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Oriunda do Decreto-Lei nº 6.378/4440 a Polícia Federal é um organismo mantido pela União, sendo subordinada ao Ministério da Justiça. Suas atribuições estão contidas no parágrafo 1º do art. 144 da Constituição Federal (1988):

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.41 (grifo nosso)

39 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>, acesso em 30 de abril de 2016. 40 BRASIL, Decreto-Lei nº 6.378/44. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940- 1949/decreto-lei-6378-28-marco-1944-389489-publicacaooriginal-1-pe.html>, acesso em 30 de abril de 2016.

30 Polícia Federal está estruturada de forma não militarizada, tendo órgão máximo de comando um diretor geral, logo abaixo na hierarquia, existem mais três Conselhos Superiores de Polícia que atuam em apoio à Direção Geral. Imediatamente aos órgãos superiores e aos órgãos administrativos e operacionais, estão:

A Divisão de Polícia Criminal, que é ligada diretamente a Interpol, e a Divisão de Comunicação Social (DCS). Logo abaixo estão os órgãos administrativos que atuam como ligação entre os órgãos operacionais e os órgãos superiores, sendo a Coordenação de Gabinete (CGAB), a Coordenação Central de Polícia (CCP), a Corregedoria Geral de Polícia (COGER), a Coordenação Central Administrativa (CCA), a Coordenação de Inteligência (CI), a Coordenação de Pessoal (CP), a Coordenação de Planejamento, o Instituto Nacional de Criminalística (INC), o Instituto Nacional de Identificação (INI), a Academia Nacional de Polícia (ANP) e a Coordenação de Informática Em seguida, na hierarquia da Polícia Federal, estão os órgãos operacionais que são as Superintendências Regionais, atuando em todo o território nacional, em cumprimento a atribuições definidas constitucionalmente. A Polícia Federal possui ainda a Divisão de Polícia Criminal Internacional, em Brasília, DF (que representa o Escritório Central Nacional da Interpol), o Comando de Operações Táticas, (COT), criado sob recomendação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre o terrorismo, de 1983, do Congresso Nacional, e a Divisão de Polícia Marítima, Aeroportuária e de Fronteiras, para a execução das atribuições definidas no inciso III, do artigo 144, da Constituição Federal. O Departamento de Polícia Federal, atualmente, é um dos órgãos do Ministério da Justiça. 42 (grifo nosso)

Também cabe à Polícia Federal a fiscalização e controle sobre as empresas de segurança a estabelecimentos financeiros, vigilância e transportes de valores, de acordo com a Lei nº 7.103/83, todavia é motivo de várias discussões, já que não há no texto Constitucional, entre os Arts. 20 e 24, atribuídas à União, como também não se encontra prescrito aos municípios. Portanto seria responsabilidade dos Estados, através de sua competência residual. Criado em 2003, pela Lei nº 10.826, o controle sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) também foi designado à Polícia Federal. 43

42 MELIM JUNIOR, op. cit., p. 78.

31 Hoje existem duas questões que necessitam reflexão sobre a atuação da Policia Federal. A primeira delas refere-se Força Nacional de Segurança Pública, que será abordada mais a frente. A segunda, de certa forma ligada à primeira, tem a ver como Projeto Emenda Constitucional nº 412/0944, que prevê a independência funcional da Polícia Federal.

Tal independência de fato é de suma importância, haja vista que os assuntos criminais quais a PF tem por atribuição investigar, muitas vezes expõem os envolvidos em crimes como desvios de verba pública, lavagem de rendimentos, corrupção em licitações. E é sabido que o desejo de grupos políticos, sem distinção partidária, de manterem o controle da máquina estatal sob sua tutela, a fim de perpetuarem-se no poder, invariavelmente se sobrepõem ao interesse público. Chegando ao ponto de alterar as estruturas dos órgãos de investigação para facilitar a impunidade de seus correligionários.

A Polícia Federal, como preconizam os incisos I e IV do parágrafo 1º do Art. 144, tem o dever de apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses, além de exercer, com exclusividade, as funções de Polícia Judiciária da União. A Proposta de Emenda Constitucional pretende justamente que os órgãos de investigação não sofram pressões políticas ou partidárias no exercício de suas funções de Polícia Judiciária.

Todavia, não se vislumbra que o mesmo ocorra quando comentamos que a Polícia Federal também é a única dentre as corporações do rol do Art. 144 a ter funções ostensivas quando deve prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho e exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. Tais funções que necessitam do poder armado do Estado para serem executadas devem permanecer debaixo da guarida do Poder Executivo, sob pena de ocorrer o que traz a nota técnica da 7ª Câmara de Coordenação e Revisão (Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional) da Procuradoria Geral da República45:

Tal proposta levaria à criação de um perigoso rompimento do equilíbrio entre os órgãos de poder, conferindo poderes exacerbados

44 BRASIL, Projeto Emenda Constitucional 412/09. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/ proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=453251>, acesso em 03 de maio de 2015.

45 Nota Técnica da 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal sobre a PEC 412/2009, que dispõe sobre a organização da Polícia Federal.

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a um braço armado do Estado, com previsíveis consequências nefastas ao próprio Estado Democrático de Direito e aos direitos fundamentais dos cidadãos. A Polícia é órgão estatal que representa o emprego da violência estatal no seio da sociedade.

Contudo, a criação da Força Nacional de Segurança, vista mais a frente, abre uma nova possibilidade de conjugar os interesses dos policiais federais, as preocupações do Ministério Público Federal, um aumento na eficiência do Sistema de Segurança Pública Nacional.

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