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B. Critérios para juízes da validade técnica

4.6. Segunda fase: vídeo como estratégia de educação em saúde

4.6.2 População e amostra

A população do estudo foi composta por mães de crianças com idade de zero a cinco anos, cadastradas na UAPS onde o estudo foi realizado e que residissem nos bairros selecionados para o estudo: Presidente Vargas e Mondubim. Os critérios de inclusão no estudo foram mães com pelo menos um filho (a) com idade inferior a cinco anos, devendo este ser acompanhado na referida UAPS e residir nos bairros determinados para a realização do estudo.

Os critérios de exclusão adotados foram mães que possuíssem alguma limitação cognitiva que a impedisse de participar da intervenção educativa ou de responder à escala utilizada e mães que não tivesse número de telefone para contato.

Os critérios de descontinuidade adotados foram desistência da mãe de participar da pesquisa após início da coleta de dados; mudança de número de telefone o que impossibilitaria a continuidade do acompanhamento das famílias; falecimento da mãe ou da criança durante o transcorrer do estudo.

Já que a randomização no presente estudo foi agrupada, a seleção das mães dentro de cada grupo se deu por conveniência, sendo estas pré-selecionadas através da ficha A, instrumento prescrito pelo Ministério da Saúde, preenchido pelos

agentes comunitários de saúde (ANEXO D) (BRASIL, 2004). Mães que atendiam aos critérios de seleção do estudo foram previamente convidadas a comparecerem em dias determinados à UAPS, tanto as mães do grupo comparação quanto do grupo intervenção. Ressalta-se que estas mães compareceram à unidade de saúde em semanas diferentes, justamente para minimizar a possibilidade de qualquer contato entre as mesmas.

Com o processo de randomização, segundo Lakatos e Marconi (2004), as participantes tiveram a mesma chance de serem selecionadas em qualquer grupo. Outra vantagem da randomização é que este processo controla todas as possíveis fontes de variáveis alheias, sem qualquer decisão consciente por parte do pesquisador sobre quais delas precisam ser controladas.

A amostra foi calculada a partir da fórmula para estudos com grupos comparativos de duas médias experimentais com teste bilateral (ARANGO, 2009), cuja fórmula é:

Onde Zα representa o valor de abscissa na distribuição normal para o

nível de significância estipulado, para tanto se considerou nível de confiança de 90% (Zα/2=1,645); Z1-β trata-se do valor de abscissa na distribuição normal para o poder

do teste (Z1-β=0,84); α é o desvio padrão populacional da média referencial (α=7,4);

µ0 é amédia referencial (µ0=112) e µ1 é amédia experimental (µ1=115).

Ressalta-se que se considerou o valor de desvio padrão de 7,4, conforme estudo de Joventino (2010); bem como uma média referencial de 112 escores, tendo em vista que, no mesmo estudo, este foi o valor médio encontrado de autoeficácia para prevenir diarreia infantil na amostra de 448 mães entrevistadas em Fortaleza- CE. Além disso, considerou-se como adequada uma média experimental de 115 escores, por ser o parâmetro mínimo para que se considere a autoeficácia como elevada, conforme Joventino (2010).

Com isso, a amostra total encontrada foi de 150 participantes, de forma que 75 deveriam compor o grupo comparação e outras 75 mães fariam parte do grupo intervenção. Adicionando-se a esse total um percentual de segurança de 20% para eventuais perdas, tem-se que seriam necessárias 90 mães para cada grupo, perfazendo um total de 180 participantes.

n = (α1 + α2)² (Zα/2 + Z1-β)²

No entanto, como ocorre em grande parte dos estudos de acompanhamento por telefone, a pesquisa apresentou algumas perdas amostrais em ambos os grupos (intervenção e comparação), conforme se evidencia na Figura 3.

Figura3 ─ Fluxograma representando o total de amostra obtido por grupo, conforme cada momento de coleta de dados.

Fonte: Produção do próprio autor.

No presente estudo ocorreram perdas amostrais devido a tentativas frustradas em que o telefone permanecia fora de área, ou quando o mesmo não pertencia mais a participante do estudo, ou por o aparelho não estar em poder da mãe no momento das ligações. Tal fato também foi constatado no estudo de Dodt (2011) com acompanhamento de puérperas por telefone.

4.6.3. Instrumentos

Para a coleta de dados, foi utilizada a EAPDI, construída e validada por Joventino (2010), a qual visa avaliar o nível de autoeficácia das mães na sua habilidade em prevenir a diarreia infantil. A referida escala foi desenvolvida à luz da Teoria de Autoeficácia de Bandura (1977) e pode ser utilizada pelos profissionais de saúde, principalmente pelos enfermeiros, para que possuam dados que embasem suas intervenções e orientações a uma população específica.

A EAPDI trata-se de uma escala de Likert composta por 24 itens, 2 domínios (higiene da família, com 15 itens; e práticas alimentares/gerais, com 9 itens), com IVC de 0,96 e alfa de Cronbach de 0,84, cujo padrão de resposta varia de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). Cada mãe, ao responder a EAPDI, pode escolher apenas uma das cinco opções referidas. Assim, os escores totais da escala podem variar de 24 a 120 pontos.

A EAPDI constitui-se em um instrumento adequado para o estudo, tendo em vista que conforme Pajares e Olaz (2008), a avaliação de uma medida de autoeficácia exigirá um julgamento teoricamente informado e empiricamente sólido que reflita uma investigação do domínio e suas diferentes características, dos tipos de capacidades que o domínio exige e da variedade de situações às quais essas capacidades podem ser aplicadas.

Além da escala, utilizou-se um formulário que foi submetido à validade aparente e que foi empregado no estudo de Joventino (2010), o qual aborda o perfil sociodemográfico da amostra como idade, escolaridade (anos de estudo), estado civil, ocupação profissional, renda familiar; condições higiênico-sanitárias; dieta infantil; e ainda dados relacionados às variáveis clínicas, imunização contra o rotavírus, paridade materna, experiência anterior de aleitamento materno e acerca da ocorrência de diarreia entre as crianças das famílias participantes (ANEXO E).

Além desse formulário, para as coletas de dados realizadas por meio do contato telefônico, utilizou-se um formulário reduzido de investigação da diarreia, o qual constava de 22 questões abordando a ocorrência de diarreia na criança nos últimos dias. Ressalta-se que com o intuito de minimizar o viés recordatório ou de memória, a coleta de dados por telefone foi realizada quinzenalmente no decorrer dos três meses de acompanhamento, de forma que a pesquisa contou no total com seis contatos telefônicos com cada mãe participante do estudo (Figura 4).

Acredita-se que se as mães fossem questionadas acerca da ocorrência de diarreia em seus filhos apenas mensalmente, as mesmas poderiam esquecer-se de algum episódio diarreico, por isso, essa coleta quinzenal foi realizada apenas para a aplicação do formulário reduzido que investigava justamente a ocorrência de diarreia quinzenalmente.

Figura 4 ─ Fluxograma representando a fase 2 da pesquisa – aplicação do vídeo educativo evidenciando a coleta realizada por telefone.

Fonte: Produção do próprio autor.

O formulário reduzido investigava a ocorrência de diarreia e, caso a criança tivesse tido algum episódio, questionava-se as características das fezes, sintomas adicionais ao quadro da criança, perguntas relacionadas a sinais e sintomas de desidratação (agitação, prostração e hipotonia, responsividade, avaliação dos olhos, aceitação de líquidos, condições de deglutição), ida a algum serviço de saúde, internamento da criança, uso de algum medicamento, realização de receitas caseiras, uso e preparo do SRO, orientações prestadas pelos profissionais de saúde, entre outros (APÊNDICE E).