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3 Revis˜ao de Literatura e Fundamentos

3.4 Pol´ıticas e pol´ıticas de informa¸c˜ ao

A grafia politikˆe, da raiz etimol´ogica do termo “pol´ıtica” tem o significado de “ciˆencia

dos neg´ocios do Estado; a administra¸c˜ao p´ublica”. Nos dias atuais, o termo ´e empregado

em diversos sentidos, navegando do significado original a varia¸c˜oes como “ast´ucia, capaci-

dade de relacionar-se para obten¸c˜ao de resultados”, passando por “cortesia e urbanidade”

(HOUAISS, 2000).

No contexto de “arte ou ciˆencia de governar ”, encontramos o termo pol´ıtica aplicado a “orienta¸c˜ao ou m´etodo pol´ıtico”, significando o conjunto dos comportamentos voltados a atingir fins espec´ıficos em uma determinada ´area administrativa. Neste sentido, n˜ao se limita mais `a figura do Estado, antes, assume livremente um lugar no ˆambito organiza- cional e passa a designar os comportamentos das ´areas espec´ıficas, como por exemplo, pol´ıtica de inclus˜ao social, pol´ıtica de recursos humanos, pol´ıtica de tecnologia, dentre outras “pol´ıticas”.

Ainda nesta linha, as pol´ıticas situam-se no contexto decis´orio coletivo das institui¸c˜oes, figurando entre os n´ıveis constitucional e operacional ou individual (KAY, 2005).

No ciclo de vida das pol´ıticas, tˆem papel preponderante as redes pol´ıticas, que des- crevem a sistem´atica de atua¸c˜ao dos agentes pol´ıticos, complexa especialmente por n˜ao estar contida em um m´etodo bem controlado, nem tampouco produzir modelos est´aticos ou inspirar confiavelmente outras pol´ıticas. Assim, as redes pol´ıticas permitem a an´alise de formas de intera¸c˜ao n˜ao-hier´arquica entre os atores p´ublicos e privados na constru¸c˜ao das pol´ıticas (B ¨OORZEL, 1998), permitindo inclusive a an´alise de alguns tipos de rela¸c˜oes humanas (CASTELLS, 2003).

Apesar de as intera¸c˜oes entre os atores pol´ıticos apresentarem-se vinculadas `a formu- la¸c˜ao de pol´ıticas, parece ser amb´ıgua a rela¸c˜ao de causalidade, podendo as intera¸c˜oes aparecerem como causadoras das pol´ıticas, ao mesmo tempo em que se pode entender que as intera¸c˜oes entre os atores pol´ıticos s˜ao ocasionadas pela existˆencia das pol´ıticas (MARCIANO, 2006).

A relevˆancia do papel dos atores no fenˆomeno social das pol´ıticas indica a ado¸c˜ao da defini¸c˜ao de Marciano (2006):

“Uma pol´ıtica ´e uma linha de conduta coletiva, resultante da intera¸c˜ao entre atores dentro de um quadro de coopera¸c˜ao-integra¸c˜ao reciproca- mente reconhecido. Nestes termos, ´e um fenˆomeno eminentemente so- cial e como tal deve ser compreendido”.

Para Theodor Lowi (1964), a pol´ıtica pode ser classificada e deve assumir um dos quatro tipos b´asicos:

– pol´ıticas distributivas – basicamente s˜ao decis˜oes tomadas pelo governo, que desconsideram a limita¸c˜ao de recursos e produzem impactos localizados ao privilegiar determinados grupos sociais ou regi˜oes, em detrimento do todo; – pol´ıticas regulat´orias – visam `a regulamenta¸c˜ao e controle de atividades e envolvem burocracia, pol´ıticos e grupos de interesse, requerendo alta especi- aliza¸c˜ao para sua formula¸c˜ao e implementa¸c˜ao. Os benef´ıcios deste tipo de pol´ıtica demonstram-se mais lentamente;

– pol´ıticas redistributivas – afetam um n´umero maior de indiv´ıduos, propor- cionando expectativa de ganhos para certos grupos sociais e perdas concretas e imediatas para outros grupos, visando `a modifica¸c˜ao da distribui¸c˜ao de re- cursos existentes; e,

– pol´ıticas constitutivas – lidam com procedimentos e s˜ao destinadas ao tra- tamento de bens comuns e n˜ao renov´aveis.

Dentre as possibilidades de pol´ıticas, as pol´ıticas de informa¸c˜ao podem ser destacadas pela importˆancia do contexto da sociedade da informa¸c˜ao. Adequadas abordagens para a coleta, armazenamento, dissemina¸c˜ao, tratamento e descarte da informa¸c˜ao s˜ao consi- derados diferenciais enquanto permeiam as demais pol´ıticas e mesmo as rela¸c˜oes sociais, conferindo-lhes visibilidade, compreens˜ao, capacidade de penetra¸c˜ao, viabilidade de dis- cuss˜ao e matura¸c˜ao no seio dos ambientes em que s˜ao aplicadas. ´E importante observar o vigor que somente a informa¸c˜ao pode proporcionar `as pol´ıticas em termos de comunica¸c˜ao, o que confirma a relevˆancia das pol´ıticas de informa¸c˜ao.

De acordo com Rubens Ferreira, no campo das pol´ıticas p´ublicas, no qual a informa¸c˜ao tem papel essencial, cabe aos governos de todos os n´ıveis desenvolver as pol´ıticas de informa¸c˜ao. De natureza peculiar, as pol´ıticas de informa¸c˜ao referem-se `as diretrizes e a¸c˜oes estrat´egicas capazes de orientar o uso eficaz desse recurso no campo da cultura, da pol´ıtica e da economia na sociedade da informa¸c˜ao de acordo com os novos paradigmas, tais como a descentraliza¸c˜ao de processos, otimiza¸c˜ao de custos, participa¸c˜ao social direta nas decis˜oes pol´ıticas e gest˜ao dos servi¸cos p´ublicos, bem como o livre acesso do cidad˜ao `a informa¸c˜ao p´ublica (FERREIRA, 2003).

Segundo Marciano (2006) e Lima-Marques (2006), uma defini¸c˜ao razo´avel para “pol´ı-

tica de informa¸c˜ao” ´e a seguinte:

“Uma pol´ıtica de informa¸c˜ao ´e uma linha de conduta coletiva, resultante da intera¸c˜ao entre atores dentro de um quadro de coopera¸c˜ao-integra¸c˜ao reciprocamente reconhecido voltada `a caracteriza¸c˜ao, ao delineamento e `a defini¸c˜ao de condutas orientadas `a utiliza¸c˜ao da informa¸c˜ao como ativo transformador da sociedade”.

Das pol´ıticas de informa¸c˜ao s˜ao derivadas as pol´ıticas de seguran¸ca da informa¸c˜ao que ser˜ao tratadas na sess˜ao pr´opria sobre seguran¸ca da informa¸c˜ao neste trabalho.