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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.3 População de estudo & coleta de dados – Etapa 2

Os CN identificados na Etapa 1 que refiram sobreposição de casos de hanseníase em sua RCD foram novamente abordados (aqueles identificados no domicílio). A população desta etapa partiu do total de 129 pessoas (Figura 6). Além dos CR identificados na Etapa 1, também foram incluídos nesta etapa do estudo os Casos Coprevalentes (CCP, contato que virou caso) além de contatos domiciliares e extradomiciliares do CR.

Figura 6 - População do Estudo - Etapa 2.

Desta forma, realizou-se o reconhecimento de RCD, definidas como sendo o conjunto composto por CR, CCP e contatos domiciliares e extradomiciliares. Os CCP e os contatos somente foram abordados mediante autorização formal do CR. A Figura 7 traz uma ilustração de como foi constituída as RCD com sobreposição da doença e utilizada para o desenvolvimento desta etapa do estudo. Ressaltando-se que a todo o protocolo de abordagem foi centrada na pessoa afetada (CR).

Figura 7 - Estrutura básica da RCD com sobreposição de casos de hanseníase.

Fonte: Elaborado pela equipe UFC.

Para o alcance do maior número possível de CR, CCP e contatos durante o campo, promoveu-se a articulação com intuições de ensino e pesquisadores que participaram no projeto IntegraHans Piauí, além de gestores da Secretaria Municipal de Saúde e profissionais dos Programa de Controle de Hanseníase (PCH) e da APS, em especial enfermeiros e ACS. Especificamente para os ACS, com apoio dos atores locais, foram realizados encontros e cursos com intuito de discutir informações primordiais sobre a doença e o papel do ACS na vigilância do contato. Este espaço possibilitou momentos ricos de trocas de experiência e

educação em saúde, ampliando o sentido e o valor do ACS no apoio junto às visitas domiciliares.

Na abordagem domiciliar, quando não localizada a população de estudo, foram realizados novos contatos telefônicos, a fim de efetuar novo agendamento, além de novas visitas pelos ACS. Foram realizadas três tentativas para cada sujeito, em diferentes horários. Na persistência da não localização, definiu-se pela exclusão da população do estudo. A coleta de dados aconteceu entre os meses de agosto a outubro de 2018.

Durante a visita domiciliar foi oportunizado a CR, CCP e contatos esclarecimentos sobre a pesquisa e a sua importância, com orientação clara do que se caracteriza a sua participação. A inclusão dessas pessoas foi efetivada a partir do aceite expresso por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B) e do Termo de Assentimento (Apêndice C), em se tratando de menores de idade.

Após a primeira abordagem da RCD em um momento específico com os CR, foram realizadas buscas aos CCPs desta mesma RCD. A abordagem seguiu o mesmo protocolo definido previamente. Em situações que o entrevistado não lembrou de alguma informação, foi solicitado apoio de um informante-chave, que acompanhou o processo do diagnóstico e tratamento. A cada domicilio de CR e CCPs realizou-se a abordagem com realização do exame dermatoneurológico (dentro das recomendações do MS) em contatos intra e extradomiciliares que estavam presentes. Este procedimento tinha como objetivo maior não perder a oportunidade para execução das ações de vigilância do contato. Todos os casos suspeitos foram encaminhados para o serviço de referência municipal com vistas à confirmação.

Para a coleta dos dados primários foram aplicados três instrumentos estruturados, detalhados no Quadro 3. Para complementar e qualificar os dados de natureza clínica realizou-se consulta à base de dados do SINAN e aos prontuários médicos. O objetivo para esta consulta foi diminuir os efeitos de possíveis vieses, como o de memória, para alcançar maior completude dos dados, em especial da data de diagnóstico. A ficha de notificação/investigação de hanseníase contém informações operacionais/demográficas e clínicas referentes às características da doença apresentada pelo paciente (ANEXO A) (BRASIL, 2018b).

Quadro 3 - Variáveis do estudo da Etapa 2.

INSTRUMENTO VARIÁVEIS POPULAÇÃO

classificação: (caso referência, CCP domiciliar, CCP

ABORDAGEM SOCIAL extradomiciliar, ignorado); número de residências CRs e CCP anteriores [diferente da atual – caso não tem, colocar 0], (aplicação de 1 DO DOMICÍLIO

tipo de domicílio, forma de eliminação dos dejetos, destino por domicílio)

dado ao lixo, número de residentes e acesso à bolsa família.

Sociodemográfica: Classificação: (Caso Referência, CCP domiciliar, CCP extradomiciliar, Ignorado); idade; município de residência e de diagnóstico; sexo; raça/cor; estado conjugal; escolaridade; contexto geral de trabalho atualmente; renda média mensal da família. Clínicas: Local que procurou ao perceber os sinais e

sintomas; local do diagnóstico; tempo de duração do tratamento (PQT); local do tratamento; classificação operacional; classificação clínica; ocorrência de reações hansênicas; ocorrência. ABORDAGEM CLÍNICA, CRs e CCP (aplicação de 1 SOCIODEMOGRÁFICA E Variáveis relacionadas a RCD: ocorrência de casos

instrumento por ECONÔMICA anterior e posterior ao diagnóstico do entrevistado; número

participante)

de pessoas que morava com o entrevistado 5 anos antes ao

diagnóstico; se essas pessoas foram avaliadas/examinadas pelos profissionais de saúde; se foram realizadas visitas pelo ACS no diagnóstico; se o entrevistado foi examinado (dermatológico e neurológico) por ter tido caso de hanseníase anterior ao seu diagnóstico; se fez exames complementares; se recebeu orientação e foi vacinado com BCG, caso tenha sido contato; se recebeu orientação pela ESF para mobilizar familiares e conhecidos para serem examinados; se recebeu orientação para os retornos a USF.

5.3.1 Processamento e Análise de Dados – Etapa 2

Para análise da Etapa 2, os dados registrados nos insturmentos foram digitados, utilizando o programa EpiInfo versão 7.1.5. (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, USA). Após a conclusão da digitação, os bancos de dados foram avaliados sistematicamente com intuito de encontrar possíveis erros de digitação, para posterior

qualificação. Esta etapa foi processada no programa Software Stata 11.2 (Stata Corporation, College Station, USA). Para as análises bivariadas foram considerados dois desfechos, como mostra o Quadro 4.

Quadro 4 - Descrição das variáveis desfecho do estudo.

Variável Descrição

Sobreposição de caso na RCD: > 1 caso Redes de convívio domiciliar com mais de um caso de hanseníase.

Densidade de caso na RCD: 1-4 casos e > 4 casos Número de casos novos de hanseníase 1-4 casos e > 4 casos por rede de convívio domiciliar.

Gerações acometidas na RCD: 0-2 gerações e > 2 Número de gerações com casos de hanseníase 0-2

gerações gerações e > 2.

Os dados das análises bivariadas foram apresentados em tabelas com cálculo das razões de prevalência com os respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%. Para a diferença de proporções foram utilizados os testes de chi quadrado de Pearson, sendo considerada associação existente aquela com nível de significância do p-valor menor que 0,05. O papel dos CCP domiciliares e extradomiciliares foi interpretado no contexto das tipologias descritas neste trabalho.

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