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2. Revisão de Literatura

2.2. Situações de bola parada: definição e aspectos mais relevantes

2.2.1 Pontapés Livres

Os PL estão referenciados na Lei Nº 13 das Leis do Jogo 2008/2009 da FIFA. Segundo esta lei os PL classificam-se em directos e indirectos. Tanto nos PL directos como nos indirectos, a bola deve estar imóvel quando se executa o pontapé e o executante não poderá voltar a jogar a bola antes de esta ter tocado noutro jogador.

Segundo as Leis da FIFA, um PL directo será concedido à equipa adversária do jogador que no entender do árbitro cometa, por negligência, por imprudência ou com força excessiva, uma das sete faltas seguintes: dar ou tentar dar um pontapé num adversário; passar ou tentar passar uma rasteira a um adversário; saltar sobre um adversário; carregar um adversário; agredir ou tentar agredir um adversário; empurrar um adversário; entrar em carrinho contra um adversário. Um PL directo será igualmente concedido à equipa adversária do jogador que cometa uma das três faltas seguintes: agarrar um adversário; cuspir sobre um adversário; tocar deliberadamente a bola com as mãos (excepto o guarda-redes dentro da sua própria área de grande penalidade).

Por outro lado, um PL indirecto será concedido à equipa adversária se o guarda-redes cometer uma das seguintes quatro faltas dentro da sua própria área de grande penalidade: manter a bola em seu poder durante mais de seis segundos antes de a soltar das mãos; tocar uma nova vez a bola com as mãos depois de a ter soltado sem que ela tenha sido tocada por outro jogador; tocar a bola com as mãos depois de esta ter sido pontapeada deliberadamente para ele por um colega de equipa; tocar a bola com as mãos vinda directamente de

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um LL efectuado por um colega de equipa. Um PL indirecto será igualmente concedido à equipa adversária do jogador quando, no entender do árbitro: jogar de uma maneira perigosa; impedir a progressão de um adversário; impedir o guarda-redes de soltar a bola das mãos; cometer qualquer outra falta não mencionada anteriormente na Lei 12, pela qual o jogo seja interrompido para advertir ou expulsar um jogador.

No nosso estudo consideraremos a assinalação dos PL directos e indirectos, pois mesmo os livres directos não terão que ser obrigatoriamente marcados directamente para a baliza, sendo que, muitas das vezes, é mais benéfico para a equipa que ataca realizar um cruzamento para a área adversária. Nesse sentido Hughes (1994) diz-nos que os PL directos podem ser divididos em dois grupos. Num dos grupos encontramos os livres directos à baliza (quando se está perante uma boa situação de golo), noutro grupo temos os livres que não são marcados directamente para a baliza (quando, apesar de ser um livre directo, a probabilidade de se obter golo através de um remate directo é reduzida). Devido às condicionantes do nosso estudo, apenas consideraremos os PL apontados indirectamente, sendo que os PL marcados directamente para a baliza não serão contabilizados.

Segundo Cunha (2007) existem imensas maneiras de se efectuar a marcação de um livre, sendo que essa marcação deverá ser decidida de acordo com: características dos jogadores da sua equipa; percentagem de êxito obtido (considerando êxito a obtenção de golo ou lance que crie uma situação de bastante perigo para a baliza adversária); forma como a equipa adversária se posiciona para defender, tendo em conta o tipo de marcação que se efectua (homem a homem, mista e zona). Para Comucci (1981) os jogadores atacantes deverão colocar-se de forma a movimentarem-se rapidamente no espaço livre, especialmente criado por meio das combinações anteriormente experimentadas.

Nestes lances devem-se colocar dois jogadores (um esquerdino e um dextro) como possíveis marcadores do livre, para tentar causar uma situação de dúvida na defesa acerca de quem vai executar a sua marcação (Hughes, 1994). Ainda segundo este autor, estes livres devem ser marcados em arco na direcção da baliza e para a zona do primeiro poste, de forma a facilitar o ataque

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à bola por parte dos avançados e a dificultar o corte por parte da defesa. Cunha (2007) afirma que neste tipo de lances, a necessidade de surpreender o adversário deverá ser superior à da marcação de PL directos, e que estes requerem precisão no primeiro toque, necessidade de muitas repetições no treino, rapidez na execução e boa velocidade de reacção. Para Comucci (1981) é preferível que as combinações de jogo, neste tipo de lance, não sejam muito numerosas, para não criar confusão. Por outro lado é apropriado que sejam treinadas muitas vezes, de forma a criar automatismos e a eliminar as incertezas no momento da sua execução.

Para demonstrar a importância que os PL têm no Futebol actual, apresentamos o estudo realizado aos últimos vinte jogos do Manchester United na época 98-99, efectuado por Grant & Williams (1999), em que os autores verificaram que num total de nove golos marcados de bola parada, quatro foram apontados de livre, o que corresponde a 44,4% da totalidade de golos marcados desta forma. No mesmo sentido Ensum et al. (2000) no estudo realizado ao Euro 2000, apuraram que 53,6% dos golos marcados em LBP (excepto golos de grande penalidade) forma apontados através de PL.

Para Cunha (2007) existem equipas que, muitas vezes, devido às dificuldades em criar lances que possibilitem situações de finalização em lances de bola corrida, recorrem a este género de jogadas, aproveitando, muitas das vezes, a estatura dos seus jogadores para poder criar lances de perigo para a baliza contrária.