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Gráfico 6 – Pluviosidade – Junho de 2004

Após análise dos gráficos, onde pode ser verificada a distribuição da intensidade e densidade da precipitação, fez-se uma leitura da pluviosidade a partir da observação Densidade das chuvas obtida a partir da multiplicação do volume da precipitação (mm) pela área atingida em determinado período de tempo segundo, minuto ou hora (MOLION, 1983, p 75). Pode-se calcular o volume de água precipitada em casos de ocorrência de chuvas de excepcional magnitude, a exemplo da ocorrida no dia 24 de

fevereiro de 2003, onde temos uma alta densidade em detrimento de uma baixa intensidade de chuva (Gráfico 7)

Após a aplicação da referida fórmula, nota-se que no dia 24 de fevereiro de 2003, no intervalo de tempo de 12 horas choveu 95,6mm, sendo 42 mm em 2 horas, ou seja, significa que no período de 6 horas a precipitação foi equivalente a 96,600L numa área de 1000m². Esse volume precipitado em solos impermeabilizados traz consigo vários transtornos, principalmente quando a área impermeabilizada refere-se à planície de inundação.

Ainda com relação à questão climática vale salientar que na Zona tropical o mês de junho chove mais em decorrência da translação da terra, pois neste mês o sol está incidindo perpendicularmente no trópico de câncer, ocasionando a estação chuvosa no hemisfério sul, proporcionando a ocorrência de precipitações caracterizadas por serem curtas, de grande intensidade e magnitude sendo esse um dos fatores colaboradores para o estabelecimento das ocorrências das inundações do tipo enchente na bacia do rio Jaguaribe.

Pluviosidade Fevereiro de 2003

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36 4.3.2 Recepção de águas

Além do fenômeno natural da precipitação, o que contribui para a ocorrência dos transtornos de inundação é a impermeabilização do solo a partir da forte presença de edificações, aliada a não observação dos elementos geográficos que constituem a paisagem no município como por exemplo, o estabelecimento de estruturas urbanas, assim como a infra-estrutura relativamente inadequada ao complexo paisagístico, o que tende a se estabelecer estrangulamentos do escoamento das águas das chuvas. Observa- se essa situação no conjunto dos Delegados que está localizado entre os bairros Bancários e Mangabeira, cujas residências foram instaladas na cabeceira do rio Timbó (afluente da margem direita do rio Jaguaribe), estrangulando a borda da bacia que comportava a nascente do rio e permitia o escoamento do excedente de superfície, alagando-se no período de chuvas que não precisam ser torrenciais.

A Bacia do rio Jaguaribe ocupa uma área de 4100,63ha, sendo este o maior rio urbano de João Pessoa, atravessando vários bairros da cidade, cujo percurso é de 13,3km. Já o seu afluente de maior extensão é o rio Timbó com 5,2km. Ao longo desses rios que ocorrem os maiores transtornos referenciados como inundações, decorrentes das precipitações concentradas, considerando-se que o Rio Jaguaribe apresenta um baixo grau de declividade, cujo gradiente médio é de 0,6%, medidos após confecção de perfil longitudinal. Segundo a classificação de Guido Ranzani (1969, p73), essa declividade pertence à Classe A, pois o relevo apresenta uma declividade muito suave. Assim o curso do rio Jaguaribe apresenta uma topografia aplainada onde o fluxo das águas possui baixa energia, tornando lento o escoamento do rio, permitindo a elevação do seu nível, e havendo chuva de maior intensidade, acaba por provocar inundações em vários trechos de seu curso.

Como já foi realçado, a impermeabilização do solo através de equipamentos urbanos é fator de relevância como colaborador para ocorrência de inundações, por não permitir a infiltração da água no solo; se isso acontece, a percolação da água no solo alimenta o lençol freático. A urbanização tem se expandido vertical e também horizontalmente, nesse sentido a cidade de João Pessoa possui o sítio urbano assentado em uma extensão superficial de aproximadamente 210km2, ou seja, 21.000ha (Fonte

IBGE) denotando que a ocupação do sítio urbano se expande por quase toda a extensão territorial excetuando-se na limitação Leste imposta pelo mar, ao Norte por outro município que é Cabedelo (esse não possui nenhuma franja rural). Nesses dois casos não há mais possibilidade de expansão, porém nos outros sentidos há a possibilidade expansão, porém zona rural municipal vai diminuindo, por isso não há praticamente realce tanto em extensão quanto em produção. Ainda segundo o censo do IBGE referente aos dados do ano 2000, a população total urbana estava em 597.934 habitantes.

Ao correlacionar esses dados foi necessária uma análise comparativa do compartimento urbano referente à Bacia Hidrográfica do rio Jaguaribe em dois momentos, cujo objetivo geral se refere à compreensão da dinâmica do crescimento das áreas urbanizadas e sua relação com a ocorrência de inundações ao longo dos trechos ocupados das margens do rio. Observamos que em 1974 (Figura 6) a área urbanizada na Bacia Hidrográfica do rio Jaguaribe ocupava de 548ha, ou seja, 13,36% do total; em 1998 (Figura 7) a área urbanizada passou abranger 2693ha, o que corresponde a 65,17% do total da bacia, tendo um crescimento de 51,81% num período de 24 anos, atentamos ainda para a as margens do rio que foram ocupadas tanto nas encostas como nos trechos da planície de inundação. A sub-bacia do Timbó em 1974 não apresentava mancha de ocupação urbana de forma significativa, já em 1998 houve uma intensa ocupação e no ano 2000 é visível a impermeabilização sendo intensificada em diversos pontos da bacia hidrográfica, especificamente das cabeceiras dos rios Timbó e Jaguaribe com o avanço por parte do estabelecimento de conjuntos residenciais, como o Conjunto dos Delegados que fica cabeceira do rio Timbó, contribuindo para o estrangulamento do escoamento superficial daquela cabeceira que se encontra num relevo de tabuleiro.

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40 A partir da análise da bacia, em dois momentos, tem-se a observação de que a cidade se expandiu descendo das cabeceiras e cumeadas do tabuleiro pelas vertentes e, conseqüentemente, para o fundo dos vales. Nesse último caso a ocupação normalmente tem sido feita por habitações subnormais (favelas). Isto posto, pode-se inferir que o problema da densidade demográfica urbana é a sua localização de forma desigual, onde a maioria dos habitantes das áreas consideradas mais críticas procuram residir os terrenos públicos que margeiam os rios urbanos por motivos diversos.. Essas habitações subnormais nos fundos dos vales, sem infra-estrutura em praticamente todos os sentidos ,incluindo o não exame da correlação precipitação pluvial e escoamento acelerado pela impermeabilização, são fatores que apontam para ocorrência de inundações.

Essas habitações normalmente agrupadas em forma de comunidades subnormais passam a ser identificadas por toponímia local, destacando-se a Comunidade Beira Rio na margem esquerda do baixo rio Jaguaribe, onde o fenômeno alagamento existe pela infra-estrutura urbana em que se observando a subida das águas do rio nos períodos de maior precipitação, o que provoca insegurança aos moradores.

O trecho mais crítico em relação à inundação do rio Jaguaribe foi verificado no baixo curso cuja margem esquerda fica no Bairro São José, assentado na superfície cujo relevo é de planície costeira no sopé da Falésia desativada (vulgarmente chamada de morta), vivendo aí nesse lugar 1360 famílias, distribuídas em 20,42ha. Assim, quando ocorrem chuvas de alta magnitude o bairro fica inundado, impossibilitando até mesmo a passagem de ônibus (Figura. 9).

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Fig - Cheia do rio Jaguaribe Data; 17/06/03 Fonte: Jornal da Paraíba

Fig.11 - Trecho do rio Jaguaribe – 15.05.03 Data; 15/05/03 Fonte: Jornal da Paraíba

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