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CAPÍTULO III – DADOS, VARIÁVEIS EMPÍRICAS E MODELO ECONOMÉTRICO

3.1 População, Amostra e Dados

Os dados quantitativos considerados para a realização deste trabalho de investigação podiam ser oriundos de duas bases dados: o Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE) e Inquérito Anual às Empresas (IAE) do Instituto Nacional de Estatística (INE) português ou o AMADEUS, um importante banco de dados de âmbito europeu preparado pela Bureau Van Dijk. Ambas as bases de dados supracitadas proporcionam aos seus utilizadores um espectro bastante alargado de informação relativa à atividade empresarial de cada organização.

A base de dados do SCIE consiste num leque de informação da caracterização do comportamento económico-financeiro das empresas, através de um conjunto alargado de variáveis

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com relevância significativa para o setor empresarial português. É, pois, um processo de integração da informação estatística sobre empresas, baseada em dados contabilísticos, proporcionando informação não só contabilística e financeira, mas também de indicadores demográficos com vista a caracterizar a dinâmica empresarial, com especial ênfase para o nascimento e morte de empresas. Também a informação estatística produzida pelo INE no contexto do IAE contém informação acerca da estrutura, da atividade, dos fatores de produção utilizados, entre outros elementos de natureza económico-financeira e de competitividade das empresas.

Comparativamente, a AMADEUS é uma outra base de dados de índole europeia que abrange informação detalhada sobre cerca de 21 milhões de empresas europeias públicas e privadas, incluindo relatórios financeiros, informação sobre o número de diretores, estruturas de propriedade, entre outras. Contém, assim, informação bastante abrangente e fidedigna como as bases de dados referenciadas do INE, informação contabilística, financeira e administrativa de empresas europeias, independentemente da sua natureza e âmbito de atuação.

A utilização de dados primários foi preterida à utilização de dados secundários, uma vez que estes últimos existem em bases de dados bem organizadas e disponíveis para economistas e investigadores utilizarem-nas, como é o caso deste trabalho de investigação. Muitas vezes, a metodologia de análise efetuada para a realização deste tipo de trabalhos de investigação não é a mais correta, optando-se muitas vezes pela recolha de dados primários. Acontece que a recolha deste tipo de dados envolve um grande dispêndio de recursos, sendo que é muito onerosa e morosa e não é certo que resulte em dados com maior qualidade de informação para poderem ser explorados. Logo, neste trabalho de investigação, decidiu-se pela utilização de dados quantitativos e qualitativos secundários, uma vez que estes encontram-se disponíveis em potentes bases de dados, já tratados. Pesa também na decisão de utilização de dados secundários o facto de permitirem uma amostra populacional dum grande número de variáveis e período temporal de análise.

Portanto, neste estudo, a população utilizada corresponde às empresas portuguesas, especificamente as da indústria transformadora1. O período temporal dos dados quantitativos

1 Tendo por referência a Secção C (Indústria Transformadora) da 2ª Revisão da Classificação Estatística das

Atividades Económicas (NACE), serão analisadas as Divisões 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32 e 33.

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secundários disponíveis para as duas bases de dados consideradas variam, mas importa sublinhar que a amostra para as empresas transformadoras nacionais existente está disponível pelo menos entre os anos 2004-2013. Porém, tendo conhecimento acerca das funcionalidades de cada uma das bases de dados disponíveis, optou-se preferencialmente por extrair os dados exclusivamente da base de dados AMADEUS. O período temporal da amostra incidia inicialmente entre 2005- 2013, isto é, a 9 anos. Contudo, tendo o devido conhecimento de que para o ano 2005 praticamente não existem dados passíveis de cálculo para a variável de referência deste trabalho de investigação (Subsídios à Exploração), entre outras variáveis e com especial destaque para o número de trabalhadores (ausência de dados para 2005), decidiu-se efetuar cálculos para menos um ano do que se pretendia anteriormente, ou seja, excluir o ano 2005 do período temporal de análise. Assim, o mesmo incidiu entre 2006-2013, isto é, 8 anos. A escolha do período temporal decidido deve-se ao facto de se tratarem de anos recentes e para os quais os dados estão disponíveis, isto é, os valores omissos existem num número relativamente pequeno.

A variável de referência pretendida para efeitos de cálculo econométrico e afins denomina- se Subsídios à Exploração, pertencente à conta 75 do Sistema de Normalização Contabilística (SNC) português, podendo encontrar-se em ambas as plataformas de dados supracitadas. A classificação das indústrias transformadoras alude à Classificação Portuguesa das Atividades Económicas, isto é, ao CAE Revisão 3, bem como à Classificação Estatística das Atividades Económicas, NACE Revisão 2.

Não existe um critério específico para o tipo de empresas que estão contidas na amostra populacional, ou seja, não foram definidos bastantes critérios específicos de pesquisa. No entanto, e embora existam dados que o permitam, serão apenas analisadas as empresas da indústria transformadora de Portugal respeitantes ao continente, isto é, aos 18 distritos, excluindo-se da análise as empresas das Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, devido ao facto destas últimas possuírem características próprias e que diferem das nacionais.

De sublinhar, então, que para responder às duas questões de investigação colocadas, as empresas a utilizar para fins de cálculo e avaliativos são as empresas portuguesas da indústria transformadora, sendo que, para efeitos de cálculo da produtividade do trabalho, foram extraídos dados relativos aos trabalhadores das empresas, como por exemplo, o número de trabalhadores empregados em cada empresa e o gasto em remunerações. A descrição detalhada de cada variável será feita no subcapítulo 3.3.

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