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A análise final foi feita por meio da articulação entre os dados obtidos em campo, por meio da análise documental e das entrevistas,

Mapa 5 Mapa dos auxiliares da juventude

6.5. POLÍTICAS PÚBLICAS

Um dos propósitos da pesquisa era de conhecer o que esses gestores jovens entendiam por políticas públicas para a juventude, já que a concepção do tema é fundamental para a execução de ações, pois a forma com que se concebe o tema se reflete nas configurações da prática. Pouco foi referido sobre esse tema. Emergiu a discussão sobre a novidade do

tema; mencionou-se que projetos criados para jovens não levam em consideração sua opinião, que este tipo de proposta não tem visibilidade política e que cabe ao auxiliar da juventude contribuir para a inclusão do tema nas agendas dos subprefeitos.

São pequenas as discussões neste aspecto, porém trazem importantes pontuações que podem incrementar a inserção da discussão sobre políticas públicas. As superações dos desafios relativos à proposição de políticas devem considerar: a compreensão do jovem como ator estratégico de desenvolvimento; o entendimento de que ele não é “beneficiário” de políticas mas sujeito de direitos; o apoio institucional para gerar instrumentos para viabilizar políticas; o financiamento necessário; a qualificação profissional; a potencialização da participação do jovem; além da inclusão da temática da juventude nas agenda públicas (DÁVILA, 2003).

6.6.

JUVENTUDE SAUDÁVEL

Quando questionados sobre o que entendiam por jovem saudável, os entrevistados consideraram que a saúde de uma população é influenciada por diversos fatores e determinantes sociais. Aproximaram-se das proposições da promoção da saúde quando descreveram a necessidade de assegurar que seus direitos básicos sejam respeitados, já que entendem o jovem saudável como aquele que tem educação, saúde, transporte, lazer, esporte, moradia, relações familiares, entre outros direitos de cidadania.

Revelou-se também o entendimento de que a saúde está relacionada ao nível de informação que o sujeito dispõe, pois a quantidade de conhecimento que carrega viabilizaria o respeito aos seus direitos. Entretanto, essas percepções reforçam uma forte tendência de considerar que a garantia dos direitos adquiridos são de responsabilidade do sujeito, como único e exclusivo culpado pelo seu sucesso ou fracasso.

As formas de concepção de juventude ainda estão arraigadas na concepção de jovem problema. Esta concepção justifica a criação de

intervenções que ajustem os jovens às regras dominantes PAIS (2003), ABAD (2003). Entretanto, um entrevistado ao apontar a recorrência desta postura, considerou que a possibilidade de ocupar um lugar na gestão pública pode ser uma oportunidade de mostrar que esta interpretação é errônea e estigmatizada.

O ideal de jovem saudável, de acordo com a percepção dos entrevistados, pode ser possível desde que a juventude seja entendida como população de direitos, pelo único e exclusivo motivo de serem cidadãos que merecem respeito às suas necessidades, diferenças e potencialidades. De acordo com CASTRO (2003), a fragilidade de políticas públicas ocorre porque os gestores destas propostas desconsideram a falta dos direitos humanos básicos a qualquer pessoa.

Um entrevistado trouxe ainda o entendimento de que a saúde está relacionada com o direito de escolha que toda pessoa tem, inclusive o jovem. A criação de políticas públicas que considerem esse aspecto coloca o jovem como um sujeito ativo que deixa de ser uma “marionete”, como apontou Pais (2003), sendo permitido gostar ou não de uma proposta de trabalho.

6.7.

APROXIMAÇÕES COM A PROMOÇÃO DA SAÚDE

Tradicionalmente, a saúde pública reforçou estratégias de cuidados baseadas na concepção biomédica (ADORNO e col., 2005) nas quais a saúde é entendida como ausência de doenças. Isso fez gerar intervenções que priorizam acabar ou diminuir os problemas decorrentes das instabilidades do sistema biológico dos sujeitos SANTOS (2006).

A utilização da abordagem da promoção da saúde no campo da saúde pública permite questionar os trabalhos até então desenvolvidos, ao considerar a saúde como reflexo da associação de diferentes fatores da vida do sujeito e ao ressaltar a importância da influência de aspectos sociais,

econômicos, culturais, ambientais, psicológicos e biológicos na saúde de um sujeito ou grupo social (WESTPHAL, 2006).

A concepção de promoção da saúde tomada como referência teórica neste trabalho ultrapassa o campo da saúde pública e requer a discussão sobre a elaboração de políticas públicas como estratégias promotoras de saúde.(VALADÃO, 2003). Entende-se que essa abordagem pode contribuir na compreensão do trabalho dos auxiliares da juventude e na elaboração de políticas públicas saudáveis no campo da juventude.

Os referenciais normativos das políticas públicas para juventude apontados por CHAVES JUNIOR (1999) consideram a necessidade de serem: integral, no sentido de apreender a questão juvenil em todos seus componentes; envolver todos os atores no processo decisório; deve estudar, a dinâmica da juventude; descentralizada, proporcionando atendimento e participação local dos jovens, ser universalista, adequada ao contexto do jovem e participativa.

Os princípios norteadores da promoção da saúde consideram a necessidade de envolver toda a comunidade, considerar os determinantes sociais da saúde, combinar métodos de trabalho, efetivar a participação social e a intersetorialidade (Westphal apud FERNANDEZ et al, 2008)

Estes dois referenciais têm em comum os pressupostos da participação e da intersetorialidade, entendidos aqui como questões fundamentais para a elaboração de políticas, capazes de reorientar os serviços no sentido de diminuir sua fragmentação, respeitarem a heterogeneidade juvenil assim como promover políticas que superem a visão estigmatizante de jovem problema.

O auxiliar da juventude, tomado como ator com possibilidade de exercício da função pública, poderia ser um agente promotor de saúde desde que os tantos desafios apontados fossem superados. Por outro lado, entende-se que as contribuições da abordagem da promoção da saúde

como apontaram FERNANDEZ e MENDES (2007), poderiam facilitar este processo, pois possibilita a compreensão e articulação de temas complexos como a intersetorialidade- como contrapartida às ações fragmentadas, assim como a participação no contexto de descentralização do poder público para a gestão local. Conseqüentemente, também poderia contribuir para a discussão de políticas que, ao invés de estigmatizar, considerem as potencialidades juvenis.

A figura a seguir objetivou ser uma representação gráfica da complexidade do que seria um possível funcionamento efetivo da proposta. A partir de um fluxo constante, os diferentes componentes envolvidos nesse circuito se articulariam e se interelacionariam, de forma a contribuir para a qualidade do trabalho dos auxiliares da juventude, em um processo de contínua retroalimentação.

Figura 13 – Representação gráfica para efetividade da estratégia