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Política de CF.

No documento relatório de trabalho de projeto Final (páginas 195-200)

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Política de Conferência Familiar

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ASSUNTO: Política de conferência familiar

DESTINATÁRIOS: Equipa médica e de enfermagem do Serviço de

Cuidados Intensivos.

OBJECTIVOS: Definir os princípios inerentes ao desempenho da Conferência Familiar em contexto de Cuidados Intensivos, visando a melhoria da qualidade da informação e a satisfação da Pessoa/Família.

DESCRIÇÃO:

1º Explicação.

Vários estudos corroboram que a informação é das principais necessidades sentidas pela Família das Pessoas internadas em Cuidados Intensivos; sendo a acessibilidade, a adequação da linguagem e a congruência caraterísticas valorizadas.

O êxito dos cuidados prestados e a satisfação da Pessoa/Família dependem em grande parte da relação de confiança estabelecida e o apoio prestado por parte da Equipa, o que implica respeito mútuo e capacidade de comunicação. No entanto, a existência de vários profissionais cuidadores com diferentes papéis e saberes, pode originar dificuldades na comunicação com confusão de papéis e conteúdos informativos.

O aparecimento da estratégia de CF nas UCI surge da necessidade de criação de metodologias de organização de informação dirigidas a Pessoa/Família mais eficazes e eficientes.

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Esta estratégia tem a sua génese na resposta as necessidades e integração da Família como alvo de cuidados; mas igualmente na emergência de se abordar os processos de saúde/doença da Pessoa internada em termos de qualidade de vida e potencial de saúde (Fox, 2014).

2ª Siglas, abreviaturas

CF- Conferência Familiar.

CIPE- Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. DGS- Direcção Geral de Saúde.

OE- Ordem dos Enfermeiros.

UCI- Unidade de Cuidados Intensivos.

3ª Enquadramento Legal

Direito à informação em saúde

No ordenamento jurídico português estão estabelecidos direitos específicos à informação em saúde, nomeadamente na Lei de bases da Saúde (Lei n.º48/90,de 24 de Agosto); no Estatuto Hospitalar (Decreto Lei n.º48/357, de 27 de Abril de 1968) e na Lei nº 12/2005 de 26 Janeiro referente a “Informação genética pessoal e informação de saúde”, que não se esgotam no domínio da informação, mas abrangem o seu modo de transmissão.

Em Portugal, o direito à proteção da saúde (artigo 64º) e o direito à integridade pessoal (artigo 25º) estão consagrados na Constituição da República Portuguesa; assentando num conjunto de valores fundamentais como a dignidade humana, a equidade, a ética e a solidariedade.

A Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes da DGS, no seu artigo 6º, realça a autonomia da Pessoa, na capacidade decisória do desejo ou não de ser informado sobre o seu estado de saúde, ou ser informado parcialmente. Refere igualmente o direito a decidir quem deve receber a informação no seu lugar, direito intimamente relacionado com o artigo 26º da Constituição da Republica, que se refere ao direito à intimidade.

A Lei nº 12/2005 de 26 Janeiro referente a “Informação genética pessoal e informação de saúde” afirma que a informação de saúde é da propriedade da pessoa, sem prejuízo das condições

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do exercício da titularidade, sendo os profissionais de saúde “os seus depositários”; tornando-os desta forma, responsáveis pela sua veiculação e pelos direitos consagrados da Pessoa.

Considera-se implícito que o direito à informação em saúde por parte da Pessoa e da Família são duas dimensões diferentes, já que “a informação sobre cada um a cada um pertence” (Ordem dos enfermeiros, 2003).

Os direitos de acesso à informação por parte da Família estão legislados na Lei 52/2012 de 5 de Setembro, Lei de Base dos Cuidados Paliativos na Base VI; determinando as áreas de informação passiveis de serem geridas. Destacamos a alínea c) Receber informação sobre o estado clínico do doente, se for essa a vontade do mesmo e a alínea d) Receber informação objetiva e rigorosa sobre condições de internamento.

Face ao contexto legal, deverá ser discutido com a Pessoa, as suas preferências sobre o envolvimento da Família no Processo de Saúde/Doença e na tomada de decisão.

Esta premissa implica um ajuizar da necessidade/proporcionalidade de informação, por parte da Equipa de Saúde, da informação transmitida e recolhida relativamente: à utilidade para o recetor e o seu direito de acesso à mesma, sobre a pertinência para construção dos cuidados pela Equipa de Saúde, e às implicações na autodeterminação da Pessoa e no direito e dever do sigilo profissional da Equipa de Saúde.

Na inexistência de um representante legalmente reconhecido, o Sistema Jurídico português permite que, na impossibilidade de conhecer a vontade prévia do doente, a Equipa de Saúde consulte a Família sobre preferências em cuidados de saúde. Este ato tem como intuito formar decisões, sem que as vontades manifestadas sejam vinculativas.

O autor Walter Osswald (2004) define três vetores de análise na tomada de decisão: as vontades anteriormente expressas na promoção da autonomia do doente, o espírito de beneficência da equipa; e a subsidiariedade dos familiares e/ou eventuais representantes legais. O mesmo autor refere que a nenhum destes vetores deve ser atribuído papel decisório exclusivo, mas que a decisão deve ter em conta todos eles.

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Esta opinião é congruente com o artigo 6 da Convenção dos Direitos do Homem e da Biomedicina, que estabelece critérios de atuação com vista a proteger os indivíduos que careçam de capacidade de prestar o seu consentimento, e estabelece o benefício direto como central à decisão.

Assim, nas situações onde é evidente a vulnerabilidade, e em que a Pessoa pode não estar totalmente competente para decidir e cabe então ao profissional de saúde avaliar as medidas adequadas pelo princípio da beneficência e consentimento presumido, evitando a obstinação terapêutica.

4º Definição

Conferência Familiar- estratégia focada no doente e orientada para o cuidado à Família, que consiste numa reunião planeada e estruturada, com o cliente (presença variável), familiares e profissionais de saúde, com um propósito específico adequado às necessidades da Pessoa e Família que permite estabelecer uma comunicação eficaz e reforçar a relação interpessoal (Hudson, 2008).

Família- Assume-se a definição constante na CIPE que define a mesma como um grupo: unidade social ou todo coletivo composto por pessoas ligadas através de consanguinidade, afinidade, relações emocionais ou legais, sendo a unidade ou o todo considerados como um sistema que é maior do que a soma das partes (OE, 2011).

Familiar de referência- Pessoa determinada pelo utente (Familiar-representante), cujos direitos de obtenção de informação e a abrangência da capacidade de tomada de decisão devem ser definidos pelo próprio utente quando consciente. A declaração de vontade de acordo com a regra jurídica portuguesa é a oralidade, sendo que o consentimento em documento es crito deve ser utilizado em situações excecionais.

Na incapacidade do utente tomar esta decisão, o seu papel será de interlocutor entre as necessidades da Família, de qual é elemento representante; e a Equipa de Saúde.

No documento relatório de trabalho de projeto Final (páginas 195-200)

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