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3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.2. Política Nacional do Meio Ambiente

Antes de qualquer coisa, urge comentar acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, a qual está regulamentada na Lei nº 6.938/1981, que em seu artigo 2º e estabelece o objetivo de tal política:

“Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio publico a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII – recuperação de áreas degradadas;

IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. ”(grifo nosso)

O artigo 2º fala em “proteção da dignidade da vida humana”. A preservação do meio ambiente é, primordialmente, isso: proteção da dignidade da vida humana! Como seria possível viver sem que houvesse um habitat adequado para a sobrevivência? Como seria possível viver sem um solo fértil, capaz de produzir bons frutos? Como seria possível viver sem um ar puro, livre de partículas poluidoras, tóxicas? Como seria possível viver sem água potável?

A dignidade de que fala o referido artigo engloba tudo o que é essencial para a vida humana, tudo que permite o homem ser um animal diferenciado dos demais. O fato de o homem ser racional, muda completamente sua forma de habitar este planeta, estando ele inserido em uma comunidade capaz de lhe proporcionar um estilo bem mais confortável e saudável do que o estilo selvagem das demais espécies animais.

Mesmo sendo racional, o homem nem sempre consegue agir racionalmente, em benefício dele próprio e dos demais. É irracionalmente que o homem vem degradando o meio ambiente, sem pensar nas conseqüências futuras dos seus nefastos atos.

O ser humano precisa ser digno da racionalidade que lhe foi concedida, seja por Deus, seja pela evolução natural. A partir daí, proteger a dignidade da sua própria vida e da vida latente que o circunda é essencial.

Aqueles que já se tornaram mais conscientes do processo de degradação ambiental têm o dever moral de passar seu conhecimento adiante, propagando a idéia da preservação para as pessoas à sua volta. Então surge o envolvimento com a educação ambiental.

Um os princípios citados no artigo 2º, encontrado especificamente no inciso X da lei que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, é o da educação ambiental, especialmente para a comunidade, visando à capacitação para a participação ativa na defesa do meio ambiente.

Esse princípio explicita a necessidade da educação ambiental nas políticas governamentais e na vida dos cidadãos. É por meio da educação ambiental que se pode atingir um patamar mais elevado quanto à conscientizar a sociedade no sentido de conservar o meio ambiente dela. Leve-se em consideração que a humanidade é uma unidade dialética com a natureza, sendo o homem “humanamente natural” e “naturalmente humano”, vinculado que é à natureza que o cerca.

A referida Lei, em seu artigo 4º, continua a traçar os objetivos de tal Política:

“Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV- ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. ”

Nessa parte, o legislador versou, no inciso VI, sobre “preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.” Esse texto traduz um pouco dos objetivos da educação ambiental, qual seja o de usufruir racionalmente os bens naturais que estão à disposição, para que eles continuem disponíveis pelo maior espaço de tempo possível, ou seja, para sempre, incluindo-se o uso pelas futuras gerações. A vida depende de cuidado, e, quando se tem cuidado, tudo dura por muito mais tempo.

A solidariedade está na essência do ser humano, e preservar nada mais é do que ser solidário com o meio em que se vive, com as demais espécies que habitam esse meio e com si próprio. Para isso, é necessário começar as mudanças em casa, com pequenas e cotidianas atitudes.

É a partir desse começo que poderá ocorrer o que Leonardo Boff (informação verbal) 47 outrora chamou de “revolução regular”, a qual parte da premissa de que o homem não pode se acostumar com ele mesmo, e partindo de sua própria mudança, o bem que fizer não fica preso, circula e é passado ao próximo. Funciona com um corrente do bem, com mentes e corações unidos.

Logo em seguida, o legislador aborda o tema da “obrigação de recuperar e/ou indenizar pelos danos causados” ao poluidor no inciso VII. Isso nada mais é do que a responsabilidade civil inserida no âmbito ambiental. Reporte-se para o tema da responsabilidade civil que já foi abordado no Capítulo II do presente trabalho.

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