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4 RESULTADOS DA PESQUISA

4.2 UMA VISÃO DE LONGO PRAZO

4.2.3 Pontos Fortes

As UnATIs ajudam a resgatar a autoestima das pessoas e isso é crucial e se sente em muitos dos que frequentam o NETI.

Para o Entrevistado E, dois pontos são fundamentais e devem ser destacados. Primeiro é abrir as portas para que as pessoas se integrem. Segundo é valorizar a ideia dessas pessoas: existem colegas que chegam inclusive com certa dificuldade de comunicação, sentam na última fileira, e com o passar dos meses, se transformam uma pessoa de proa, de altivez, porque lhes foi dado oportunidade. O velho não existe no NETI, velho é uma coisa que não serve pra mais nada. Aqui a questão é

6% 16% 6% 2% 27% 36% 7% Não responderam Sozinho Pais Netos Filhos Cônjuge Outros

o idoso mesmo, então isso levanta a qualidade de vida, levanta a autoestima das pessoas. É um ponto forte: dar oportunidade, de repente ouvir.

O Entrevistado B concorda, afirmando que o ponto forte do NETI é que ele congrega pessoas. O pilar do NETI está relacionado aos pilares da educação, e o NETI tem claro qual é o seu norte, os seus princípios. Quando o NETI foi criado, se manteve nessa linha, que ainda hoje é atual. Por isso é que se diz que as fundadoras foram visionárias. Portanto, outro ponto forte é saber quais os seus princípios, e segui-los.

Do seu início já construído com a ajuda da sociedade e sua visão de que o envelhecimento populacional estava acontecendo e as pessoas precisavam se preparar para isso, ou seja, “entender o que é envelhecer para poder se colocar na sociedade” (ENTREVISTADO B), surge o principal ponto forte, pois sua base é fazer junto.

O NETI começou com alguns professores e alguns voluntários, voluntários até pra trabalhar. E muitos destes voluntários fizeram cursos, foram multiplicadores. Alguns atendiam pessoas na portaria, outros se juntaram no programa junto com os professores e foram visitar prefeituras do interior, e assim por diante. Outros criaram pequenas sociedades, por exemplo, de contador de histórias, de poetas, surgiram muitos grupos independentes, que não ficaram atrelados ao NETI. O Núcleo é um multiplicador, se alguém sabe e se pode fazer sozinho, faça, a favor dos idosos. “Essa é a outra ideia. Multiplicadora e independentização, autonomização. Cada um é um cidadão autônomo, e lute a favor de si próprio, de um grupo” (ENTREVISTADO A).

Para o Entrevistado C, o NETI dentro universidade tem um papel agregador significativo, no sentido de fazer a universidade sair do campus e atingir a comunidade. Se um trabalho de pesquisa não reverte pra comunidade em sentido mais amplo, ele praticamente perde o sentido. O NETI atinge uma parcela da população que cresce a cada dia, a da terceira idade, que não tinha muitas oportunidades em outros locais. O NETI oferece na universidade uma infinidade de possibilidades, e principalmente a integração desse idoso no meio universitário, convivendo com outros acadêmicos, professores, jovens, e estar ainda aprendendo e se sentindo útil.

Para o Entrevistado D o NETI faz uma parte da extensão voltada à comunidade, que está trazendo cada vez mais significado, no sentido de que a população brasileira tá cada vez mais sendo longeva, e as pessoas querem chegar à terceira idade com qualidade de vida, mantendo boas relações, se sentindo realizado, inserido, podendo estar contribuindo também, que é uma forma de motivação. O NETI também

passa informação: como viver, conviver melhor. A pessoa ter suporte dos colegas, de profissionais, pra lidar com os desafios desta fase da vida. Por outro lado, o Entrevistado pensa que a UFSC pode fazer bem mais nessa área porque tem toda uma parte de gerontologia, geriatria, de psicologia, de serviço social, na área até empreendedorismo que pode ser mais explorada. Ainda assim, vê como um ponto forte: Há um potencial grande para esse grupo da população. Quando se pensa em formação continuada, esse grupo pode estar contribuindo para a geração de conhecimento.

4.2.4 Fragilidades

Apesar de ser um dos programas da UFSC que se destacam no quesito responsabilidade social, dando uma contribuição muito grande a uma determinada faixa etária que a universidade não atendia antes de sua existência, o Núcleo tem fragilidades, que devem ser reconhecidas, para pensar em avanços e melhorias.

A questão de ser um Núcleo de Estudos é importante. Mesmo percebendo que o NETI trabalha com o tripé universitário, uma questão que surgiu na fala de metade dos entrevistados é que o Núcleo precisa marcar seu território dentro da universidade, e para isso, reforçar a produção e divulgação de pesquisas. Conforme o Entrevistado D deveria haver mais investimentos “criando talvez mais estudos, talvez um mestrado na área, então teria uma questão bem consolidada”.

Para o Entrevistado A o NETI precisa avançar como Núcleo de Estudos da Terceira Idade, e estão faltando estudos. É preciso chamar pesquisadores. Em sua opinião, caberia no Núcleo um mestrado profissional, mas desde que os doutores que estão nas disciplinas, assumam com compromisso um mestrado profissional de gerontologia. Tem que ter um momento de estudos e de produção, culminando em uma linha de pesquisa tal que concentre os estudos mais prioritários e mais importantes. O Núcleo é um laboratório natural de estudo: não pode oferecer um campo de pesquisa para os outros virem aqui, beber e irem embora.

O Entrevistado A afirma também que o NETI tem que se fortalecer, pois está meio morno, não está tão barulhento e visível. Ele hoje está visível no organograma da UFSC: ao abrir o catálogo, o site da universidade, o NETI está lá pendurado. Entretanto, não ocorre com tanta intensidade a divulgação que a professora Neusa fazia em sua coordenação. Uma coisa é estar no organograma, outra é ser visível como importante ao público da universidade, porque a comunidade já

reconhece o NETI. Quais os Doutores que trabalham em cursos com alta pontuação que vêm dar cursos no NETI? Qual o quadro de doutores que estão colaborando? Há alguns, mas ainda é pouco.

Para o entrevistado B a forma como o NETI é colocado dentro da UFSC é uma fragilidade. Ele é um núcleo de estudos e depende muito do voluntariado. Tem um lado positivo, mas em termos de estrutura administrativa, é complexo porque pode comprometer a continuidade dos projetos: o voluntário pode se desligar a qualquer momento. Se houvesse um corpo de funcionários bem estruturado e mais autonomia dentro da universidade, seria uma forma de garantir maior continuidade aos projetos. Não que os projetos não tenham continuidade, mas esta fica na dependência deste amor, desse vínculo de compromisso afetivo, idealista.

Segundo o Entrevistado a fragilidade do NETI é a dificuldade de exteriorizar suas oportunidades. Eles não têm recursos, e hoje não se faz nada sem alguma coisa material. A questão financeira, talvez seja a maior dificuldade. Vontade e talento se têm, mas às vezes para fazer algo, o trabalho do serviço público é muito amarrado, fecha as portas. O emperramento da máquina é que é difícil trabalhar, às vezes fica dependente dos alunos fazerem uma vaquinha, recolhendo um pouquinho daqui, dali. Esse é o maior complicador. E a estrutura externa.

Para o Entrevistado C o ponto fraco do NETI é o espaço físico, que já foi bem mais precário, mais ainda precisa melhorar. Se o Núcleo tivesse maior espaço físico, mais adequado e um maior número de profissionais envolvidos, quem sabe até servidores da UFSC, talvez a sociedade ganhasse bastante.

O Quadro 5: Pontos Fortes e Fragilidades do NETI resume as opiniões expostas pelos entrevistados.

Quadro 5: Pontos Fortes e Fragilidades do NETI

Pontos Fortes Fragilidades

Ajuda no resgate da autoestima. Precisa marcar seu território dentro da universidade Abre as portas para a integração. Precisa realizar/divulgar mais

pesquisas, avançando como Núcleo de Estudos. Valoriza a ideia das pessoas. Espaço físico.

Pontos Fortes Fragilidades

Foi construído com a ajuda da sociedade – sua base é “fazer

junto”.

Estrutura administrativa muito enxuta – ampla dependência do

voluntariado. O Núcleo é um multiplicador. Pouca autonomia.

Tem um papel agregador significativo de fazer a universidade sair do campus e

atingir a comunidade.

Dificuldade de exteriorizar suas oportunidades.

Transmite informações importantes

Há um potencial grande para o grupo da população que o Núcleo

trabalha. Fonte: Elaborado pela autora.