizada conforme esperado, pois os estudantes não conseguiram eleger sozinhos tópicos relacionados a “Solo” (apesar da aula, da leitura proposta e da revisão prévia). Então, o pesquisador teve que intervir novamente, propondo tópicos como “intemperismo e erosão”, “ciclo das rochas”, “horizontes do solo”, “constituintes do solo”, “tipos de solo” para que eles elegessem um para estudo. Assim, visando auxiliá-los, conforme previsto pela estratégia, os alunos receberam outras leituras complementares19.

Nesse momento do projeto, o Estudante K sofreu um acidente e após duas semanas veio a falecer. Não consigo medir o impacto ou influência deste fato na disposição dos alunos, na constituição da equipe e no clima escolar. O estudante mostrava atitudes diferenciadas de interesse e liderança, tendo sido ele, inclusive, quem sugeriu que as atividades começassem com o estudo do solo e construção de uma horta.

Nesse período foram realizados quatro encontros (05, 07, 08 e 10) que tiveram que ser reagendados para esclarecimento de dúvidas e auxílio no preparo dos materiais. Além disso, foi acertado junto à coordenação da Escola que eles realizariam um encontro extra entre os grupos, sem a presença do pesquisador, no qual trabalhariam no preparo do material. No entanto, nenhum aluno esteve presente na oportunidade.

Nesses cinco encontros, o número de alunos presentes foi abaixo da média, e os que compareciam não traziam dúvidas ou iniciativas para que o pesquisador os auxiliasse, e nenhum dos alunos leu os textos complementares no período de 45 dias. Embora já nos tivesse sido manifesto que o perfil do alunado da EEJPF era de baixo rendimento, interesse e motivação, esperava-se que a realização de atividades diversificadas obtivesse respostas diferentes junto a eles. Os participantes não manifestaram protagonismo. Embora o diálogo fosse aberto e eles tenham sido convidados à estabelecerem o formato dos estudos e os conteúdos, os estudantes mostraram-se passivos no estudo e na aprendizagem e procrastinaram/não realizaram as atividades propostas, inclusive deixando de comparecer nos encontros.

Diante desta percepção, buscou-se promover estímulos diferenciados para os alunos: a organização de uma sala exclusiva para o projeto (encontro 6) e uma atividade

19 “Os solos ao nosso redor” (WEIL; BRADY, 2013a); “A formação dos solos” WEIL; BRADY, 2013a); “Intemperismo e erosão” (PRESS et al., 2004).

em AAESA relacionada ao conteúdo que ainda estávamos estudando, “solo” (encontro 9). No sexto encontro, o pesquisador reuniu os alunos para organizarem uma sala exclusiva para as reuniões do projeto, justificando que esse espaço abrigaria os recursos que eles estariam desenvolvendo. Neste espaço, gentilmente cedido pela direção, esperava-se seriam realizadas interações com estudantes do EF II. Além disso, no mesmo encontro realizou-se um café da tarde que buscou um novo esforço de integração e criação de laços de respeito, amizade e comprometimento entre estudantes e pesquisador.

No nono encontro, foi realizada a AAESA para o ensino de “Técnicas de estudos do solo por sondagem com trado” ministrada pela Profa. Dra. Joseli Maria Piranha (FIGURA 9). A sondagem estava programada para ocorrer no quinto encontro, no entanto, quando ocorreu o acidente com o estudante K, optou-se por adiar o estudo na expectativa de que ele se recuperaria e poderia participar da atividade. Quando da notícia de sua morte, o projeto suspendeu as atividades temporariamente, retomando quando os demais componentes da equipe sinalizaram ser conveniente.

Figura 9 – Registro da oficina de sondagem de solo a trado.

Fonte: Autor.

Esperava-se que os estudantes finalizassem os materiais e aprendessem a técnica para que tivessem início as interações junto aos alunos de EF II. No entanto, mesmo frente a essas estratégias os alunos não mostraram mudanças atitudinais ou comportamentais, de maneira que nenhum material foi elaborado por eles. O que pode se constatar da experiência com a primeira estratégia proposta foram problemas atitudinais e de aprendizagem dos alunos. Nenhum estudante assumiu um compromisso de estudo ou uma postura proativa, de maneira que não se observou o protagonismo em

nenhuma das etapas do trabalho, cabendo ao pesquisador intervir e, na maioria das vezes, assumir a proposição do cronograma de atividades e estudos.

Durante os encontros destinados ao estudo, os alunos traziam muitas incompreensões e não contribuíram aportando conhecimentos que, esperava-se, trariam do ensino regular. Assim, os encontros foram encarados como aulas ministradas pelo pesquisador, e não como um grupo de estudo. Isso foi evidenciado pelo fato de que os estudantes insistiram em se referir ao projeto como “curso” e as intervenções do pesquisador como “palestras”.

Outro problema foi a constante mudança na equipe de estudantes. Constantes faltas e desistências por parte de uns, e adesão por parte de outros, repetiram-se no decorrer do semestre. Disso resultou que o grupo de estudo mudou semanalmente, impossibilitando a constituição da equipe de trabalho coletivo e participativo, comprometida com o estudo e engajada com o desenvolvimento necessário.

Assim, diante dos entraves, foram promovidas duas mudanças de estratégias: o convite para alunos de ensino fundamental integrarem os estudos no contraturno escolar junto aos estudantes de ensino médio; e o pesquisador passou a ser o proponente do cronograma de atividades e condutor dos estudos teóricos (FIGURA 10), mediante a realização de aulas, propriamente.

Figura 10 – Segunda estratégia adotada.

Em decorrência da pequena adesão e dos problemas com a frequência dos estudantes do Ensino Médio e, buscando cumprir com o compromisso de promover a interação entre diferentes comunidades escolares, os estudantes do EF II foram convidados para participar dos estudos no contraturno na EEJPF. Para tanto, consultou- se previamente à Secretária de Educação, a qual nos indicou que o trabalho fosse realizado junto às turmas de nonos anos, pois em seu entendimento eram alunos mais maduros para compartilhar atividades com os alunos de Ensino Médio. No entanto, os nonos anos não poderiam devido ao seu envolvimento com importantes avaliações externas; na impossibilidade, os oitavos anos foram indicados. O Quadro 6 apresenta as atividades realizadas no âmbito dessa segunda estratégia adotada.

Quadro 6 – Atividades realizadas seguindo a segunda estratégia proposta.

Encontro Atividades realizadas