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3. TEORIAS LIGADAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL E CRESCIMENTO, E

3.3. Relação entre a liberalização e crescimento económico

3.3.1. Polarização de ideias

A existência de uma possível relação entre a liberalização e o crescimento económico é uma questão que vem sendo debatida nos mais diversos estudo desde largos anos, e abre possibilidade de serem apresentados diferentes argumentos.

Apesar de diferentes trabalhos terem já sido feitos ou realizados em torno da referida relação, nos dias de hoje existem ainda tantos argumentos que vêm uma relação positiva entre liberalização do comércio e o crescimento, como há estudos que apontam para uma relação negativa entre as mesmas quer num âmbito das trocas comercias entre um grupo de países quer no contexto de múltiplos países.

Analisando um conjunto de trabalhos desenvolvidos sobre a referida relação, sobretudo através de estudos empíricos, pode-se afirmar que não há ainda um consenso entre os economistas se liberalização provoca unicamente um impacto positivo ou negativo no crescimento da economia de um determinado País (Greenaway et al, 2002, p. 233).

No entanto, há argumentos que referem para uma relação positiva, mencionando de que a liberalização promove o crescimento. Neste âmbito, de uma maneira geral, Shaheen et al (2013, p. 229) sublinha que a liberalização provoca um efeito positivo a nível do crescimento, apontando de que a introdução de promoção de programas de liberalização comercial concorre para o crescimento da economia de um determinado País.

Para Greenaway et al (2002, p. 230), se efectivamente há uma relação positiva entre ambos os fenómenos económico, é importante notar que desta forma a liberalização pode ser entendida certamente como um dos determinantes do crescimento económico.

Interpretando os argumentos apresentados acima por Greenaway et al, abrem-se a possibilidade de notar um certo grau de incerteza ainda, sendo que entendemos que embora possa haver uma comprovada relação positiva entre ambas questões, seria pouco prudente unicamente sublinhar que a relação é sempre positiva, pois outros argumentos podem ilustrar uma inversa relação, demonstrando de que o aumento da liberalização resultará num menor momento de crescimento para os países.

Para Hwang (1998 ) apud Iftikhar ( 2012, p. 23), há economistas que duvidam de que a liberalização tem um impacto positivo ao nível do crescimento de uma economia, pois para estes os estudos empíricos que vem sendo efectuado sobre esta relação são feitos de forma limitada, e a relação é comprovada positiva apenas por falta de obtenção de dados fiáveis.

Contrariando a possibilidade de haver uma relação positiva entre a liberalização comercial e o crescimento, Stiglitz (2006) apud Lopez e Thirlwall ( 2003, p. 2) diz que não é a liberalização, entendida como remoção de barreiras comerciais, que deve ser considerada para que haja crescimento, mas sim as exportações que representam uma força motriz para o crescimento económico.

Assim, mas uma vez vimos que não há uma interpretação e aplicabilidade comum sobre a liberalização, sendo que há países que defendem a liberalização, ao passo que outros são a favor do protecionismo que representa o inverso da liberalização. Edwards (1993, p. 1358), considera estas diferentes opiniões como estando presente já desde o período de Adam Smith, sendo que para o mesmo nunca foi consensual assumir de que a liberalização é de fato um veículo que leva ao crescimento económico, sobretudo particularmente no seio de alguns países em via de desenvolvimento.

Por intermédio de alguns fatos, Podkaminer (2016, p. 2) destaca que ironicamente a economia mundial observou um período de expansão do comércio

decorrente de maior liberalização comercial, mas que este período coincidiu de igual modo com um período de desaceleração da economia mundial.

De uma maneira geral, reiteramos mais uma vez de que tanto não há ainda uma única posição sobre a real relação entre a liberalização comercial e crescimento de uma determinada economia, mas como também há falta de consensos pode ser extensiva a relação de casualidade entre ambos os fenómenos, uma questão importante para que uma variável seja capaz de causar impacto negativo ou positivo sobre a outra.

De acordo com Amadou (2013, p. 151), a dúvida existente entre ambos os fenómenos é baseada fundamentalmente em torno da direção de casualidade, ou seja qual das questões ou variáveis provocam alteração sobre a outra, ou seja é liberalização que causa crescimento económico ou é o crescimento que leva a liberalização .

É preciso perceber que outros autores abordam igualmente sobre a relação de casualidade entre as duas variáveis, demostrando do mesmo modo dúvida concernente a esta relação. Por exemplo, Zeren e Ari (2013, p. 317) reconhecem tal-qualmente a existência de dúvida em relação a direção de casualidade entre a liberalização e crescimento económico, sendo que esta direção é um dos motivos que vem

influenciado o surgimento de diversos debates e estudos que surgem como forma de responder a real direção de casualidade, o que entende-se como havendo uma

polarização de ideias.

Segundo os autores, existem tanto estudos que apontam que liberalização, por um lado, impacta positivamente aos países em via de desenvolvimento em termos de crescimento económico, como há por outro lado, outros estudos que defendem de que liberalização por sua vez é um elemento que contribui para o crescimento económico exclusivo dos países desenvolvidos, e sendo assim não deve ser entendido de que mesma promove o crescimento económico para todos os Estados em via de desenvolvimento.

Assim, deve-se registar que pese embora possa haver uma relação positiva entre a liberalização e o crescimento económico, há igualmente a possibilidade de existir uma relação negativa e pode haver também desafios na relação de casualidade entre as

variáveis, razão pela qual é importante usar argumentos e dados mais corretos possíveis não só para observar se a relação é positiva ou negativa, mas também para avaliar a direção de causalidade.