• Nenhum resultado encontrado

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVOS PARA O USO DAS TIC NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO

Segundo Valente (1999), a implantação dos computadores na educação percorreu diversos caminhos. Nos Estados Unidos, o uso dos computadores na educação independe de decisões governamentais. Na sua primeira proposta não houve formação de professores para uso pedagógico. Na França, a inserção das tecnologias nas escolas públicas foi planejada em 4 fases: preparação de docentes, uso do computador como

ferramenta pelos alunos, expansão da informática nas escolas e gestão do acervo disponível.

Almeida (1998) diz que apesar de os Estados Unidos e a França serem pioneiros no avanço tecnológico e terem em suas salas de aula bons computadores, naquele período histórico, pedagogicamente, tiveram poucas contribuições para o processo de ensino e aprendizagem. Um dos fatores por ele apontado é a falta de conhecimento dos professores acerca dos benefícios de inserir em suas aulas o uso da tecnologia.

Já no Brasil, as discussões acerca da inserção das Tic no cenário educacional surgiram em 1971 no I Seminário sobre o Uso de Computadores para o Ensino de Física, promovido pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) em parceria com a universidade americana, University of Dartmouth. No início dos anos 70, introduzir a informática na educação tinha por objetivo segundo Moraes (1993, p. 19),

[...] fomentar e estimular a informatização da sociedade brasileira, voltada para a capacitação científica e tecnológica capaz de promover a autonomia nacional, baseada em princípios e diretrizes fundamentados na realidade brasileira e decorrentes das atividades de pesquisas e da consolidação da indústria nacional.

Em julho de 1975, com a visita dos professores Seymour Paper e Marvin Minsky à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e com o intercâmbio de pesquisadores brasileiros no Massachusetts Institute Technology (MIT), em 1976, deram início as primeiras pesquisas realizadas com computadores na educação, mas especificamente na Linguagem LOGO4.

Nos anos 80 diversas iniciativas junto a universidades foram realizadas, uma delas foi a do Ministério da Educação (Mec) que junto a universidades brasileiras busca discutir e consolidar o programa nacional de informática na educação. Visando ampliar o quadro de pesquisas e pesquisadores e criar centros de estudos que visem contribuir com a melhoria da informática na educação brasileira. É a partir dessa ampliação que

4A linguagem Logo não foi originalmente desenvolvida com vistas ao ensino e sim como instrumento para a pesquisa em aprendizagem. O objetivo era criar uma situação experimental que interferisse o menos possível com o estilo cognitivo dos alunos, ou seja, com os seus processos mentais naturais. Para que isto ocorresse projetou-se uma linguagem de comunicação com o computador que usando comandos bastante simples, permitisse ao usuário: a) Possibilidade de resolver problemas relativamente complexos com um número mínimo de comandos e instruções; b) Liberdade quase completa para criar novos comandos e possibilidade de aplicar conceitos intuitivos; c) Variedade muito grande de atividades a serem desenvolvidas. (CHAVES et al., 1983, p. 06).

surge “[...] a proposta de montagem do Projeto EDUCOM5. Projetos modestos, controlados, e sediados em Universidades, tendo como centros experimentais6 escolas de 2º grau, deveriam ser implantados nas cinco regiões do Brasil.” (ALMEIDA, 1987, p. 16).

Introduzir a informática na educação na década de 80 requereu, dos professores, um período de adequação a tal recurso. Para Almeida (1987, p. 7), ainda existia muitas dúvidas sobre a inserção da tecnologia na educação. “Nem podem imaginar o que se pode fazer com o computador dentro da escola. Entre estes há os que, contra ou a favor, pouco imaginam o que um estudante fará com este objeto de tão moderna tecnologia”.

Ainda na década de 80 outros projetos são criados como, por exemplo, o Projeto Formar I, o Projeto Formar II e em 1989 o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe). O Proninfe tinha por objetivos, segundo seu documento de criação

I - Apoiar o desenvolvimento e a utilização de tecnologias de informática educativa nas áreas de ensino de 1º, 2º e 3º graus e de educação especial; II - Fomentar o desenvolvimento de infraestrutura de suporte junto aos diversos sistemas de ensino do país; III- Promover e incentivar a capacitação de recursos humanos no domínio da tecnologia de informática educativa; IV - Estimular estudos e pesquisas de aplicações da informática no processo de ensino- aprendizagem e disseminar os resultados junto aos sistemas de ensino, contribuindo para a melhoria de sua qualidade, a democratização de oportunidades e consequentes transformações sociais, políticas e culturais da sociedade brasileira; V - Acompanhar e avaliar planos, programas e projetos voltados para o uso do computador nos processos educacionais (BRASIL, 1994, apud OLIVEIRA; SANTOS; DE OLIVEIRA, 2013, p. 5).

Na década de 90 o Proninfe foi o responsável por diretrizes voltadas à inserção da informática na educação brasileira, servindo como base para seu substituo em 1997, o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). O Proninfo é criação do Mec e tem por finalidade promover o uso de computadores para o enriquecimento pedagógico em escolas públicas de ensino fundamental e médio7.

5Um dos objetivos do Projeto EDUCOM era o “desenvolvimento de novas metodologias de ensino, na promoção de uma aprendizagem mais ativa e significativa, numa educação básica de melhor qualidade” segundo (CHAVES; SETZER, 1988, p. 16).

6Os centros experimentais tem infra-estruturas relevantes para o desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de capacitação nacional e coleta de subsídios para uma futura política setorial. (MORAES, 1993).

7Informações obtidas no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) www.fnde.gov.br.

As contribuições desses Programas, anteriores ao Prouca, foram para o aprimoramento de políticas públicas e o desenvolvimento de estudos que buscam o fortalecimento de tais propostas para a educação.

Inserir as TIC na educação brasileira é um ponto que necessita ser discutido em termos históricos para que possamos compreender as ações que já ocorreram e as que estão em funcionamento, visando correções, aprimoramentos e evitar possíveis distorções. E nessa discussão a presença do professor é essencial já que eles são atores fundamentais quanto se trata de inserir a tecnologia na sala de aula, respeitando os aspectos e as necessidades do contexto educativo.