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Playback Theatre

No documento Rogerio Augusto Cortes.pdf (páginas 144-146)

Apêndice 2 Modalidades contemporâneas

2. Playback Theatre

O Playback Theatre teve seu início na cidade de New London, Estado de Connecticut nos Estados Unidos da América, em 1975, com Jonathan Fox e Jô Salas. Na ocasião, Jonathan, que era professor de língua inglesa, estava envolvido em um projeto de teatro com seus estudantes e observou a possibilidade de dramatizar as histórias de vida narradas por eles. Compartilhou os primeiros resultados com sua esposa Jô Salas, que era mestre em artes. A formação e o interesse da esposa, associados aos primeiros resultados, fizeram surgir uma parceria de trabalho. Segundo Salas (2000), ela e Jonathan criaram e amadureceram a proposta de playback theatre a partir das experiências em três trupes: Playback Theatre, Hudson River Playback Theatre e

Community Playback Theatre. Jonathan fez formação em Psicodrama no Instituto

Moreno em Beacon e o casal recebeu o apoio de Zerca Moreno, viúva de Jacob Lévy Moreno, que administrava o instituto deixado pelo falecido marido. Mergulhados no movimento psicodramático, o recém-criado playback theatre recebeu influências teóricas e práticas da abordagem psicodramática. Além disso, muitos dos novos integrantes que chegaram ao grupo eram psicodramatistas. Em 1993, o grupo já tinha registrado grupos de Playback Theatre em 17 países do mundo, além dos Estados Unidos46. Entre eles, temos: Brasil, Austrália, Israel, Nova Zelândia, Japão e países da Europa, como a Inglaterra. Segundo Aguiar (1998), na medida em que Fox patenteou o

playback theatre, em muitas partes do mundo ele recebe outros nomes. No Brasil,

recebeu o nome de Teatro de Reprise.

46 Em 2007, o autor do presente trabalho participou do Encontro Latino Americano de Teatro Espontâneo na cidade de Valparaíso, no Chile. Na ocasião, foi possível estabelecer trocas com atores e diretores do Chile e Argentina, principais presenças no local. Segundo os relatos registrados na ocasião, existe um

O estilo mais comum de apresentação se dá quando uma pessoa da platéia narra sua história, o diretor procura clarificar alguns pontos por meio de entrevista com o contador da história - tais como os locais onde a história acontece, quem está na história etc. -, e solicita que este narrador escolha os atores e as atrizes para representar os personagens necessários e o que acontece na história. O elenco tem um tempo e prepara a encenação e, enquanto isso, a platéia observa os atores e as atrizes se transformando, escolhendo figurinos e adereços. Normalmente, existem músicos que fazem, de maneira improvisada, a trilha sonora e a sonoplastia das cenas. Alguns grupos optam em utilizar os musicistas durante o preparo das encenações. Assim, enquanto músicos e cantores divertem o público, utilizando de duas a três canções, o elenco se prepara e, posteriormente, dramatiza as histórias trazidas. Em Salas (2000), encontramos uma definição do seu teatro:

Playback theatre forma de improvisação teatral na qual as pessoas relatam eventos reais de suas vidas e os vêem, logo em seguida, encenados no palco. Muitas vezes, acontece em locais apropriados para espetáculos, com uma companhia de atores treinados que encena as histórias das pessoas da platéia; ou pode ocorrer numa reunião de um grupo privado, na qual os membros do grupo se transformam em atores para as histórias de cada um. (SALAS, 2000, p. 23)

Há a preocupação de encontrar aquele algo a mais, indo além do que simplesmente recontar a história. Segundo Salas (2000), busca-se imprimir qualidade estética à história. Nessa perspectiva, trabalha-se a elaboração e o cuidado com a estrutura da história. Assim, mesmo quando o narrador não apresenta o início, o desenvolvimento e o fim, o grupo procura fazê-lo. Em outros casos, procura-se um sentido mais profundo da história. A autora acredita que desse modo, aumenta a probabilidade de formação de uma história coletiva, facilitando a expansão da

Ao falar do playback theatre, Salas (2000) afirma que as pessoas organizam e dão significados a suas experiências de vida por intermédio das histórias. As histórias estão presentes em diferentes estágios do desenvolvimento humano. Já na infância, elas têm inúmeras funções e estão inseridas nos diversos ambientes da criança, tais como: a escola, a família, a televisão etc. Segundo a autora, posteriormente, na vida adulta, as histórias continuam e são fundamentais em nossas vidas. Entre suas finalidades, o fato de conseguirmos atribuir significado ao vivido teria o potencial de trazer ordem ao caos. Segundo a autora, precisamos das histórias para sobreviver. Mesmo as experiências mais difíceis, quando transformadas em histórias, são mais facilmente superadas ou enfrentadas. As pessoas têm a necessidade de contar o que lhes aconteceu e as histórias funcionam construindo suas memórias. De modo similar, os mitos e lendas teriam a função de organizar e transmitir as experiências das gerações anteriores.

Além disso, as pessoas se sentem valorizadas quando suas histórias e de seus colegas são representadas. No momento em que são convidadas a contar as histórias pessoais para serem encenadas, elas percebem valores diferentes dos que prevalecem em nossa cultura. Há uma valorização da pessoa e da sua experiência, ou seja, sua vida é um bom tema para a arte, uma história interessante.

[...] todos nós, inclusive você e eu, temos elementos – dentro ou fora de nós mesmos – para criar algo belo que pode atingir corações. Por si só, uma história é da mais profunda importância; precisamos de histórias em nossas vidas para construir significados. Nossas próprias vidas são cheias de histórias se aprendemos a identificá-las. (SALAS, 2000, p. 24)

No documento Rogerio Augusto Cortes.pdf (páginas 144-146)

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