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3 REVISÃO DE LITERATURA

4.3 População /amostra

Da etapa de validação de conteúdo da tecnologia desenvolvida neste estudo, participaram três juízes especialistas, dos quais uma enfermeira doutora, professora universitária, pesquisadora na área saúde ocular da criança, e duas oftalmologistas atuantes em programas direcionados à prevenção da cegueira infantil. Esses especialistas avaliaram a adequação e a representação da tecnologia proposta. Para participar desta análise, os juízes devem ser peritos na área da tecnologia construída, pois sua tarefa consiste em ajuizar se os itens avaliados estão se referindo ou não ao propósito do instrumento em discussão.

Para evitar questionamentos dúbios e eliminar o risco de empate na avaliação, trabalhou- se com o número ímpar de juízes (LOPES, 2004).

No tocante ao número ideal de juízes para o processo de validação de conteúdo, a literatura é diversa. Rubio et al. (2003) recomendam de seis a vinte juízes. Lynn (1986) e Westmoreland et al. (2000) afirmam que o número irá depender da acessibilidade e disponibilidade por parte dos expertos. Hoskins (1997) não faz menção a um número determinado de peritos. Para Pasquali (1997) e Bertoncello (2004), o número de juízes deve ser de seis. Conforme ressaltam Lynn (1986) e Bojo et al. (2004), quanto maior o número de expertos, maior a chance de discordância, e caso o painel de expertos seja inferior a três, há a necessidade da concordância total (100%) dos juízes sobre os itens.

Segundo descrição dos níveis de Aquisição de Habilidades de Dreyfus, expert é a pessoa que não depende da racionalização consciente para passar à compreensão de uma situação para a tomada de decisão, tem uma bagagem repleta de exemplos de situações reais, tem um reconhecimento intuitivo da situação e se centra imediatamente sobre os aspectos importantes sem formular hipóteses não produtivas (BENNER, 1982).

Para Galdeano e Rossi (2006), o pesquisador deve ter sempre em mente a definição de profissional experto como a pessoa detentora de grande conhecimento e habilidade baseada em estudos e na experiência clínica. Ou seja, quanto mais títulos, quanto mais pesquisa realizada e/ou quanto maior for a experiência clínica do profissional em determinada área, mais experto ele será.

Portanto, como critérios de seleção dos juízes especialistas, foram estabelecidos: o conhecimento sobre a temática em discussão, a produção científica e a experiência na área saúde ocular da criança.

Para a escolha desses participantes do estudo, utilizou-se a amostragem não probabilística intencional, em virtude da escassez de profissionais especializados nesse assunto, cuja principal característica é não fazer uso de formas aleatórias de seleção. Nesta, o pesquisador está interessado na opinião (ação, intenção, etc.) de certos elementos da população, mas não em sua representatividade numérica (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

Na ótica de Chaves (2008), a seleção de peritos é uma questão que tem gerado controvérsias na literatura, pois não há consenso sobre os critérios que tornam o enfermeiro “um perito” e muitos estudos de validação de conteúdo têm utilizado uma variedade de critérios para definir a inclusão da amostra.

O sistema de pontuação, proposto por Fehring (1987) para seleção de peritos, é um dos mais empregados na literatura. Mas em algumas situações este sistema torna-se difícil de ser atendido, levando os pesquisadores a adotar parcialmente tais critérios ou a estabelecer critérios próprios (CARVALHO et al., 2008).

Consoante menciona Levin (2001), não existe um acordo na literatura de que somente os profissionais com pós-graduação podem ser considerados expertos. Complementarmente, afirmam Galdeano e Rossi (2006), um enfermeiro especialista pode ser considerado um perito ou experto em determinado assunto e, portanto, participar de estudos de validação na qualidade de juiz, contanto seja especialista na área na qual o pesquisador se propõe a investigar.

Em uma revisão bibliográfica sobre os critérios para a seleção de expertos para o processo de validação de conteúdo, os autores concluem ser esta uma difícil etapa a ser cumprida, pois além da escassa literatura referente à definição de peritos, há também a barreira relacionada à formação e ao aprimoramento profissional do enfermeiro, muitas vezes deficiente. Ainda como

advertem, ao se iniciar estudos que contemplem procedimentos de validação, é importante se delinear a etapa de seleção de expertos com rigor e responsabilidade (GALDEANO; ROSSI, 2006).

Para avaliar a aplicabilidade da tecnologia após a experiência de sua utilização, participaram da pesquisa seis enfermeiros treinados em estudo anterior por meio de um método educativo para a prática do teste do reflexo vermelho desenvolvido por Lúcio (2008) (Anexo A). Esses enfermeiros fizeram parte de um momento de atualização sobre a aplicação do material tecnológico e realização do teste do reflexo vermelho mediante exposição teórica e prática, adaptado ao modelo estruturado de Lúcio (2008). Destaca-se que desses enfermeiros, apenas dois atuaram na fase clínica do estudo, que foi a verificação da confiabilidade do gradiente.

O tamanho amostral para determinar o índice de concordância interobservadores foi calculado com base na fórmula proposta por Walter, Eliasziw e Donner (1998) para estudos de confiabilidade com emprego do coeficiente de correlação intraclasse. Os parâmetros adotados para um estudo com três avaliadores foram: coeficiente de confiança de 95%, poder de 80%, nível mínimo aceitável de confiabilidade de 70% e nível de confiabilidade a ser testado de 80%. Portanto o total final de crianças avaliadas para verificar a confiabilidade do gradiente de cores foi estimado em sessenta para cada examinador. Ressalta-se que esses bebês não foram, obrigatoriamente, os mesmos para os dois examinadores.

Os bebês avaliados pelo teste do reflexo vermelho, durante o período de coleta de dados, foram aqueles internados na unidade neonatal de baixo risco. Incluíram-se na amostra bebês independentemente de peso e idade gestacional. Constituíram critérios de exclusão: recém-nascidos internados na unidade de terapia intensiva neonatal e em condições que expressassem instabilidade clínica e restrição ao manuseio, como, por exemplo, bebês intubados, em ventilação mecânica ou com outro tipo de terapêutica que dificultasse a realização do teste.