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3.6 Institucionalização do Estado Plurinacional boliviano no paradigma Vivir Bien

3.6.3 Compreender Plurinacionalidade no paradigma Vivir Bien

3.6.3.4 Pluralismo epistemológico

Quando analisarmos profundamente os elementos catalisadores da nova Constituição boliviana, sobretudo nas mudanças políticas e sociais, sem esquecer as questões de educação intercultural e intracultural, o pluralismo lingüístico, jurídico,

35 Artículo 359. I. Los hidrocarburos, cualquiera sea el estado en que se encuentren o la forma en la que

se presentan, son de propiedad inalienable e imprescriptible del pueblo boliviano. El Estado, en nombre y representación del pueblo boliviano, ejerce la propiedad de toda la producción de hidrocarburos del país y es el único facultado para su comercialización. La totalidad de los ingresos percibidos por la comercialización de los hidrocarburos será propiedad del Estado. Artículo 361. I. Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) es una empresa autárquica de derecho público, inembargable, con autonomía de gestión administrativa, técnica y económica, en el marco de la política estatal de hidrocarburos. YPFB, bajo tuición del Ministro del ramo y como brazo operativo del Estado, es la única facultada para realizar las actividades de la cadena productiva de hidrocarburos y su comercialización (BOLÌVIA, 2009). O artigo 363 ressalta, uma vez, o poder estatal nesta área.

36 Artículo 398. Se prohíbe el latifundio y la doble titulación por ser contrarios al interés colectivo y al

desarrollo del país. Se entiende por latifundio la tenencia improductiva de la tierra; la tierra que no cumpla la función económica social; la explotación de la tierra que aplica un sistema de servidumbre, semiesclavitud o esclavitud en la relación laboral o la propiedad que sobrepasa la superficie máxima zonificada establecida en la ley. La superficie máxima en ningún caso podrá exceder de cinco mil hectáreas (BOLÍVIA, 2009).

econômico, digamos, o Estado Plurinacional da Bolívia define sua base a partir do pluralismo epistemológico, cujos pensamentos dominantes não serão nem padrão ou única orientação da vida social e política.

Conforme demonstra nas discussões anteriores, a teoria política foi desenvolvida no Norte Global, basicamente em cinco países: França, Inglaterra, Alemanha, Itália e Estados Unidos. Foram esses países que, desde meados do século XIX, inventaram todo um quadro teórico que se considerava universal e aplicado a todas sociedades (SOUSA SANTOUS, 2007, tradução livre do autor).

No mapa da geopolítica do conhecimento, o Norte é entendido como produtor do conhecimento, enquanto, o Sul seria o consumidor e lugar de práticas sociais. Aí, entendemos, os processos de produção e transmissão do conhecimento entre ambos implicam uma relação de dominação, exploração e hegemonia de um (Norte) sobre outro (Sul). Por isso, a discussão da origem e dimensão unitária sobre o Estado sempre leva aos clássicos como Maquiavel, Hobbes, Rousseau, Hegel, Weber, etc. fundamentam um Estado do tipo individualista, uniformizado, uniformizador e concentrador do poder – sua existência depende da manutenção do status quo através o exercício de forças coercivas.

De acordo com Sousa Santos, “toda a teoria política é monocultural, tem como marco a cultura eurocêntrica que é mal adaptada a contextos onde esta cultura eurocêntrica tem que conviver de uma forma ou de outra, com outras culturas e religiões, não-ocidentais”, em que inclui, por exemplo, as culturas indígenas e de afros da Bolívia.

Porém, o fato de ressaltar desde o primeiro artigo da Constituição que a “Bolívia se funda na pluralidade e no pluralismo político, econômico, jurídico, cultural e lingüístico”, significa que existem vários paradigmas, vários modelos, várias epistemes, vários modos de pensar ou repensar, de fundar ou refundar o Estado. Digamos (re) pensar o Estado desde a classe ou parte mais baixa da sociedade, como os povos indígenas, afros, movimentos mulheres, coletividades, etc. se tornam pela primeira vez, da história moderna (neo) colonial racista/patriarcal da Bolívia, sujeitos políticos, sociais,

epistemológicos. A Constituição dá legitimidade a todos bolivianos e bolivianas de praticar sua própria cosmovisão.

Artículo 30. II. En el marco de la unidad del Estado y de acuerdo con esta Constitución las naciones y pueblos indígena originario campesinos gozan de los siguientes derechos: 3. A su identidad cultural, creencia religiosa, espiritualidades, prácticas y costumbres, y a su propia cosmovión. 9. A que sus saberes y conocimientos tradicionales, su medicina tradicional, sus idiomas, sus rituales y sus símbolos y vestimentas sean valorados, respetados y promocionados.

Este artigo tenta desafiar o pensamento moderno que pretende ser universal e absoluto para todos. Concordamos com Mignolo quando afirma o pensamento está em todos os lugares onde os diferentes povos e suas culturas se desenvolveram e, assim, são múltiplas as epistemes com seus muitos mundos de vida. Contudo, existem outros horizontes histórico-culturais e epistemológicos fora do tempo-espaço ocidental, ou seja, outra maneira de pensar, teorizar, conceitualizar e simbolizar o Estado oposto ao pensamento universal do Estado unicultural.

Ao contrário, um Estado plurinacional supõe um pluralismo político, bem como um pluralismo jurídico; tudo isso em termos de um pluralismo institucional. O mesmo vale para o pluralismo cultural, que faz parte da constitucionalização das culturas e linguagens, do estabelecimento institucional da diversidade do país, faz Prada Alcoreza. E pluralismo lingüístico encontra sua importância no artigo 5, onde os 36 idiomas têm mesma hierarquia que o espanhol.

O pluralismo epistemológico refere-se à existência de epistemes heterogêneos, sua importância não se rege na exclusão ou determinação do que é conhecimento ou não, colocada em prática na constituição da Bolívia o diálogo, sem discriminação, e “propor como episteme ancestral, como episteme resistente, como episteme alternativa, os saberes e cosmovisões nativas, além de reconhecer outros saberes, os saberes das pessoas, os saberes culturais, os saberes concretos, desqualificados pelas ciências” (PRADA ALCOREZA, 2014, p. 17). Neste sentido, o Estado plurinacional pretende articular a comunicação intercultural ou trocas de saberes para criar uma sociedade mais interdependente, interconectada e equilibrada.

3.6.4 Estado plurinacional no marco da interculturalidade/diálogo de saberes