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TABELA 42 FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS, SOBRE INDICAÇÃO DE

4.6 O Poder Local

A partir dos anos 1990, no Brasil, a democracia liberal vem ampliando a participação dos cidadãos, em nível local, com o propósito de fazer valer o exercício da democracia, em escala menor, visando à superação dos problemas colocados pelos diferentes grupos. Este avanço democrático tem colocado o poder local mais próximo dos cidadãos e assegurado aos decisores políticos perceber melhor as suas necessidades e aspirações, as suas dificuldades e anseios, e, sobretudo, tem apontado o caminho para encontrar as melhores soluções para resolver os seus problemas.

O processo democrático atual delega, aos municípios brasileiros, o poder de gerenciar diversas áreas da atuação do Estado, como saúde e educação básica,

além de criar as possibilidades de desenvolvimento de políticas econômicas locais, em benefício do seu sistema produtivo, do qual devem ser aproveitadas as potencialidades e a força de trabalho disponível. Assim sendo, “o poder local está no centro do conjunto de transformações que envolvem a descentralização, a desburocratização e a participação" de todos os cidadãos e das comunidades (DOWBOR, 1995).

No entanto, no que tange aos municípios pesquisados, permanecem os laços entre eles e o Estado, caracterizando, por um lado, forte dependência e, do outro, uma fragilidade do poder para conduzir a comunidade que representa. Estes aspectos criam limites para a sociedade decidir sobre seu próprio destino e dificultam, nos municípios, a adoção de políticas administrativas, que os coloquem, de fato, na linha de frente da construção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Para que a construção dessa sociedade aconteça, é necessário que cada município se debruce sobre si mesmo.

Nas visitas, previamente agendadas e realizadas, às prefeituras dos quatro municípios, só foi possível entrevistar os secretários dos gabinetes civis ou das administrações municipais, pois os prefeitos estavam assumindo compromissos inesperados.

Os dados coletados, junto aos representantes administrativos, informam sobre as políticas públicas, a gestão das políticas municipais e os projetos elaborados para fomentar o desenvolvimento econômico de cada município (v. o questionário das prefeituras, no Anexo B). Cada administrador entrevistado informou sobre os Instrumentos de Planejamento Municipal, a disponibilidade de recursos para a Gestão do Município e a utilização de incentivos fiscais para atrair atividades econômicas. As respostas são avaliadas como favoráveis ao compromisso público

de melhorar a vida dos cidadãos, entretanto, ao compararmos com o que dizem os moradores entrevistados, observa-se um conflito causado pela divergência de opiniões (cf. avaliação urbana e rural).

No que se refere aos principais instrumentos de planejamento, tendo em vista a gestão municipal e o cumprimento da legislação, as respostas indicam que as quatro prefeituras estão cumprindo, em parte, o que determina a lei. Entretanto, o plano de governo existe, somente em Parelhas e Currais Novos, e o Plano de Desenvolvimento Urbano, somente no Município de Currais Novos.

Um outro instrumento da maior importância para o desenvolvimento sustentável das cidades é o Plano Diretor. O Plano Diretor Participativo, conforme determina o Estatuto das Cidades – Lei Federal 10.257/2001, é definido como um instrumento obrigatório para os municípios, com mais de 20 mil habitantes, além dos que integram Regiões Metropolitanas e Aglomerados Urbanos. A lei estabelece também a obrigatoriedade do Plano Diretor para as cidades que são de especial interesse turístico ou as que estão na área de influência de algum tipo de empreendimento de impacto ambiental de âmbito regional. Esses municípios têm até outubro de 2006, conforme o Estatuto, para elaborar ou atualizar seus planos diretores sob pena do prefeito incorrer em improbidade administrativa.

Esses instrumentos constituem requisitos legais para negociação, financiamento e gerenciamento das políticas públicas, que as prefeituras podem planejar e executar, respaldadas pelos Plano Plurianual de Investimentos (PPI), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei do Orçamento Anual (LOA).

Quanto à Gestão Municipal, três das quatro prefeituras pesquisadas (Acari, Jardim do Seridó e Parelhas) afirmaram a existência de consórcios, apenas com a

área de saúde, enquanto Currais Novos, nem utiliza nem pretende, por entender que os consórcios beneficiam mais as empresas e menos as pessoas.

Questionados sobre informatização e terceirização, as quatro prefeituras são unânimes em afirmar que se encontram informatizadas e com banco de dados, em todas as áreas da administração municipal. Quanto à terceirização, já se constitui, nos quatro municípios, uma prática, nos serviços de coleta de lixo domiciliar; hospitalar e limpeza urbana. Acari e Currais Novos também adotam serviços de terceiros para o transporte escolar.

Sobre a política de incentivos à instalação de novos empreendimentos, apenas Currais Novos afirma adotá-la, utilizando os impostos como: IPTU, ISS, além da doação de terrenos e do apoio à estrutura industrial, para as empresas que procuram se instalar no município. Currais Novos defende que é, por meio dela, que os empreendimentos privados chegarão ao município.

Segundo informações oficiais do Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão Pública 2001 - IBGE5, registra-se unanimidade da política de atrativos governamentais em todo o recorte pesquisado, porém, os critérios e exigências para concessão dos benefícios não são evidenciados, limitando-nos quanto à análise da contribuição e dos efeitos para o desenvolvimento dos municípios do recorte.

A respeito das ações que permitem estimular a criação de novas atividades econômicas, apenas, Jardim do Seridó afirma não desenvolver ações dessa natureza. Contudo, indagados as outras três administrações sobre suas ações, somente Acari indica oficinas de costura como prática comum e bem sucedida na sua zona urbana.

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Perfil dos Municípios Brasileiros – Gestão Pública 2001 – IBGE. Disponível em <http://www1.ibge.gov.br/munic2001/>. Acesso em 13 ago. 2005.

Questionados sobre programas de capacitação para a população ativa, todos os municípios afirmam desenvolve r cursos, apoiados pelo SEBRAE, SENAI e SESI, nas áreas de artesanato, culinária regional, mecânica de automóvel, auxiliar de construção e costura. Mas, quanto aos resultados alcançados pelos programas, os entrevistados desconhecem e não dispõem, nem mesmo, de relatórios com resultados quantitativos.

Não é possível generalizar sobre as garantias de desenvolvimento das políticas públicas, no nosso estudo, entretanto, conclui-se que o que está sendo realizado não resolve a problemática socioeconômica, cujo vetor é o desemprego generalizado.

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