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Políticas públicas e privadas voltadas à produção

3 GÊNESE E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

3.4 Políticas públicas e privadas voltadas à produção

Durante a década de 1990, diversas estratégias governamentais foram aplicadas visando ao aprimoramento da produção mediante melhorias entre os produtores rurais. Em Santa Catarina, por algum tempo, a principal medida utilizada pelo estado foi o fornecimento de financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, instituído pelo Governo Federal em 1995/96 (PRONAF).

O estado também era responsável pelo fornecimento de assistência técnica para os produtores. Em 1995, 47% dos produtores com área de 5 a 10 ha e 54% deles com propriedades de 100 a 200 ha receberam assistência técnica do estado. As duas medidas tiveram como finalidade a melhora da produção, seguindo uma preocupação nacional, iniciada na década de 1990, de melhoria entre os produtores no que diz respeito à qualidade da matéria-prima fornecida ao mercado. A preocupação na melhoria da qualidade do leite levou à elaboração da portaria 5649, publicada em diário oficial da União para consulta pública em 1999. Essa portaria ficou dois anos em consulta; posteriormente, foi substituída pela normativa 51.

A primeira medida tomada por parte do estado para melhorar a produção em Santa Catarina foi a instalação da unidade de pesquisa em Lages o EEL (item 3.2). A partir dessa época, a Epagri, juntamente com a Cidasc, passou a fornecer treinamento e cursos de capacitação para os produtores. Um outro exemplo mais recente é a parceria entre a empresa Cedrense (CBL) com a Epagri através do Centro de Treinamento da Epagri de São Miguel D`Oeste (CETRESMO). Nesse centro, é fornecido treinamento para os produtores que queiram produzir leite de ovelha.

Muitas das parcerias são firmadas entre empresas privadas e instituições públicas, na busca de melhorias no setor de laticínios, objetivando o aumento da produção e da qualidade do leite. Essas parcerias visam, na sua grande maioria, ao fornecimento de assistência técnica e à facilidade do acesso dos produtores a mecanismos de crédito rural como o programa já mencionado PRONAF.

Organizações privadas também têm atuado no setor, fomentando cursos de capacitação para os produtores, em parceria com empresas e cooperativas da região Oeste. Um exemplo é a parceira entre o Serviço de Apoio Brasileiro às Micro e

49 A portaria 56 tinha como um dos seus principais entraves, a proibição da produção de leite tipo C e da

produção de queijos com leite não pasteurizado. Por esta portaria ser considera severa de mais em suas exigências sanitárias ela foi substituída pela normativa 51.

Pequenas Empresas (SEBRAI) e a Cooperitaípu (filiada à Aurora), que juntos estão fornecendo para os produtores no município de Pinhalzinho um curso para pastoreio orgânico.

Em Chapecó, o exemplo vem do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) que, por meio dos seus cursos de tecnólogo em alimentos e graduação em alimentos, colocou em seus currículos acadêmicos uma cadeira obrigatória específica sobre laticínios (tecnologia de leite e seus derivados). Além disso, o SENAI tem oferecido freqüentemente cursos50 de qualificação profissional voltados para o setor e organizado encontros, como o VII Seminário do Leite, por exemplo.

Em São Miguel d`Oeste, o exemplo está na Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), que inaugurou em 2006 o primeiro curso superior em Laticínios do Brasil.

Em 2003, o governo do estado, por intermédio da Secretaria de Estado da Agricultura e Política Rural lançou o livro: A escolha da trajetória da produção de leite como estratégia de desenvolvimento do Oeste Catarinense, livro elaborado pelos pesquisadores da Epagri de Chapecó. A pesquisa teve como objetivo apontar as qualidades e os problemas da produção de leite no Oeste do estado, e verificar a importância do setor para os agricultores exclusos dos integrados e da produção de fumo. A pesquisa buscou assinalar políticas públicas e privadas para melhoria e manutenção do setor. Entre as sugestões fornecidas pelos pesquisadores, estão melhorias na assistência técnica, incentivos fiscais51, melhoramento genético do rebanho, apoio às cooperativas e a discussão sobre o que fazer perante a Portaria 56 que foi substituída pela normativa 51.

Em 2005, o governo do estado por intermédio da Epagri e do seu Centro de Estudos de Safras e Mercado (Epagri/Cepa) com apoio da Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional de Santa Catarina (SENAR-SC), desenvolveram diversas ações (seminários e debates) em várias regiões do estado. O objetivo dessas ações foi a identificação dos

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Treinamento em Metodologias de Ensaios Microbiológicos em Leite e Derivados; Curso sobre Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite (IN n°51 de 18/09/2004); Análises Microbiológicas em Leite e Derivados; Análise Físico-químicas em Leite e Derivados. Além da unidade em Chapecó, o SENAI tem levado esses cursos para outras cidades do Oeste, como São Miguel d`Oeste.

51 Santa Catarina é único estado do Sul do Brasil que não fornece incentivos pela isenção do Imposto

sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços (ICNS) tanto na produção como na industrialização de leite. No estado, o ICNS é cobrado na aquisição do leite com o produtor, na industrialização e na comercialização.

principais anseios e dificuldades da cadeia produtiva de laticínios no estado. Os resultados dessas discussões foram publicados em uma versão preliminar intitulada: Estudos da Cadeia do Leite em Santa Catarina – Prospecção e Demandas. Participaram dos seminários e debates, produtores, técnicos da iniciativa pública e privada, indústrias, cooperativas, sindicatos (Sindileite), Associação Catarinense dos Supermercadistas (ACATS) e organismos do governo. No trabalho, foram analisados os pontos fortes e fracos do setor nos segmentos de insumos, produção e indústria de processamento e distribuição. Para ambos os casos, foram propostas ações para o desenvolvimento da cadeia produtiva de laticínios no estado.