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Diante da trajetória apresentada nesta dissertação de mestrado - que se inicia com uma exposição sobre o maracatu-nação e suas referências como tradição nas ruas, e termina por tratar de um grupo que faz uma releitura do maracatu, ganhando corpo das ruas para o palco -, chega-se à conclusão de que os resultados dessa pesquisa têm lugar apenas no meio do caminho. Isto porque, o caminho ao qual me refiro não se trata de uma rua sem saída, mas sim de uma estrada cujo horizonte proporciona uma forte sensação de infinito.

Quando se compreende que os fenômenos culturais estão em constante transformação, não se pode fechar o assunto em certezas rígidas, mas, antes, pode- se tentar uma conexão com o aqui e o agora do fenômeno, olhando para o seu passado e vislumbrando possibilidades de futuro.

Nessa perspectiva, o que se pôde assimilar foi que o Maracatu Nação

Pernambuco teve, e tem, uma significante importância na vida cultural de

Pernambuco. Assim como termino de escrever essas últimas linhas ainda mais segura de que toda produção artística tem contribuições para oferecer ao seu meio social de atuação. Logo, penso que o reconhecimento disto encorajaria mais produções de conhecimento em Artes Cênicas inspiradas na trajetória de grupos artísticos.

A releitura do maracatu-nação para o palco é, além de uma interessante proposta artística, parte de uma fase que atravessou, ou ainda está atravessando, a cultura pernambucana em seu percurso.

Diante disto, é importante observar que, ao adentrar primeiramente no contexto dos cortejos de rua, como agremiação de carnaval, o grupo garantiu sua identificação como segmento da cultura local carnavalesca, para então, realizar um trabalho de palco partindo de uma origem já reconhecida pelo público. Dessa forma, o Nação Pernambuco pôde estabelecer relações com os maracatus das ruas, o que gerou oportunidades de aprendizado para o grupo.

Hoje os maracatus-nação e o Nação Pernambuco compartilham espaços de atuação nas ruas e no palco. Com isto quero dizer que o palco não é mais exclusividade do Maracatu Nação Pernambuco, pois as nações de maracatu vêm se organizando em função desse espaço com cada vez mais desenvoltura, como

também quero salientar que grupos como o Nação Pernambuco coabitam as ruas, o carnaval e os eventos públicos e particulares, juntamente com os maracatus-nação, apesar de estabelecidas suas diferenças.

Mas, é preciso considerar que ao se formar uma obra de arte a partir de referências, de inspirações e de elementos semânticos, o artista desenvolve um estilo, que “é toda a espiritualidade do artista, vista não tanto na sua individualidade fechada, como, antes, na sua abertura pessoal para conter e refletir em si toda a espiritualidade do seu tempo e do seu grupo social” (PAREYSON, 1998, p. 62).

Assim, o Nação Pernambuco possui um estilo que é reflexo da sua história, do seu lugar de origem, da sua realidade social, das suas inspirações estéticas/poéticas e das trocas que estabeleceu com o (e no) seu meio de atuação.

Percebe-se então que, entre as ruas e o palco, as trocas culturais são férteis para a gestação de novos cenários culturais, de novas formas de vivenciar a cultura, de novos capítulos cantados em loas para uma história sem previsão de fim, mas de recomeços. Contudo, depois deste trabalho, reitero a minha crença de que as transformações que dão vida ao maracatu-nação partem da paixão das pessoas que se encantam por ele, sejam elas brancas ou negras, de comunidades periféricas ou de bairros de classe média, tenham elas formação universitária ou não.

Porém, seria ainda mais interessante se o “ou” fosse trocado pelo “e”, uma vez que eu tenho a expectativa de contribuir, através este trabalho, para que seja cada vez mais estreita e construtiva a relação entre o saber proveniente das práticas populares e o saber intelectual e/ou artístico especializado.

Assim também, das ruas para o palco o Nação Pernambuco viveu, e está vivendo, uma vasta gama de experiências artísticas e sociais, pois atua em espetáculos, shows, ensaios abertos, promove cursos e oficinas, cria consulados, elaborou um memorial de imagens, gravou CD’s e um DVD... Tudo isso a partir da inspiração motriz no maracatu, que gerou um sem número de frutos, dentre os quais tive o prazer de apresentar alguns deles ao leitor.

Diante dessa diversidade de frentes de atuação do Nação Pernambuco ao logo da sua trajetória, assim como em face das repercussões geradas pelo seu trabalho, eu gostaria de sugerir alguns caminhos para futuras pesquisas.

Aos pesquisadores da dança e/ou da cena eu sugiro que seja feita uma análise do processo criativo do Nação Pernambuco no que diz respeito à tradução

corporal das danças das ruas para o contexto do palco, o que passaria pelas influências do Balé Popular do Recife e, talvez, da dança clássica.

Aos pesquisadores mais ligados aos estudos culturais, aponto como caminho o estudo da prática dos rituais distanciada dos mitos, tomando como exemplo a prática cênica do Maracatu Nação Pernambuco inspirada nas nações de maracatu.

Ainda poderia sugerir, dessa vez aos estudiosos da produção cultural, uma análise sobre como a atuação de grupos artísticos, que fazem releituras inspiradas em manifestações populares, no mercado cultural pode reverberar na gestão desses grupos populares inspiradores. Nessa perspectiva, o Maracatu Nação

Pernambuco também poderia ser um estudo de caso.

Muitos outros caminhos poderiam ser apontados, tantos outros podem ser descobertos por um leitor interessado. O certo é que, ciente das lacunas desta pesquisa, torço para que, notadas essas ausências, elas possam servir de estímulo a novas produções.

Das ruas para o palco, deixo votos para que na trajetória o aprendizado não cesse, que os encontros sejam produtivos, que os olharem se cruzem respeitosamente e que a oportunidade de fazer arte e de refletir sobre aquilo que toca a alma e arrepia os pelos dos braços – como o rufar das alfaias dos maracatus - seja sempre dada.

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MATERIAL AUDIOVISUAL

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MARACATU LUA NOVA – AO VIVO. Realização: Associação Cultural Lua Nova. Belo Horizonte, 2010. 1 DVD. Colorido.

MARACATU NAÇÃO PERNAMBUCO – 20 anos. Direção: Alessandro Guedes. Produção geral: Amélia Veloso. Recife, 2011. 1 DVD (58 min.). Colorido.

NATURALMENTE – teoria e jogo de uma dança brasileira. Direção: Walter Carvalho. Realização: SESC – São Paulo. São Paulo, 2011. 1 DVD (76 min.). Colorido.

NOVE DE FREVEREIRO. Direção: Walter Carvalho. Realização: Brincante Produções. São Paulo, 2008. 1 DVD. Colorido.

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MARACATU NAÇÃO PERNAMBUCO sem sede: secretaria de patrimônio e cultura de Olinda notificou o grupo, que não tem para onde levar acervo. Diário de

Pernambuco. Recife, 10 ago. 2014. Disponível em:

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O MARACATU DE BAQUE VIRADO NA INTERNET: site que sistematiza conteúdos sobre o maracatu de baque virado apoiado pelo Governo do estado de São Paulo e Secretaria de cultura do estado de São Paulo. Disponível em: <maracatu.org.br>. Acesso em: 16 set. 2014.

MATERIAL AUDIOVISUAL

MARACATU NAÇÃO PERNAMBUCO – 20 anos. Direção: Alessandro Guedes. Produção geral: Amélia Veloso. Recife, 2011. 1 DVD (58 min.).colorido.

ANEXO A

QUADRO 3 – Eventos marcantes na trajetória do Maracatu Nação Pernambuco. Quadro inspirado na

linha do tempo publicada no livro Memorial Imagem Nação – 20 anos Maracatu Nação Pernambuco (2011).

ANO EVENTO

1989 Surge o Nação Pernambuco

1991 Projeto Maracatucá – apresentações no Mercado da Ribeira

1992

Lançamento do disco “Batuque da Nação” Estreia do espetáculo “Batuque da Nação”.

1993

Apresentação na primeira edição do Abril pro Rock

Criação do Projeto Folia Real com

apresentações no Marcado Eufrásio Barbosa (até 1997).

Lançamento do 2º disco

1º viagem internacional – Porto (Portugal)

1994

Criação do Portal do Maracatu

O grupo ganha sede da Prefeitura de Olinda no Mercado Eufrásio Barbosa

Cria o projeto social Sementes da Nação, voltado para crianças de 7 a 15 anos

1996

Participa da abertura da Bienal Internacional de Dança em Lyon (França)

1997

1º turnê internacional pela Europa – 3 meses

1º apresentação do grupo com a Orquestra Filarmônica do Norte/Nordeste (Teatro Guararapes/Olinda)

2º turnê internacional pela Europa – 3 meses Turnê pelo sul do país – Rio Grande do Sul e Paraná

1998

Participação do grupo no espetáculo “Tambores de Minas” com o cantor Milton Nascimento (Teatro Guararapes/ Olinda)

2000

5 apresentações no New Orleans Jazz & Heritage Festival (Estados Unidos)

Temporada de 3 meses no café concerto Divan Du Monde (Pigalle – Paris)

Premiação “Personalidade do Ano na Cultura” pela Associação brasileira de jornalistas escritores de turismo

2001

Gravação do 3º disco (ao vivo), no Portal do Maracatu

Participação no 32º Festival de Jazz de Montreux (Suiça)

Apresentação em Roma – Inauguração do escritório de turismo na embaixada do Brasil (convidado pelo Ministério do Turismo). 2002 Temporada de 2 meses na China

2004

Premiado pelo Ministério da Cultura para turnê com o espetáculo “Balé Popular Nação

Pernambuco”, unindo o Balé Popular do Recife e o Maracatu Nação Pernambuco

Criação da Escola Pernambucongo de percussão, em comemoração dos 15 anos do grupo

2005 Lançamento do 4º disco, “O Nação canta Pernambuco” – Independente

2006

Reedição do Projeto Folia Real, no Mercado da Ribeira (Olinda), patrocinado pela

Unesco/Ministério da Cultura/Programa Monumenta

2008

Expansão da Escola Pernambucongo com a criação de uma unidade em Paris (França)

2010

Gravação do 1º DVD em comemoração ao aniversário de 20 anos do grupo – Patrocinado pelo Funcultura – Governo de Pernambuco

2011

Lançamento do livro “Memorial Imagem Nação” – Patrocinado pelo Funcultura – Governo de Pernambuco

ANEXO B

O grupo Maracatu Nação Pernambuco por Amélia Veloso e

Bernardino José – memória e reflexão crítica

Numa tarde de sábado, dois membros fundadores do grupo Maracatu Nação

Pernambuco, Amélia Veloso e Bernardino José, aceitaram gentilmente me conceder

esta entrevista no pátio do Mercado Eufrásio Barbosa.1 Enquanto conversávamos, os demais participantes do grupo, pouco a pouco, chegavam para um posterior ensaio, como ocorre normalmente aos sábados à tarde. Os entrevistados, além de fundadores do grupo, desempenham papéis importantes no mesmo; Amélia Veloso – que é coreógrafa, atriz e formada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – é responsável pela direção coreográfica, enquanto Bernardino José – que é dançarino e músico – assume a direção musical. Mas ambos acumulam outras atribuições na montagem e na produção dos trabalhos do

Maracatu Nação Pernambuco, ao longo dos seus 25 anos de existência.

Portanto, a fim de organizar melhor as informações coletadas, esta entrevista foi dividida em três blocos, que contemplam: a apresentação do grupo, os espetáculos e os processos criativos, e a circulação e repercussão do trabalho. Assim, eles puderam relembrar alguns momentos marcantes da trajetória do Maracatu Nação

Pernambuco e refletiram sobre as conquistas e os desafios que enfrentaram e ainda

enfrentam.

A entrevista que segue traz à tona pontos de vista relevantes para as discussões na área das Artes Cênicas, pois Amélia Veloso e Bernardino José levantaram, de forma consciente e crítica, questões sobre o meio da cultura popular, como a liberdade criativa dentro dele e a sua relação com aspectos étnicos e sociais; sobre o trabalho criativo do grupo nas ruas e nos palcos; e sobre a repercussão, a nível nacional e

1

A entrevista ocorreu no dia 3 de agosto de 2013, no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda (PE). O Mercado Eufrásio Barbosa foi construído no final do século XIX, em Olinda. O espaço que já foi alfândega e fábrica de doces, hoje é um espaço cultural onde acontecem shows e eventos, além de ser a atual sede do Maracatu Nação