4. Proposta do modelo de evolução
4.2. Pontos de ligação com a teoria evolucionista de Darwin
Nesta secção pretende-se demonstrar que o modelo proposto e desenvolvido na secção anterior 4.1., e que reflete todos as condicionantes da vida de um sistema ou federação de VRLs “vive” e evolui segundo a teoria evolucionista de Darwin da obra “The Origin of Species”. Neste trabalho a “espécie” analisada são os VRLs, porque como já foi referido, são criados pela espécie humana. Quem constrói e mantém os sistemas de VRLs são os humanos e com eles desenvolvem um acoplamento energético que permite que façam nascer um sistema de VRLs, promover um acompanhamento ao longo da sua existência e também definam a sua morte, em alguns casos.
Charles Darwin defende que as espécies animais estão em constante evolução e não são imutáveis, tal como afirma no capítulo 15 - Recapitulation and Conclusion [203] da obra The Origin of Species.
No capítulo 3 - Struggle for Existence, Darwin afirma que todos os seres vivos; plantas e animais estão sujeitos a efeitos do clima, à concorrência com outros indivíduos da mesma espécie, e aos ataques de espécies diferentes. No capítulo 4 - Natural Selection on the Survival of the Fittest (Seleção Natural e a Sobrevivência do Mais Forte), Darwin afirma que a evolução está sujeita às forças da seleção natural, e à capacidade de sobrevivência do próprio indivíduo e ao seu carácter, e a fatores como “cruzamento com outros indiv duos”, n mero de indivíduos de espécie existentes no mesmo ambiente [203]. Segundo Darwin todos os fatores condicionam a evolução da espécie e podem também levar à sua extinção ou transformação noutra espécie.
No caso das redes ou federações de VRLs, também devido à evolução tecnológica dos meios utilizados na construção dos laboratórios, esta “espécie” est em constante evolução e não são de todo imutáveis como se observa ao longo do capítulo 2 deste trabalho.
Também os VRLs, ou melhor, quem os cria e mantém a luta pela sua sobrevivência, em função de fatores técnicos, científicos, geográficos, políticos e humanos (vontade humana) através do acoplamento energético dos humanos com o sistema, obedece às condicionantes descritas por Darwin.
Os laboratórios remotos não estão em princípio sujeitos aos efeitos do clima, como afirma Darwin na sua teoria, mas estão sujeitos a todo o ambiente envolvente com os fatores enunciados na secção 4.1.
Também os VRLs têm de lutar para provar a sua utilidade e ser reconhecida a sua importância pela comunidade científica (os seus pares e iguais) para que consigam sobreviver, tal como tende ser mostrado pelo modelo proposto na secção 4.1.
Só depois de demonstrada essa importância, podem receber o apoio necessário em meios materiais e humanos, que dependem sempre de fatores externos como a vontade política e o apoio académico ao projeto.
Charles Darwin desenvolveu uma teoria completa e coerente da evolução que pretendeu compreender à sua época toda a diversidade biológica[203].
Atendendo e relacionando as ideias centrais de Darwin com a Teoria de sistemas proposta por Ludwig von Bertalanffy em General System Theory [9], e com o desenvolvimento natural da sua teoria por João Bosco de Mota Alves no livro Teoria Geral de Sistemas[8], onde introduz e desenvolve o conceito de acoplamento estrutural, torna-se possível com o modelo proposto, introduzindo o conceito de acoplamento energético, estender o campo de aplicação da Teoria
Evolucionista de Darwin a sistemas, concretamente sistemas de engenharia como sejam os sistemas de VRLs.
A teoria evolucionista de Darwin pode-se resumir nos seguintes postulados:
1. Toda a diversidade biológica deriva de uma única forma de vida ancestral a partir da qual a vida evolui ao longo de múltiplos e sucessivas vias divergentes.
2. A evolução pode conceber-se como um processo de descendência (de formas ancestrais a formas derivadas) com modificações.
3. A evolução está baseada em fatores e processos e fatores puramente mecânicos ou materiais. Entre os mecanismos que produzem a evolução, Darwin aceitou vários dos pressupostos propostos pelos seus predecessores, entre eles aceitou a teoria da herança dos caracteres de Lamark.
4. O mecanismo fundamental na teoria Darwiniana é o da seleção natural.
5. A evolução é um processo lento e gradual. O selecionismo e o graduismo são duas pedras basilares na teoria Darwinista.
O modelo principal apresentado na figura 4.08 aplica-se a um sistema de VRLs, mas não explica em termos da teoria de evolução Darwiniana a razão pela qual alguns sistemas se dividem, outros coexistem paralelamente, outros se fundem ou se incluem dentro de outros maiores, tal como acontece com a divisão das espécies e miscigenação.
Para abordar esta temática torna-se necessário desenvolver e sub-dividir noutros processos o processo nº 6 – “Desenvolver sistema VRL”. Esse desenvolvimento é mostrado na figura 4.25.
Este sub-modelo onde é detalhado o processo nº 6, mostra-nos os vários tipos de desenvolvimento que podem ocorrer no sistema, consoante as condicionantes externas que são representadas nos processos da esquerda logo a seguir à saída do processo nº 5.
Assim teremos:
Se existir no sistema um acoplamento energético forte e concordante entre a maior parte dos elementos da equipa, então o sistema VRL mantém-se estável e vai-se desenvolvendo e mantendo sempre na mesma linha.
Se existir um acoplamento energético discordante entre os vários membros da equipa de investigação, isso pode provocar diferentes linhas de desenvolvimento e o sistema pode-se dividir em vários. Esta situação presentemente ocorre por exemplo na UNED em Madrid.
Por outro lado se a equipa tende a tomar posições isolacionistas, sem contactos com outros sistemas, seguindo a teoria geral de sistemas[9] de Bertalanffi, o sistema tende a entrar em entropia, não se desenvolvendo e acabará por morrer.
Se na situação inversa ocorrerem muitos contactos com o exterior, outras instituições e outros sistemas VRL, a tendência será o reconhecimento e a internacionalização, e pode levar o sistema ou a estabelecer federações com outros sistemas de VRL ou mesmo a integrar e absorver outros sistemas VRL com acoplamento estrutural e enérgico mais débil.
Se o sistema VRL tiver uma utilização extremamente intensa logo com forte acoplamento energético e estrutural, então a tendência será serem criadas várias instâncias do sistema para fazer face a todos os pedidos de utilização que tiver. Essas instâncias poderão ser implementadas dentro ou fora da instituição que aloja o sistema. Se por outro lado houver um forte acoplamento energético mas estruturalmente discordante pela integração de novas tecnologias, naturalmente o sistema tenderá a integrar diferentes tecnologias, ficando com várias opções tecnológicas para os utilizadores.
Se se manifestar a necessidade de integrar trabalhos e experiências do sistema VRL em cursos estruturados, então a tendência natural será desenvolver um LMS de suporte ao sistema VRL.
Estas ocorrências justificam a separação, manutenção ou miscigenação das espécies q.e.d. Por todas estas razões podemos concluir que o acoplamento estrutural acaba também por depender do acoplamento energético, pois as pessoas é que decidem que tecnologias incorporar no sistema. Quem constrói e mantém o sistema VRL é que no fundo decide a sua “vida” e o seu futuro, o processo de vida e evolução ir naturalmente seguir o processo de vida e evolução dos humanos através da linha evolucionista e Darwiniana.