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Políticas Públicas Ligadas ao Artesanato no Ceará

CAPÍTULO 5 – POLÍTICAS PÚBLICAS

5.2 Políticas Públicas Ligadas ao Artesanato no Ceará

Na década de 70, as tratativas relacionadas ao incentivo às atividades artesanais no Ceará eram levadas a efeito pelo Departamento de Artesanato e Turismo da Secretaria de Indústria e Comércio.

Em 1971 é criada no Ceará a Feira dos Municípios com a proposta divulgar o potencial, inclusive o artesanato, de cada região do estado. Foi criado também o Programa Integrado do Desenvolvimento Artesanal (Pidart), sendo ampliada a sua abrangência, visto que surge apoiado pela Secretaria de Planejamento do Estado, pelo Ministério do Trabalho, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Sudene.

Em 1973, o governador Cesar Cals cria a Empresa Cearense de Turismo (EMCETUR), a qual, em 1975, lança o Primeiro Plano Piloto do Artesanato Cearense. No mesmo período, surge a Feira de Artesanato Nordestino (EXANOR), evento de significativo impacto na cultura a envolver folclore e artesanato. Essa feira essa foi realizada por três anos consecutivos em Fortaleza, de 1974 a 1976:

A indústria artesanal cearense mereceu especial atenção da Secretaria de Indústria e Comércio pelo duplo aspecto da atividade: o artesanato como indústria, propriamente, e como veículo de atração turística. Em vista de sua potencialidade, a Secretaria de Indústria e Comércio resolveu propor via projeto a Primeira Exposição do Artesanato Nordestino, no intuito de desenvolver e estimular a atividade artesanal da Região, através da difusão, propagação e divulgação dos artigos artesanais. (Cunha 2002: 23).

Em 1979, no governo Távora (1979-1982), é criada a Fundação dos Serviços Sociais do Estado do Ceará - FUNSESCE. Sob a liderança da primeira-dama, Luíza Távora, o órgão tem sob sua responsabilidade o gerenciamento de recursos voltados ao desenvolvimento e ao incentivo das atividades artesanais. Outro órgão criado na mesma administração foi o Centro de Desenvolvimento do Artesanato (Cedart). Essa iniciativa visava à comercialização dos produtos cearenses nos mercados interno e externo, em conformidade com as diretrizes existentes no Plano Nacional de Desenvolvimento do Artesanato (PNDA).

Conforme Drummond (2006), ainda em 1979, através de recursos provenientes do Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato (PNDA), o governador Virgílio Távora, no projeto conhecido como Plano de Metas de Governo - PLAMEG II, sob a tutela da FUNSESCE, fundou o Centro Artesanal da Prainha, com o objetivo de fortalecer o artesanato, provocar elevação dos ganhos das rendeiras de bilros pela eliminação da pessoa do intermediário nas operações de venda e o consequente alargamento do potencial de comercialização.

O Centro de Artesanato - CEART é mais uma obra do governo Távora. Originada em 1979 e somente inaugurada em 1981, transforma-se em uma entidade a operacionalizar os incentivos governamentais direcionados à prática artesanal da renda de bilros, de modo a visualizar tal atividade, não somente como geradora de renda, mas também como fator de acentuada atratividade turística, tendo a sua sede construída na área nobre da cidade de Fortaleza, no sentido de difundir e comercializar os produtos artesanais de forma centralizada, na busca, sobretudo, de atender ao mercado turístico de classes sociais mais abastadas.

No período, foram efetuadas ações relativas à outorga de ajuda de custo para aquisição de matéria-prima, qualificação, participação em feiras de negócios intra e interestaduais, proporcionando às rendeiras transportes e hospedagem para as mais diversas localidades do país onde houvessem eventos comerciais, de maneira a influir positivamente nas vendas do segmento.

Em 1985, no governo Gonzaga Mota (1983-1987), foi criado o Centro das Rendeiras Mirian Porto Mota, no Iguape, tendo como finalidade básica a qualificação e aperfeiçoamento, incentivos à produção e a comercialização da renda de bilros. Em paralelo, foi estabelecida a Associação das Rendeiras do Iguape, seguindo os parâmetros instituídos pelo empreendimento similar na comunidade da Prainha.

Para tanto, foram efetivados programas para liberação de crédito para ajuda de custo, focados na participação em missões e feiras nacionais e internacionais, além da disponibilização de linhas e demais insumos, treinamentos, etc. (Estado do Ceará 2014).

Para a participação como permissionária dos boxes e usufruto dos benefícios, foi exigida das rendeiras a filiação à associação citada, com o propósito de valorizar o trabalho coletivo e impor uma dimensão formalizada de instituição, condições essenciais à elevação da consciência profissional e redução da visão do artesanato como complemento de renda, efetivado de modo amador.

No governo Cid Gomes (2007-2015), ocorre a demolição do Centro de Rendeiras do Iguape e Prainha, tendo como motivo a insegurança ocasionada por anos de abandono e falta de manutenção. Seis anos após a demolição do centro do Iguape, no Governo de Cid Gomes, em 2014, surge, em seu lugar, um novo centro que manteve o nome original, isto é, Centro das Rendeiras Miriam Porto Mota, com projeto elaborado pela Coordenadoria do Artesanato e Economia Solidária (vinculada à STDS). O propósito é ser o maior polo de produção artesanal de renda de bilros do Ceará, com área construída total de 1.173 m² (Estado do Ceará 2014).

Durante a inauguração do prédio, havia uma preocupação por parte das rendeiras em atrair turistas para o local. No mesmo período, foi instituída uma parceria do governo estadual com as principais agências de turismo de Fortaleza. Os turistas que visitavam Fortaleza eram levados até a comunidade por ônibus subsidiado pelo governo com o apoio de hotéis e guias turísticos. Ainda havia a possibilidade de ônibus advindos de outras regiões que pudessem reorganizar sua rota e fazer uma parada estratégica no local para realizar compras no Centro. Parte dessa rota era uma convergência com as viagens que vinham da BR–116. (Drummond 2006).

Além disso, eram realizados vários eventos em Aquiraz, no intuito de movimentar o município e valorizar as rendeiras, o que assegurava às artesãs visitas constantes dos turistas. Entretanto, não houve manutenção dessa parceria, pois o governo do Estado deixou de fornecer a verba para o transporte dos turistas junto às agências de turismo.

O Centro da Prainha, após dez anos de espera, foi inaugurado em 2017, no Governo de Camilo Santana em seu primeiro mandato, e conservou o nome de Centro das Rendeiras Luíza Távora, por solicitação das rendeiras, como forma de agradecimento e reconhecimento à Dona Luíza Távora.

O complexo conta com 1.000 m², e tem o próposito de ser o mais moderno centro de produção artesanal do estado. Como as rendeiras do Iguape, a preocupação por parte das rendeiras em atrair turistas é enorme, visto que hoje não há mais parcerias ativas, o que dificulta o acesso do turista aos centros de Aquiraz.

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