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Poesia e canção, tudo a ver

No documento cm_9_10_70_2S_3 (páginas 35-46)

sem se ver” É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer

Sente / descontente

Vimos que esses recursos estruturais também estão presentes na canção: verso, estrofe, rimas/ritmo. Séculos depois, Renato Russo, da Legião Urbana musicou o poema de Camões, meio que “retomando” a ideia original de poemas serem acompanhados por instrumentos, transformando-o em uma canção.

Agora, vamos estudar os recursos expressivos que contribuem para sugerir imagens, sonoridade e emoção à canção. Para isso, retomemos a canção “Minha alma” de O Rappa e o estudo de figuras de linguagem e observemos a utilização desses recursos expressivos.

Fragmento – 1ª estrofe Recursos expressivos

A minha alma tá armada e apontada

Para cara do sossego! (Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!) Pois paz sem voz, paz sem voz Não é paz, é medo!

(Medo! Medo! Medo! Medo!)

Observe que nos dois primeiros versos o autor se utiliza da PROSOPOPEIA na estrofe para dar vida ao termo alma e sossego. A alma está “armada” e o sossego tem “cara”.

Em seguida, ele utiliza a anáfora – repetição das últimas sílabas da palavra sossego ‘sêgo’ e a repetição da palavra medo. Além da repetição da expressão ‘paz sem voz, paz sem voz’, isso dá ritmo à canção.

Para dar sonoridade, ele utilizou a assonância no primeiro verso com a repetição da vogal A. E rimou a palavra sossego com medo.

 Podemos, então, afirmar que os gêneros textuais poema e canção são bastante

semelhantes? Sim, porque ambos têm:

1) Como objetivo fazer da língua, da palavra, o instrumento artístico capaz de tocar a sensibilidade do destinatário (leitor e ouvinte).

2) São similares também quanto ao formato, pois são constituídos de versos, agrupados em estrofes e se caracterizam pelo ritmo.

3) Ambos trabalham com recursos expressivos, com a linguagem poética, apóiam-se em métrica fixa ou não, em rimas regulares ou não, em figuras de linguagem ou não.

4) Ambos têm no ritmo a sua marca essencial e visam a causar prazer estético.

O que os diferencia, então? Qual a particularidade da canção?

É no ritmo que a canção se distingue um pouco mais do poema, pois está estreitamente vinculada ao ato de cantar. O ritmo é muito ligado à música, aos instrumentos, aos arranjos.

Já que temos o conhecimento da estrutura do poema e da canção e dos recursos expressivos que ambos utilizam, vamos, agora, identificar todos esses recursos nas canções da atividade a seguir.

Nas canções abaixo, além dos recursos estruturais (versos, estrofes e rimas) e da forte atuação do som e do ritmo, os autores se utilizaram de outros recursos expressivos como as figuras de linguagem para criar imagem, sonoridade e emoção.

Identifique as figuras de linguagem utilizadas pelos compositores nas canções:

Fragmento Recursos expressivos – figuras de linguagem

1) A Canção de Saudade

Cartola

“Tudo de alegrias e de tristezas conheci Coisas do amor e do sofrer eu já senti Nada me transforma a alegria de viver Ver a noite vir e sorrir ao sol nascer

Vivo esperando o novo dia

Que irá trazer a luz que sempre ficará”

2) Cariocas

Adriana Calcanhoto

“Cariocas são bonitos Cariocas são bacanas Cariocas são sacanas Cariocas são dourados”

3) Exagerado

Cazuza

"Eu nunca mais vou respirar Se você não me notar

Eu posso até morrer de fome Se você não me amar."

4) Pra você

Paula Fernandes

"Eu quero ser pra você A alegria de uma chegada Clarão trazendo o dia Iluminando a sacada"

5) Medo da chuva

Raul Seixas

“Aprendi o segredo, o segredo O segredo da vida

Vendo as pedras que choram sozinhas No mesmo lugar”

6) Qualquer coisa

Caetano Veloso

“Berro pelo aterro Pelo desterro Berro por seu berro Pelo seu erro”

7) Chove chuva

Jorge Ben Jor

“Por favor, chuva ruim Não molhe mais O meu amor assim Chove chuva Chove sem parar”

Agora, você vai fazer uma pequena avaliação referente aos principais assuntos abordados neste caderno. Boa sorte!

Leia o texto abaixo

Seus Olhos Seus olhos - que eu sei pintar O que os meus olhos cegou –

Não tinham luz de brilhar, Era chama de queimar; E o fogo que a ateou Vivaz, eterno, divino, Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave Ao mesmo tempo: mas grave E de tão fatal poder,

Que, um só momento que a vi, Queimar toda a alma senti... Nem ficou mais de meu ser, Senão a cinza em que ardi.

Garret, Almeida. Disponível em:

http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=739&poeta_id= 210

1) (P110139RJ) Nesse texto, a repetição das vogais no final dos versos contribui para a A) construção de uma imagem.

B) formação das rimas C) idealização do ser amado. D) percepção da subjetividade.

Leia o texto abaixo

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

2) (Enem 2009) Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.

D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.

E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

3) (FESP) Com relação ao Parnasianismo, é correto afirmar:

A) É sentimentalista;

B) Assume uma visão crítica da sociedade;

C) Seus autores estiveram sempre atentos às transformações do final do século XIX e início do seguinte;

D) O seu traço mais característico é o endeusamento da forma;

E) Seu poeta mais expressivo, Olavo Bilac, defendeu um retorno à arte barroca.

Leia o texto abaixo

Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da cor do perfume... Horas do ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do sol que a dor da luz resume...

Antífona, Cruz e Souza. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

4) (UESPI) No poema ou na prosa, o escritor de uma obra literária explora determinados recursos estilísticos, dentre os quais as figuras de linguagem. No fragmento acima, a figura de linguagem dominante é a:

A) prosopopeia B) onomatopeia C) sinestesia D) metonímia E) antítese

Leia com atenção as duas estrofes abaixo e compare-as quanto ao conteúdo e à forma:

I

Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo que ninguém fique nua Rica mas sóbria, como um templo grego.

II

Do Sonho as mais azuis diafaneidades que fulijam, que na Estrofe se levantem e as emoções, todas as castidades Da alma do Verso, pelos versos cantem. Comparando as duas estrofes, conclui-se que:

5) (ITA-SP) Comparando as duas estrofes, conclui-se que: A) I é parnasiana e II, simbolista.

B) I é simbolista e II, romântica. C) I é árcade e II, parnasiana. D) I e II são parnasianas E) I e II são simbolistas

Para a proposta desta seção, é importante que você se reúna com, no máximo, quatro colegas e, juntos, pesquisem na internet ou na biblioteca da escola, seguindo as orientações do professor aplicador deste material.

Depois de ter aprendido sobre as poéticas parnasiana e simbolista e estudado o gênero canção, é chegado o momento de expandir as lições deste caderno e relacioná- las com o seu dia a dia. Assim, desenvolva com o seu grupo uma pesquisa que revele a inspiração da estética simbolista nas canções contemporâneas. Para isso, siga os passos a seguir:

1) Selecione um poema simbolista;

2) Destaque os recursos estilísticos mais marcantes do poema. Preste especial atenção às figuras de linguagem que geram interessantes efeitos sonoros (aliterações, assonâncias etc.) e que produzam imagens sugestivas (metáforas, sinestesias etc.), como as que aprendemos neste caderno; 3) Busque uma canção contemporânea que também explore alguns dos

recursos presentes no poema escolhido pelo grupo. Pode ser uma ou mais figuras de linguagem;

4) Em folha separada, copie o poema e a canção;

5) Explique, nesta folha, os recursos estilísticos comuns às duas produções e comente o efeito desses recursos em cada obra, avaliando sua contribuição para a leitura tanto do poema quanto da canção;

6) Lembre-se: o poema e a canção podem falar de temas diferentes.

Embora seja possível localizar recursos comuns à estética simbolista em muitas canções contemporâneas, alguns compositores se destacaram por fazer esse trabalho com resultados de grande beleza. Entre eles, podemos destacar: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Lenine, Arnaldo Antunes, Nando Reis etc.

[1] ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela.

Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2010. 2º vol., p. 174- 230.

[2] BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994, p.

91-126.

[3] CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. A força das palavras – dizer e argumentar. São Paulo,

Contexto, 2010, p. 85-110.

[4] CEREJA, W.R. & MAGALHÃES, T.C. Português Linguagens. Vol.1. 7ed. São Paulo:

Atual, 2009, p. 304-318.

[5] FIORIN, José Luiz, SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e

redação. 16 ed. São Paulo: Ática, 2006, p. 173-175.

[6] GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 1977,

p. 216-224.

[7] PEREIRA, Cilene da Cunha et alii. Gêneros textuais e modos de organização do

discurso: uma proposta para a sala de aula. In: PAULIUKONIS, Mª Aparecida Lino. & SANTOS, Leonor Werneck. (Orgs.) Estratégias de Leitura – Texto e Ensino. Rio de Janeiro, Lucerna, 2006.

[8] PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura. São Paulo, Ática, 1985, p.

149-158.

COORDENADORES DO PROJETO

Diretoria de Articulação Curricular

Adriana Tavares Maurício Lessa

Coordenação de Áreas do Conhecimento

Bianca Neuberger Leda Raquel Costa da Silva Nascimento

Fabiano Farias de Souza Peterson Soares da Silva

Marília Silva

PROFESSORES ELABORADORES

Andréia Alves Monteiro de Castro Aline Barcellos Lopes Plácido

Flávia dos Santos Silva Gisele Heffner

Leandro Nascimento Cristino Lívia Cristina Pereira de Souza

Tatiana Jardim Gonçalves

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