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POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS NACIONAL E DO CEARÁ

3 FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DE AUTOGESTÃO DE PERÍMETROS

4.3 POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS NACIONAL E DO CEARÁ

A sociedade mostra-se altamente angustiada com os distúrbios da natureza ocasionados por desequilíbrios ecológicos provenientes da ação antrópica. É necessário que haja uma discussão sobre os aparatos legais disponíveis para combater os desperdícios, no que se refere à utilização dos recursos hídricos.

É necessário, inicialmente, conceituar o Direito de Águas, chamado de Direito Hidráulico, para começarmos a falar sobre a legislação de recursos hídricos. Podemos definir o Direito Hidráulico como: “conjunto de princípios e normas jurídicas que disciplinam o domínio, uso, aproveitamento, a conservação e preservação das águas, assim como a defesa contra suas danosas consequências.” (POMPEU, 2004).

A estreita vinculação das normas jurídicas relativas às águas com o ciclo hidrológico, que desconhecem limites no seu percurso, faz com que o Direito de Águas contenha tanto normas tradicionalmente colocadas no campo do direito privado, como no do direito público. (POMPEU, 1985).

Segundo Senra e Vilella (2011), baseada na necessidade de dar mais atenção à questão dos recursos hídricos, o Governo Federal, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente criou no ano de 1995 a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH-MMA), com a responsabilidade de propor a formulação da Política Nacional dos Recursos Hídricos, bem como acompanhar e monitorar sua implementação.

Segundo os mesmos autores, diante desse contexto e depois de muita discussão por parte da sociedade e no Congresso Nacional, no ano de 1997, foi editada a Lei 9.433 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.

A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: a água é um bem de domínio público; a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. (BRASIL, 2011).

A PNRH apresenta vários objetivos, dentre os quais, são destacados a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Diante dos instrumentos disponíveis à prática dessa política, dois merecem destaque: a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Com relação ao regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, o Art. 11 objetiva assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. De acordo com o Art. 12, estão sujeitos à autorga os seguintes usos: derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; dentre outros. Dentre outros objetivos, a cobrança pelo uso de recursos hídricos visa incentivar a racionalização do uso da água; obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contempladas nos planos de recursos hídricos.

Segundo a Política Nacional dos Recursos Hídricos (1997), constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes.

Segundo Senra e Vilella (2011), após a instituição do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), no ano de 2000, foi criada a Agência Nacional de Águas (ANA), que tem como finalidade implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Segundo os mesmos autores, ainda não há uma uniformidade no desenvolvimento e aplicações devidas aos instrumentos da PNRH e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos preconizados pela Lei 9.433 de 1997 em todo o território nacional. Os autores afirmam uma necessidade de adaptação da política de implantação desses instrumentos, devido à alta diversidade nacional, para que posteriormente se possa obter o perfeito gerenciamento dos recursos hídricos de forma mais sustentável.

Atualmente temos a Lei Estadual de Recursos Hídricos Nº 14.884 de 2010. A Política Estadual de Recursos Hídricos tem como elementos básicos o plano estadual dos recursos hídricos, o sistema integrado dos recursos hídricos e fundo estadual de recursos hídricos.

A Política Estadual de Recursos Hídricos tem investido no setor estruturante, realizando ações de reserva de água através da construção de açudes interanuais, e de transferências de água, sejam em canais ou adutoras, que visam assegurar o abastecimento humano e gerar desenvolvimento nas regiões do Estado, com a oferta de água para a produção na indústria e na agropecuária. (CEARÁ, 2009).

Outros documentos foram produzidos no Estado do Ceará com o intuito de realizar um diagnóstico sobre as reais condições dos recursos hídricos no mesmo, como é o caso do Pacto das Águas. A discussão do Pacto das Águas pautou-se em quatro grandes eixos temáticos considerados estratégicos: Água para Beber; Convivência com o Semiárido; Água e Desenvolvimento e Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos.

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