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Podem os parafusos permanecer sempre apertados? Como evitar o afrouxamento dos parafusos Interpretação dos autores.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.4 Podem os parafusos permanecer sempre apertados? Como evitar o afrouxamento dos parafusos Interpretação dos autores.

BINON et al.11, 1994 realizaram uma mesa-redonda, com diversos

cirurgiões-dentistas, onde discutiram a respeito de suas experiências clinicas sobre se um parafuso, componente de uma prótese sobre implante, poderia permanecer sempre apertado, ou seja, se poderia estar livre da problemática do afrouxamento. A opinião dos autores é que parafusos permanentemente apertados implicam em ausência de reversibilidade da prótese, o que não é desejável, visto esta ser a grande vantagem de se ter próteses retidas por parafusos. Em virtude de muitos fatores complicadores e limitantes, impostos pelo tamanho dos parafusos, qualidade do tecido ósseo do leito receptor dos implantes, distribuição e localização dos mesmos e quantidade e intensidade das cargas que incidem na união parafusada, um aperto permanente dos parafusos torna-se muito difícil de obter. Dentro dos limites da realidade, segundo os autores, uma união parafusada pode permanecer devidamente apertada, mas não de forma permanente. Para isso, ainda assim serão necessários outros requisitos, tais como precisão de adaptação entre a infra- estrutura protética e os componentes e entre estes e os implantes, adequados procedimentos de fundição quando necessários, utilização de adequado torque de apertamento a fim de obter-se ótima pré-carga e correto direcionamento e equilíbrio das cargas funcionais. Tudo isso diante de fatores que fogem do controle do profissional, tais com os fenômenos de acomodação entre componentes (embedment relaxation), desenho dos componentes e parafusos e até mesmo a elasticidade do tecido ósseo.

CAVAZOS; BELL19, 1996 desenvolveram uma técnica com o objetivo de se tentar prevenir o afrouxamento do parafuso do abutment, devido a esta grande problemática que acomete as próteses sobre implante. A técnica consistia em realizar na porção interna do abutment pequenas perfurações numa região acima da cabeça do parafuso. O abutment era então posicionado sobre o implante e o parafuso apertado com o torque máximo dos dedos. Após, aproximadamente, 5 minutos o mesmo era reapertado. Então, uma seringa dispensava sobre a cabeça do parafuso uma porção de material de borracha à base de poli-vinil-siloxano (Extrude; Kerr), ao mesmo tempo em que era

aspirado por outra seringa, a fim de permitir que o material ocupasse todas as reentrâncias ali presentes. Antes da presa do material, uma pequena bolinha de algodão era colocada sobre o mesmo e condensada com um condensador. Uma porção de cimento provisório era então colocado sobre esses materiais, fotoativado e, após um período de 10 dias ou 2 semanas, substituído por uma resina definitiva. Segundo os autores, tal técnica poderia também ser realizada sobre abutments angulados. Posteriormente, essa seqüência de procedimento seria avaliada por outro autor, observando sua real efetividade.

BINON9, 1998 avaliou a efetividade de um protocolo de estabilização dos parafusos em relação à aplicação de carga cíclica. Para isso um implante- padrão de 3.75x10mm com hexágono externo foi incluído em um bloco de resina, e um abutment tipo UCLA foi confeccionado de forma a permitir aplicação de carga cíclica. Após o abutment ser adaptado ao implante, seu conduto para o parafuso recebeu 4 perfurações com intervalo de 90° entre elas, acima da região onde estaria a cabeça do parafuso após o seu aperto. Após a limpeza das cavidades criadas, com jatos de ar, o abutment foi então recolocado sobre o implante e parafusado ao torque máximo possível dado com os dedos. Após 10 minutos, mais um torque era dado. Com uma seringa introduzida no espaço da chave na cabeça do parafuso, um material de moldagem à base de borracha (Impregum) foi depositado procurando preencher a cavidade e as perfurações e, sobre ele uma bolinha de algodão condensada. Já no grupo controle foram usados os mesmos tipos de componente, porém o parafuso apertado a 20Ncm com uso de um torquímetro manual. Nenhum material de moldagem ou plug de algodão foi utilizado. Submetidos à carga cíclica, os espécimes do grupo teste suportaram uma quantidade menor de ciclos antes do afrouxamento que os do grupo controle, sendo tal resultado atribuído ao fato de aquele grupo (teste) ter sofrido um apertamento digital dos seus parafusos. Segundo o autor, o material de moldagem, por mais que apresente uma boa rigidez, não é capaz de impedir a movimentação dos componentes quando submetidos à tensão. Contudo, o material de moldagem poderia ser indicado como um bom material de vedação após a introdução do parafuso.

ARTZI; DREIANGEL5, 1999 também publicaram uma técnica que, segundo eles, impede o afrouxamento do parafuso do abutment em próteses

unitárias. A técnica consiste na colocação de uma barra de titânio, hexagonal, devidamente adaptada ao orifício para introdução da chave no parafuso e, ao seu redor, realizava-se a condensação de resina fotopolimerizável. Dessa forma, o parafuso fica impedido de girar e, conseqüentemente, de afrouxar. Contudo, os autores enfocam a necessidade desta prótese apresentar total passividade de adaptação. Para isso, antes da colocação da barra, o paciente permanecia com a prótese em função durante um período de 1 mês como diagnóstico. Os resultados apresentados da utilização da técnica compreendem mais de três anos de utilização e confecção de 120 coroas sobre implantes, em 100 pacientes, distribuídas da seguinte forma: 65 substituindo primeiro e segundo pré-molares, 40 na região de incisivos e 15 na região de molares. Dentre essas próteses, e dentro do período compreendido, não houve nenhum afrouxamento e/ou fratura de nenhum parafuso. Como os parafusos rotineiramente se tornam enfraquecidos diante das cargas mastigatórias, levantou-se a hipótese de a interface entre o tecido ósseo e o implante ser sobrecarregada, mas os autores também afirmam que não tiveram nenhum caso de perda da osseointegração.

3 PROPOSIÇÃO