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A Política de Educação como espaço sócio-ocupacional do Serviço Social A concepção de educação que fundamenta esta tese já foi exposta no

4 O SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO E AS PARTICULARIDADES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA

4.1 A Política de Educação como espaço sócio-ocupacional do Serviço Social A concepção de educação que fundamenta esta tese já foi exposta no

seu primeiro capítulo. Entretanto, convém retomar alguns aspectos que podem ser esclarecedores da requisição e inserção do Serviço Social nesse espaço de atuação. Nesse sentido, é importante retomar a centralidade da educação na dinâmica da realidade social, cuja dimensão estratégica destaca-se “no âmbito das disputas ideológicas e da esfera política” (ALMEIDA, 2007, p. 1). Enquanto dimensão da vida social, a educação “possui um caráter ontológico, ou seja, constitutivo dos modos de existência humana, do ser social, da organização da vida em sociedade” (ALMEIDA, 2007, p. 1) e, portanto, historicamente tem tido importância fundamental nos processos de construção dos diversos tipos de sociedade.

Assim, a compreensão da Educação como um espaço sócio-ocupacional em expansão para o Serviço Social baseia-se no entendimento de que, como parte da totalidade social, a educação estabelece uma relação orgânica com os processos produtivos, situando-se no cerne dos conflitos e disputas a esses inerentes. Foi a partir de sua inscrição na esfera pública que passou a ser subordinada aos interesses da burguesia, tornando-se palco de disputa de interesses pelas classes fundamentais da sociedade.

Desse modo, a decantada função socializadora da educação expressa sua dimensão política, visto que se volta para a formação de indivíduos adequados ao desenvolvimento de um modo de vida em sociedade. “Ao se articular organicamente à reprodução da vida social no modo de produção capitalista, passa a ser determinada por suas ricas e pulsantes contradições” (ALMEIDA, 2007, p. 3), daí o entendimento de que assim como pode contribuir, também, para a manutenção do status quo, pode contribuir para a luta pela transformação das relações sociais vigentes, pois sofre influências dos interesses em disputa. A educação escolarizada, por exemplo, embora possa ser utilizada como mecanismo de dominação e controle pelo capital é também, e ao mesmo tempo, resultado das lutas dos trabalhadores pelo acesso ao conhecimento, que é necessário às lutas emancipatórias.

Faz-se necessário ressaltar que a educação não se restringe ao espaço escolar e nem é tarefa exclusiva do professor. A família é a primeira instituição onde o ato educativo se processa, mas outras instituições têm assumido historicamente essa função educacional, como a igreja, os movimentos associativos, os partidos políticos, entre outras. As próprias empresas têm investido em processos educativos para tornar seus trabalhadores mais produtivos.

Todavia, é através da educação escolarizada que o Estado desenvolve sua Política Educacional, cujos princípios fundamentam a definição dos elementos norteadores a serem seguidos em âmbito nacional. Nas sociedades capitalistas, dada a referida relação orgânica entre os processos educacionais e de produção, a formulação e/ou reformulação das políticas educacionais sofre influências da conjuntura econômica vivenciada e das mudanças no mundo do trabalho por elas ocasionadas. Desse modo, na contemporaneidade da realidade brasileira, as reformas educacionais têm sido orientadas pelos princípios neoliberais que dão sustentação ao atual momento do capitalismo mundial.

Sendo permeada pelo jogo de poder que caracteriza a disputa de interesses entre as classes sociais, a Educação tem tido como função primordial a difusão da cultura hegemônica em uma determinada sociedade. Retomando a visão gramsciana de cultura, que a concebe como um modo de viver, de sentir, de pensar e de agir, percebe-se que a disputa hegemônica, no âmbito da Educação, está relacionada à luta pela hegemonia cultural entre essas classes. Diante disso, compreende-se, então, que o aparato legal que serve de suporte para a efetivação da Política Educacional não está desvinculado dos interesses em jogo nessa disputa. Assim é que a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e as Instituições responsáveis pela execução dessa Política (nas diversas instâncias) são também permeadas por esses conflitos.

A Política Educacional, então, é expressão das lutas no campo da cultura, “que não podem ser pensadas de forma desconexa da sua dinâmica particular com o mundo da produção” (ALMEIDA, s/d, p. 4). Desse modo, é expressão da questão social, pois resulta também das lutas das classes subalternizadas pelo direito à educação pública.

A relação entre a organização da educação escolarizada e o mundo do trabalho não se dá de forma imediata e mecânica, assim, apreender as mediações que a determinam é fundamental para situar os projetos e práticas sociais que atravessam e compõem o universo educacional (ALMEIDA, 2007, p. 3).

Considerando o abordado a respeito da constituição e da institucionalização do Serviço Social, percebe-se que Educação e Serviço Social fazem parte da mesma totalidade, estando sujeitos às mesmas mediações eles inerentes. Assim, pensar a inserção dos assistentes sociais na Política Educacional requer a apreensão das mediações presentes nesse processo. Almeida (2007) acredita que duas questões devem ser consideradas:

a compreensão da dinâmica e da complexidade desse campo de atuação; [...] o reconhecimento de que se a política educacional é uma das expressões das disputas protagonizadas pelos sujeitos sociais no campo da cultura ela também não encerra todas as particularidades da educação enquanto dimensão da vida social (ALMEIDA, 2007, p. 5).

Parafraseando esse autor, compreender a dinâmica e a complexidade da política educacional passa pela percepção de que essa política é organizada em diferentes níveis e modalidades de ensino (educação básica, educação profissional, educação superior e educação especial), através da rede pública e privada de ensino e é efetivada em diferentes instâncias de atuação (esfera municipal, estadual

e federal), o que leva a particularidades diversas, embora não se deva perder a dimensão de totalidade.

Embora possuam determinações e características comuns, suas especificidades devem ser levadas em conta, pois ocasionam situações diversas e que levam a diferentes demandas e práticas profissionais. Em relação às esferas estatais, a realidade brasileira tem demonstrado o quanto isso pode ser determinante das condições objetivas para efetivação da política, entre outros fatores.

A segunda questão alerta para a importância de perceber a educação para além da política educacional. Claro que é através dessa política que se dá a organização, regulação e efetivação dos serviços educacionais, com uma estrutura de funcionamento que envolve a definição de formas de trabalho coletivo, em que atuam profissionais de diversas áreas, mas cujo escopo de atuação extrapola o âmbito dessa política. Esse, por exemplo, é o caso do assistente social, que possui um campo de atuação bastante diversificado e uma intervenção profissional caracterizada por sua dimensão educativa, de fato, pois o caráter educativo das ações não se restringe ao contorno de uma política educacional, sendo característica de uma diversidade de instituições (como a família e a igreja, por exemplo) e práticas sociais (como a participação em organizações coletivas, entre outras).

Tendo em vista o que foi expresso até o momento, está claro que o exercício profissional do assistente social possui uma dimensão educativa16 em qualquer área que esteja atuando. Ao estudarmos sua origem e desenvolvimento ficou evidente na concepção defendida por Abreu (2010, p. 17), sua vinculação aos processos de luta das classes sociais pela hegemonia cultural, o que determina sua função pedagógica. No entanto, este estudo pretende adentrar na particularidade desse exercício no âmbito de uma política educacional, o que leva ao seguinte questionamento: quais têm sido as principais requisições para o Serviço Social no âmbito das instituições educacionais executoras dessa política?

Conforme abordado no capítulo anterior, a questão social é a base a partir da qual se deu a constituição e a institucionalização do Serviço Social como profissão. Não se pode esquecer, por conseguinte, que sendo produzida

16 É importante ressaltar que essa dimensão educativa articula-se dialeticamente às outras

socialmente, deve ser vista como uma totalidade concreta, social e historicamente construída e que está organicamente relacionada ao processo de produção e acumulação de capital e se manifesta de várias formas no cotidiano dos diversos espaços constituintes da vida social. Em vista disso, essas expressões estão presentes no âmbito da Política Educacional e dos espaços institucionais que a viabilizam.

No cotidiano das instituições de ensino, principalmente nas escolas públicas, (embora também nas de caráter privado) são vivenciadas inúmeras situações decorrentes do desemprego, da fome, do analfabetismo, das condições e da falta de moradia, da violência, da falta de assistência à saúde, da mendicância e de outras expressões da questão social e da difusão de uma ideologia que supervaloriza o individualismo, o consumismo e o hedonismo. Na visão de Martins (2016),

A “democratização” do acesso dos filhos da classe-que-vive-do-trabalho (Ricardo Antunes) traz para o universo educacional as mazelas da questão social. Considerando que a questão social, na conjuntura político- econômica e social atual, está cada vez mais acirrada beirando a barbárie, o ambiente educacional torna-se complexo, sendo uma das demandas sociais que requer a atuação do Assistente Social (MARTINS, 2016, p. 3).

Dessa maneira, apesar de não ser novidade, no ambiente escolar/acadêmico tem ocorrido, com crescente intensidade e complexidade, as seguintes situações que configuram uma realidade com a qual o Serviço Social lida cotidianamente:

a juventude e seus processos de afirmação e reconhecimento enquanto categoria social, exacerbadamente, mediado pelo consumo; a ampliação das modalidades e a precoce utilização das drogas pelos alunos; a invasão da cultura e da força do narcotráfico; a pulverização das estratégias de sobrevivência das famílias nos programas sociais; a perda de atrativo social da escola como possibilidade de ascensão social e econômica; a negação da profissionalização da assistência no campo educacional com a expansão do voluntariado; a gravidez na adolescência tomando o formato de problema de saúde pública e a precarização do trabalho dos docentes são algumas das muitas expressões da questão social (ALMEIDA, 2007, p. 5).

A ocorrência desses fatos não é garantia da requisição do profissional na área da Educação. É ainda Almeida quem afirma que a inserção do assistente social nesse espaço sócio-ocupacional faz parte de “uma lógica mais ampla de organização do trabalho coletivo” (ALMEIDA, 2007, p. 5) para combater os problemas que caracterizam essa realidade, que carecem de uma atuação articulada de profissionais especializados de diferentes áreas, pois não é competência exclusiva de nenhuma profissão. Além da formação de uma equipe

profissional, a estruturação de serviços sociais para atendimento das necessidades dos estudantes é um fator preponderante da requisição dessa profissão para o ambiente escolar e acadêmico, pois tem como objetivo favorecer o acesso e a permanência dos estudantes na educação escolarizada até a conclusão dos estudos.

[...] a inserção de assistentes sociais na Política de Educação, ao longo das últimas duas décadas, responde sobretudo as requisições sócio- institucionais de ampliação das condições de acesso e de permanência da população nos diferentes níveis e modalidades de educação, a partir da mediação de programas governamentais instituídos mediante as pressões de sujeitos políticos que atuam no âmbito da sociedade civil. Desse modo, se por um lado resulta da histórica pauta de luta dos movimentos sociais em defesa da universalização da educação pública, por outro se subordina à agenda e aos diagnósticos dos organismos multilaterais, fortemente

sintonizados ás exigências do capital, quanto à formação e qualificação da força de trabalho. Inscreve-se, portanto, na dinâmica contraditória das lutas societárias em torno dos processos de democratização e qualidade da educação, cujo resultado mais efetivo tem se traduzido na expansão das condições de acesso e permanência, a partir do incremento de programas assistenciais, o que caracterizou a intervenção do Estado no campo das políticas sociais na primeira década deste século (ALMEIDA, 2007, p. 37).

Nesse pensamento, exposto por Almeida, fica bastante claro que a inserção do Serviço Social no ambiente educacional é tensionada pelas contradições que perpassam a Política de Educação, sendo mediada pelas demandas impostas pela política neoliberal de desenvolvimento, que precisa de trabalhadores qualificados para atender as necessidades de mercado, nos moldes atuais de produção; bem como, pela mobilização e luta das classes subalternas pelo direito universal à educação. Isto é, a ampliação das condições de acesso e permanência, ao possibilitar a democratização da educação, objeto da luta dos trabalhadores, possibilita, também, a preparação da força de trabalho em condições de empregabilidade17, conforme solicita o modelo de acumulação flexível.

17

Mas o que seria essa “empregabilidade”? Para Forrester (1997, p. 118), “trata-se, para o assalariado, de estar disponível para todas as mudanças, todos os caprichos do destino, no caso, dos empregadores. Ele deverá estar pronto para trocar constantemente de trabalho (como se troca de camisa, diria a ama Beppa). Mas, contra a certeza de ser jogado “de um emprego a outro”, ele terá uma “garantia razoável”, quer dizer, nenhuma garantia de encontrar emprego diferente do anterior que foi perdido, mas que paga igual”.

Na verdade, “a crença na empregabilidade encobre as verdadeiras causas das desigualdades sociais e transfere para os indivíduos a responsabilidade pelo processo escolar, por sua formação e condição de empregado, passando a ideia de que o desemprego e a exclusão são decorrentes da falta de preparação do trabalhador. Diante disso, esse se vê impelido a buscar a qualificação em várias áreas, visando garantir sua multifuncionalidade e adequação à lógica flexível. Isso acaba gerando uma frustração, visto que o desemprego é estrutural e o uso capitalista da tecnologia aumenta o desemprego, levando essa massa de trabalhadores precariamente qualificados a engrossar as fileiras do exército industrial de reserva. E a instabilidade é uma constante ameaça para os que estão empregados” (ABREU, 2012, p. 58).

Alguns acontecimentos da década de 1990 constituem mediações importantes para a compreensão da inserção do Serviço Social na Educação:

 A consolidação do Projeto Ético-Político profissional é essencial para a legitimação do ideário construído pela categoria, que propôs a ruptura com o conservadorismo na profissão, colocando novas perspectivas para o exercício profissional nas diversas áreas;

 Foi também nessa década que se acirrou a expansão neoliberal, no Brasil, impondo o processo de redução do Estado e ocasionando profundas mudanças nas políticas sociais, ao reduzir os investimentos nessa área e, especialmente, na política educacional, que cumpre papel de destaque na criação das condições favoráveis à adequação do trabalhador às mudanças no mundo do trabalho, pois é um instrumento essencial para a construção do novo perfil de trabalhador requerido pelo modelo de produção e acumulação vigente;

 O agravamento da questão social, provocado pelo avanço neoliberal, repercute no interior das instituições educacionais, acirrando a manifestação de suas expressões e exigindo respostas do poder público, entre outros.

Nos anos 2000 e 2010, as ações afirmativas para democratização do acesso tornaram ainda mais evidentes as mazelas decorrentes da desigualdade social dentro da escola.

Essa inserção decorre, não só da necessidade de enfrentamento de problemas agravados pelo processo de reestruturação produtiva, mas também está relacionada ao amadurecimento e à consolidação do Projeto Ético-Político da profissão, que, em virtude do movimento da categoria e do notável acúmulo teórico e desempenho profissional em outras políticas sociais, tem contribuído para o reconhecimento de sua importância nas diversas áreas e para o alargamento do campo de atuação do Assistente Social.

Em relação ao primeiro aspecto apontado no parágrafo anterior, recorremos a Martins (2016), que apresenta um resumo esclarecedor dos determinantes das requisições postas para o Serviço Social na esfera educacional:

- o processo de assistencialização das políticas sociais, particularmente a política de educação como os programas de transferência de renda, cuja condicionalidade se refere à permanência na escola;

- os imperativos de melhoria dos índices educacionais brasileiros, extremamente atrasados, exigidos pelos acordos internacionais com agências multilaterais, principalmente o Banco Mundial. Esse quesito é

assumido pelas legislações brasileiras inicialmente pela própria Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) que reconhecem a educação como direito público subjetivo;

- em decorrência do imperativo jurídico ocorre o acionamento das instituições da área sócio-jurídica (Ministério Público, Defensoria Pública e Poder Judiciário) na garantia do direito individual à educação pública; - e o próprio perfil dos estudantes advindos da classe trabalhadora que trazem para o universo educacional as várias expressões da questão social as quais influenciam no processo de ensino-aprendizagem necessitando de articulação com a rede sócioassistencial para o devido encaminhamento e atendimento dessas demandas sociais;

- também podem-se incluir as demandas educacionais travejadas por questões pertinentes ao universo sócio-educacional tais como: infrequência e evasão escolar, dificuldades de aprendizagem. Nesse quesito, de forma geral, ocorre a culpabilização do aluno/família pelo fracasso escolar e aflora a dificuldade histórica da relação: escola-família e vice-versa (MARTINS, 2016, p. 4-5).

Com relação à mediação resultante do processo de consolidação do Projeto Ético-Político, há que se destacar que o acúmulo teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político construído nesse processo favoreceu o reconhecimento e a valorização do Serviço Social no âmbito das políticas sociais, abrindo novos caminhos e novos espaços para a intervenção profissional. Nesse ínterim, a relevância dada às dimensões política e educativa dessa intervenção resulta da percepção da contextualização sócio-histórica da profissão e do compromisso ético-político assumido desde então.

Decerto, a inserção do assistente social na Política Educacional tem sido voltada para “o fortalecimento das redes de sociabilidade e de acesso aos serviços sociais e para o reconhecimento e ampliação dos direitos dos sujeitos sociais” (ALMEIDA, s/d, p. 6). No entanto, mesmo que o profissional não tenha consciência disso, a dimensão educativa do exercício profissional expressa os valores e princípios que a fundamentam. Historicamente, as demandas institucionais nesse sentido são de que a ação do assistente social tenha como propósito preparar os indivíduos para o desempenho de papeis sociais através da disciplinarização da mente e formação de hábitos, bem como para inserção no mercado de trabalho. Segundo Martins,

uma das particularidades do trabalho do assistente social, requerida nas diversas instâncias da política de educação, justamente visa à mobilização da coesão e do consenso em torno da ideologia hegemonicamente constituída, com os sujeitos presentes no universo educacional (MARTINS, 2016, p. 4).

De outro modo, o referencial teórico-metodológico e o posicionamento ético-político dos profissionais, em consonância com os princípios que orientam o Projeto Ético-Político, podem favorecer o redirecionamento dos objetivos dessa ação de modo a contribuir para o fortalecimento de uma educação de caráter emancipatório.

Contudo, acredita-se que duas questões devem ficar claras ao abordar essa matéria: não se deve perder de vista que uma atuação nesse sentido não depende apenas da vontade política e do posicionamento ético dos assistentes sociais. O espaço institucional é, de fato, contraditório, é de fato um palco de luta política e ideológica, no qual está em disputa o poder hegemônico entre as classes sociais, o que impõe limites aos propósitos de sua ação; a outra concerne à centralidade da categoria mediação para a atuação do profissional nessa perspectiva. Em conformidade com o que foi estudado, como categoria teórico- metodológica, é a que vai possibilitar uma visão ampla da totalidade social, das relações e contradições que a constituem.

No caso da Política Educacional, a compreensão da sociedade brasileira como uma sociedade capitalista, em seus aspectos estruturais e conjunturais, o entendimento do processo de constituição e configuração atual do Estado Brasileiro, bem como das várias nuances que a conformam, são mediações fundamentais para apreensão das questões postas no cotidiano da prática para além da aparência imediata.

Nesse sentido, o exercício cotidiano de articulação entre singularidade, universalidade e particularidade é imprescindível para a captura das mediações presentes nos diversos espaços sócio-ocupacionais. Na educação, tal exercício pode permitir a identificação dos sujeitos e suas relações no contexto institucional; o desvelamento das contradições que perpassam as demandas institucionais, profissionais, dos estudantes e suas famílias e da comunidade; a identificação de profissionais e de outros sujeitos (individuais e coletivos) com os quais pode estabelecer alianças; a identificação dos interesses determinantes das ações desenvolvidas a percepção dos obstáculos e das possibilidades de atuação coerente com os princípios que orientam sua ação profissional; entre outros fatores que influenciam o fazer profissional.

Com base nessas considerações, acredita-se que a dimensão educativa obtém um significado primordial no ambiente educacional. Essa dimensão está

ligada à origem e à institucionalização da profissão, pois esteve no âmago de sua inserção na divisão social do trabalho, quando foi requisitada para atuar na difusão