• Nenhum resultado encontrado

As políticas públicas podem ser entendidas como um conjunto de ferramentas ou ações estatais em benefício da promoção do bem-estar social. Essas ações independem de cor, raça, sexo, ideologias e outros elementos. Elas podem ser desenvolvidas nos mais variados campos de atividade de execução governamental.

Políticas Públicas podem ser entendidas como o conjunto de planos e programas de ações governamental voltados à intervenção, no domínio social, por meio dos quais são traçadas as diretrizes e metas a serem fomentadas pelo Estado, sobretudo na implementação dos objetivos e direitos fundamentais dispostos na Constituição. (SOUSA, 2006, p. 3).

Segundo Jardim (2008), política pública:

[...] é uma construção social (conjunto de fins a se atingir), mas também um construto de pesquisa (trabalho de identificação e reconstrução dos objetivos da ação pública). Políticas públicas revelam a construção de um quadro normativo de ações envolvendo Estado e Sociedade Civil. Como tal, trata-se de um quadro susceptível de indagações sob um processo permanente de redefinição da estrutura e dos limites dos campos políticos. (JARDIM, 2008, p. 5).

No entendimento de Fontes, “as políticas públicas compreendem as ações e programas para dar efetividade aos comandos gerais impostos pela ordem jurídica que necessitam da ação estatal” (FONTE, 2013, p.45).

Para Campos, as políticas públicas respondem aos anseios da sociedade.

As políticas públicas ampliam e efetivam direitos dos cidadãos. Mas esse não é o seu único objetivo. Elas também respondem a demandas de setores marginalizados e vulneráveis da sociedade – que através da mobilização social pressionam a opinião pública –, promovem o desenvolvimento, regulam os conflitos e estabelecem regras e procedimentos. (CAMPOS, 2015, p. 9).

Os conceitos de política pública são bem variados, mas fica claro que as prioridades dessas ações e programas de Estado advêm do desejo de mudança, por parte dos dirigentes do Estado que recebem demandas sociais. Além disso, têm lugar quando a harmonia em um dos campos da sociedade está fragilizada ou passa por momentos de tensão e ou instabilidade. Esse tipo de situação só pode ser regularizado por meios de ações pontuais do governo. A partir dessas tensões, o governo elege o rol de prioridades de políticas públicas. Para Jardim:

As políticas públicas tendem a serem compreendidas como o "Estado em ação", ou seja, o Estado implantando um projeto de governo. Trata-se de ações procedentes de uma autoridade dotada de poder político e de legitimidade governamental que afeta um ou mais setores da sociedade (JARDIM, 2006, p. 7).

Os atores para o desenvolvimento das políticas públicas podem ser de origem estatal ou privada. Os estatais são os políticos, que possuem um caráter temporário e o poder de decisão, e os servidores públicos, que têm caráter permanente, são neutros e responsáveis pela burocracia das ações.

Para Lopes, “o funcionalismo público compõe um elemento essencial para o bom desempenho das diretrizes adotadas pelo governo”. O autor menciona, ainda, que “a burocracia é politicamente neutra, mas frequentemente age de acordo com interesses pessoais, ajudando ou dificultando as ações governamentais.” (LOPES, 2009, p. 9).

Cabe ressaltar que as políticas públicas são, de certa maneira, reféns do tempo, pois os tomadores de decisões ocupam cargos de maneira temporária, já que são políticos eleitos para governarem em um prazo determinado. Além disso, as políticas públicas dependem da disponibilidade da burocracia, que pode, ou não, desvirtuar o interesse social da política, o que gera uma descontinuidade. Segundo Valle, “uma política pública não pode ser objeto de qualquer avaliação, dissociada de sua relação com o tempo”. (VALLE, 2009, p. 46).

Os atores privados são aqueles, que, de forma direta ou indireta, atuam cobrando das autoridades a implantação da política pública, na promoção do fortalecimento dessa política e na fiscalização de sua correta implantação, como no caso das ONGs de transparência pública.

As políticas públicas percorrem um ciclo composto por várias fases, desde a formulação, fase inicial, até a avaliação (fase final). De acordo com Campos (2015), cinco são as fases dela:

As políticas públicas são um processo dinâmico, com negociações, alianças, pressões e mobilizações de setores diversos. O Ciclo das Políticas Públicas é um esquema que facilita a interpretação e a visualização das diversas etapas e que constitui a “vida” de uma política pública, organizada em fases interdependentes, importantes para que a política pública seja capaz de atender efetivamente aos seus objetivos. (CAMPOS, 2015, p. 9).

A primeira fase diz respeito à definição da agenda, com a seleção das prioridades mais emergenciais ou que requerem uma atenção redobrada dos atores, em decorrência da identificação de um problema.

A definição de agenda diz respeito ao processo pelo qual os governos decidem quais questões precisam de sua atenção. Ela enfoca, entre outras coisas, a determinação e definição do que constitui o problema que ações de política pública subsequentes são destinadas a resolver. (WU, 2014, p. 29).

A segunda está direcionada à formulação da política propriamente dita. A apresentação das ações para a resolução de um problema identificado deve ser embasada no princípio da legalidade, para que não ocorra nenhum vício na formulação e aplicação. Nessa fase, podem ocorrer divergências entre os diversos atores, pois há interesses de ordem técnica e política.

A formulação de políticas públicas se refere ao processo de gerar um conjunto de escolhas de políticas plausíveis para resolver problemas. Nessa fase do processo, uma gama de potenciais escolhas de políticas é identificada e uma avaliação preliminar da sua viabilidade é oferecida. (WU, 2014, p.52).

A terceira fase é o processo de tomada de decisões ou escolha das ações. Trata-se do momento em que são fornecidas as diretrizes de resolução do problema, por meio de um instrumento jurídico (lei, decreto ou outro tipo de norma). Os agentes responsáveis pela tomada de decisão são do alto escalão gerencial do governo. “A tomada de decisão é a função de política pública em que se decide tomar um curso de ação (ou não ação) para tratar de um problema de políticas.” (WU, 2014, p.77)

A quarta fase do ciclo da política pública é a implementação ou execução das tarefas priorizadas pelos atores, ou seja, a transformação destas em atos concretos.

Nessa fase, podem ocorrer fatores prejudiciais à efetivação da política em função das disputas de poder entre os envolvidos na implementação. Dessa forma, o grupo deve possuir a racionalidade necessária para as decisões referentes à política escolhida e para a definição de estratégias para alcançar as metas estabelecidas. Para Wu “a implementação ocorre na fase do processo de políticas públicas em que as decisões de política pública se traduzem em ações.” (WU, 2014, p. 77).

A quinta etapa é a avaliação da implementação de uma política pública, tarefa de suma importância para a execução correta e efetiva dos objetivos da política. Dentre os vários escopos da avaliação, pode-se destacar a possibilidade de se detectar, corrigir e prevenir as falhas no programa.

Questionamentos a respeito da economicidade, eficiência, eficácia e efetividade dessa política serão feitos nesse momento, e essas informações irão realimentar a própria política, de forma a contribuir para o seu aprimoramento. (CAMPOS, 2015, p. 11).

A figura abaixo demonstra as fases de uma política pública e aponta algumas características necessárias aos atores envolvidos para o desenvolvimento correto de suas atividades.

Figura 6 - Influenciando o processo de políticas públicas: uma estrutura orientada à ação para gestores públicos

Na figura acima podemos observas, que os atores envolvidos nas políticas públicas devem possuir: a) perspicácia política, para negociar as melhores saídas na gerência de um conflito a ser harmonizado e definir a melhor agenda; b) capacidade de analisar as situações técnicas, tendo que ceder ou recuar de uma possível decisão, para não colocar em risco toda a formulação da política; c) experiência organizacional, para percorrer o caminho mais eficaz e eficiente para a consecução da política pública.

Além das fases, existem outros elementos a serem observados nas políticas públicas. Para Fonte (2013), eles são três: a) o primeiro diz respeito ao orçamento público, que é a previsão financeira para que a política possa ser colocada em prática e alcance os efeitos desejados; b) o segundo elemento refere-se ao planejamento público, pois ele garante a racionalização dos recursos e a transparência das ações governamentais; c) o último elemento considerado é a discricionariedade administrativa, que dá liberdade aos atores, observado o princípio da legalidade, de agir na ausência de uma previsão normativa.