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Políticas de Mobilidade Urbana no Espírito Santo

2.2 Mobilidade Urbana

2.2.2 Políticas de Mobilidade Urbana no Espírito Santo

Com o aumento da mancha urbana em direção às praias de Vitória e os municípios de Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana, o governo do estado do Espírito Santo precisou tomar medidas para melhorar a mobilidade urbana entre essas regiões. Uma das primeiras iniciativas do governo do estado do Espírito Santo foi a elaboração do Plano de Estruturação do Espaço da Grande Vitória - (PEE), concluído em 1976, com a finalidade de estabelecer o planejamento urbano do estado. O plano indicou a “definição do sistema viário e a adoção de uma política de transportes”. (REVISTA DO IJSN, 1979, p.5-6). Com o crescimento da mancha urbana do município de Vitória extrapolando seus limites territoriais, que atingiram outros municípios foi criada em 1977 a Aglomeração Urbana da Grande Vitória. O PEE permitiu o surgimento do “[...] primeiro estudo destinado a estruturar o sistema de transporte coletivo urbano, o qual, dentre outras propostas, apresentou o esboço de uma rede integrada de vias com pistas exclusivas para ônibus, cuja implantação não prosperou” (CAUS;SANTOS, 2008, p.17).

Em 1985, foram realizados estudos e pesquisas de Origem e Destino (O-D) nos municípios que formavam a Grande Vitória que serviram de subsídios para a elaboração do Plano Diretor de Transporte Urbano da Grande Vitoria-PDTU- GV/1985. Desse plano surgiu o Programa de Investimentos no sistema de Transporte Coletivo da Grande Vitória – TRANSCOL, responsável pela mudança da estrutura do sistema de transportes da RMGV, que passou de uma configuração radioconcêntrica para tronco-alimentadora, representando uma transformação e inovação para o sistema de transportes públicos da região. A nova configuração possibilitou a integração entre os municípios por meio das linhas troncais que circulam entre os terminais, enquanto que os bairros se integram entre si e aos terminais por meio de linhas alimentadoras. Nesse novo sistema os passageiros podiam pagar apenas uma passagem saindo do seu bairro passando pelos terminais e chegando ao seu destino.

Em 1998, o governo do estado do Espírito Santo realizou novas pesquisas de Origem-Destino (O-D), que embasaram a atualização do Plano Diretor de Transporte Urbano da Grande Vitoria (denominado PDTU-GV-2001). e originou a publicação “Como anda nossa gente”. Nesse plano foram realizados estudos para ampliação do sistema TRANSCOL, sendo construídos os terminais de Jacaraípe, São Torquato, Itaparica e Jardim América, bem como foram analisadas a viabilidade técnica-econômica e ambiental da implantação do modal VLT – Veículo Leve sobre Trilhos e Sistema BRT – Bus Rapid Transit, basicamente nos corredores viários onde circulam atualmente as linhas troncais.

Em 2003, foi instituída a Lei 5830 que obriga a instalação de bicicletários nas escolas públicas municipais de Vitória. Uma medida de incentivo ao uso da bicicleta pelos estudantes que infelizmente fracassou possivelmente devido a falta de infraestrutura viária para o deslocamento seguro com bicicletas.

Em 2007, foi realizada a atualização da pesquisa de Origem-Destino de 1998, cujo resumo foi publicado com o título “Como anda nossa gente hoje”. Constatou-se nessa pesquisa que o transporte individual apresentou maior participação nos municípios de Vitória e Vila Velha, enquanto que nos municípios de menor renda (Cariacica, Serra e Viana) o transporte não motorizado (a pé e bicicleta) aumentou. (PDTU, 2007, p. 35).

O Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Cidade de Vitória (PDTMU), datado de 2007, incluiu um Estudo de Viabilidade Técnico Operacional, Econômico- Financeira do Sistema Metrô-Leve para a Cidade de Vitória.

Em 2012, foi lançado pelo governo do Estado do ES o Programa de Mobilidade Urbana (PMM) – BRT Grande Vitória. Um programa com grande investimento para a área da mobilidade urbana da RMGV prevendo obras viárias, implantação de via exclusiva de ônibus e de todo o seu correspondente sistema operacional, melhorias no transporte público e inclusão de novos modais de transporte.

Em 2013, foi lançado o Programa Cicloviário Metropolitano – PCM, parte integrante do PMM. O programa tem como premissa principal a multimodalidade, procurando integrar a bicicleta no ambiente urbano não só como esporte e lazer, mas sim como um modo de transporte a mais na Região Metropolitana.

Duas leis municipais de Vitória (ES) foram instituídas em 2013:

 Lei 8.564 de 29 de novembro de 2013 que promove a política de incentivo ao uso da bicicleta. A lei possui artigos com vários objetivos de estímulo e garantias ao uso do modal cicloviário;

 Lei nº 8.559 de 2 de dezembro de 2013, instituindo a Semana de Incentivo ao Ciclismo no município de Vitória. Prevê o incentivo ao uso de bicicletas em Vitória, durante uma semana no mês de agosto.

Essas leis municipais foram pouco eficazes, basicamente devido à falta de infraestrutra cicloviária. O governo do Estado do Espírito Santo, em 2013, por meio da Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano – SEDURB, contratou uma empresa para elaborar Planos de Mobilidade Urbana Sustentável e Projetos Estruturantes com a finalidade de apoiar seis municípios do estado a elaborarem seus Planos de Mobilidade Urbana conforme estabelecido no Estatuto das Cidades Lei (10.257/01) e da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012). Os municípios atendidos foram: Anchieta, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Guarapari, e Linhares. Os planos foram realizados apontando as principais ações a serem tomadas pelos municípios atendidos por ele.

Os Planos Diretores

Em 1973, foi criado o Plano de Desenvolvimento Integrado de Vitória (PDI), que estabeleceu diretrizes que guiaram as transformações urbanas que a cidade estava passando na época, dando ênfase às particularidades e singularidades paisagísticas da microrregião (KLUG, 2004).

Em 1984, com o processo de verticalização de Vitória tendo iniciado, foi realizado o primeiro Plano Diretor Urbano. Embora o plano diretor tenha se baseado no PDI, Klug (2004) afirma que:

[...] pode-se perceber uma mudança radical no conteúdo e na metodologia de elaboração dos dois planos. Da complexidade dos diagnósticos técnicos e dos volumes enormes com mapas, pesquisas e estatísticas, elaborados por equipes multidisciplinares, o plano diretor transformou-se em projeto de lei de princípios e diretrizes mais gerais de política urbana de pouca efetividade. (KLUG, 2004, p.11).

Dez anos depois foi elaborado o segundo PDU cuja característica foi a mudança no gabarito das construções e a criação das zonas de planejamento. Klug (2004) afirma que:

A possibilidade de maior verticalização, principalmente na região da Praia do Canto, levou a formação de paredões edificados devido à grande diferença de proporção entre a altura das construções e o afastamento entre as mesmas. Esse processo aumentou ainda mais o impacto da verticalização sobre os afloramentos rochosos, na medida em que começaram a surgir edifícios com altura superior a dos morros. (KLUG, 2004, p. 12).

Os dois PDU’s (1984 e 1994) não incorporaram a bicicleta em seus objetivos e diretrizes. Esse modal só foi contemplado no PDU de 2006.

O PDU de 2006 foi instituído sob a ótica do Estatuto das Cidades com uma seção que trata da Mobilidade Urbana, com diretrizes que apontam a integração entre os modais, incentivo aos transportes não motorizados, melhoria nas vias de circulação de ciclistas e priorização das calcadas e ciclovias em detrimento de estacionamentos para veículos motorizados. O Plano Viário Municipal deverá incorporar uma Rede Cicloviaria conforme traçado e com as características físicas, infraestruturais, geométricas e paisagísticas constantes nos Anexos 5 e 7 do referido plano (PMV, 2006).

Em 2014, a PMV contratou uma empresa para fazer a revisão do PDU para o período 2016-2024. Vem sendo realizados debates e seminários com as comunidades, sociedades civis e representantes de bairros, entre outros. A falta de conexão entre as ciclovias ainda é uma das reinvindicações mais solicitadas.

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