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2. CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E PERIÓDICOS CIENTÍFICOS

2.2.4 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS ELETRÔNICOS

2.2.4.1 PORTAIS DE PERIÓDICOS

Sendo o objeto de estudo do presente trabalho aumentar o conhecimento sobre o uso dos periódicos eletrônicos e de Portais de Periódicos nas instituições do ensino superior e de pesquisa em Moçambique, procurou-se, nesta seção, fazer um levantamento dos estudos e publicações sobre a temática em causa. As referências bibliográficas encontradas e que podem de alguma forma associar-se à questão dos Portais de Periódicos foram descritas sucintamente.

Foi na bibliografia brasileira e internacional que se encontraram alguns estudos, quer sob o formato de tese e dissertação, quer de artigo. Ao nível de teses e dissertações sobre o uso de Portais de Periódicos destacamos estudos realizados no Brasil: Maia (2005); Cunha (2009); Costa (2008); Monteiro (2005); Almeida (2006); Martins (2006); Dutra (2005); Carvalho (2006), entre outros. São vários os autores com artigos e livros publicados sobre o uso dos periódicos eletrônicos, via ou não Portais, na bibliografia internacional, que se destacam pelo nível, qualidade e quantidade de estudos publicados, quer individualmente, quer em parceria, que são frequentemente citados em vários estudos: Bishop (2000); Downs; Friedman (1999); Harter; Hert (1997); Gunn (2002); Rogers (2001); Rowlands (2007); Tenopir (2003); Tenopir; King (1998, 2007); Wang (1999), entre outros.

No entanto, há outros autores que se podem destacar, uma vez que um pouco por todo o mundo foram realizados nos últimos anos estudos com vista à obtenção de dados de utilização de periódicos eletrônicos e de Portais de Periódicos em instituições de ensino superior e de pesquisa. Porém, e devido ao elevado número destes estudos iremos limitar-nos àqueles que cujos resultados da pesquisa foram obtidos através da aplicação de um questionário aos potenciais usuários destes recursos, conforme a metodologia utilizada no presente estudo.

O senso comum define Portal como um único local onde todas as informações sobre determinado assunto podem ser encontradas. Entretanto, iniciamos a nossa discussão a partir dessa assertiva. Não obstante, os Portais podem ser classificados, segundo Dias (2001), sob diversas formas:

(2) Quando à função, podem ser: portal de informações ou conteúdo, de negócios e de suporte à decisão;

(3) Portais com ênfase em processamento cooperativo: portal cooperativo ou para processamento cooperativo e de especialistas;

(4) Portais de suporte à decisão e processamento cooperativo: portal do conhecimento e de informações empresariais (EIP).

Apesar das similaridades tecnológicas, Dias (2001, p. 53) ressalva que, “os portais

públicos e os portais corporativos atendem a grupos de usuários diversos e têm

propósitos completamente diferentes”. Conhecido, também, como portal Internet, portal

web ou portal de consumidores, o portal público provê ao consumidor uma interface única

à vasta rede de servidores que compõem a Internet. Tem como finalidade atrair para seu

site o público em geral que navega na Internet (DIAS, 2001; COSTA, 2008, p. 88). Antes

de serem conhecidos pelo nome de portais web eram denominados máquinas de busca, cuja finalidade era a promoção do acesso às informações contidas em documentos espalhados pela Internet (DIAS, 2003).

Extraímos, de Dias (2001), Costa (2008), entre outros autores, a nossa definição acerca dos Portais de Periódicos, baseando-se na interação via web, relacionando usuários, sistema e informação, configurando-se, conforme os autores, em um ponto de interface usado pelos seus usuários na busca, no compartilhamento, na disseminação de informação e na provisão de serviços para os Portais e suas comunidades. Vale ressaltar que, assim como outros tipos de portais, os Portais de Periódicos passaram, também, por fases evolutivas, porém em um intervalo de tempo bem menor. Os Portais apresentam semelhanças tecnológicas aos outros, mas atendem a grupos de usuários acadêmicos e de pesquisadores e têm finalidades completamente diferentes, e isso também influenciou de maneira diferenciada as suas evoluções.

Para este trabalho, utilizamos o termo portal de informações ou de conteúdo. Este é caracterizado por oferecer informações atualizadas e direcionadas para áreas ou grupos específicos. É formado por uma equipe especializada que pesquisa, seleciona, atualiza e

produz as informações disponibilizadas, e envolvem profissionais e pesquisadores de diversas áreas. Pode conter informações corporativas ou empresariais, temáticas, científicas, pessoais, profissionais entre outras. Sua principal tarefa é unificar fluxos de dados, provendo assim um único ponto de acesso para dados e serviços de acordo com as necessidades de seus usuários. Possibilita a organização e personalização de informações, oferecendo muitas aplicações, como ferramentas de recuperação de informação (DIAS, 2001). Os portais de informação, segundo a autora, podem ser:

(a) Portais horizontais: são os portais de consumidor ou portais web que são de acesso público e propiciam um pouco de informação sobre tudo. Exemplos: Yahoo, Altavista, Uol, Terra;

(b) Portais Verticais: são os portais empresariais ou portais corporativos, que reúnem informações de apoio para que seus usuários possam organizar e compartilhar informações empresariais ou corporativas. Exemplos: CSN, Volkswagen, Toyota;

(c) Portais acadêmicos: serviço de mediação e coleta de informações para usuários da Internet que necessitem de informações acadêmicas. Provê acessabilidade a conteúdos especializados. Exemplos: Universia, Prossiga, Educacional.

Cruz24 (2002 apud Costa, 2008, p. 87/88), por sua vez, apresenta outra classificação de portais, enquanto definições que podem, algumas vezes, ainda se complementar:

(1) Portal generalista ou horizontal: possui grandes volumes de dados, informações e conhecimento coletados de uma grande variedade de fontes, com o objetivo de atender ao maior número possível de necessidades;

24 CRUZ, Tadeu. Gerência do conhecimento: enterprise content management. São Paulo: Cobra Editora e

(2) Portal vertical ou vortal: serve para criar e disponibilizar cadeias produtivas verticalizadas por ramo de negócio, setor econômico ou processos de trabalho, sendo especializados em sistemas de produção de bens ou serviços;

(3) Portal de conhecimento: portal especializado, onde não existem dados e informações, mas conhecimento, ou seja, nele os dados e as informações já estão contextualizados;

(4) Portal de negócio ou comerciais: pode se apresentar, ao mesmo tempo, enquanto vertical e horizontal, contendo apenas uma das pontas da cadeia produtiva ou uma cadeia completa, por exemplo: fornecedores versus parceiros versus empresa versus clientes versus acionistas;

(5) Portal composto: quando congrega características das classificações anteriores.

Entretanto, segundo Costa (2008, p. 88), tem-se verificado nos últimos cinco anos que os portais de informação “vêm constituindo ou promovendo diversas redes de comunicação e conhecimento na atual cibercultura, ainda mais quando dos portais de

conhecimento, ou seja, daqueles nos quais os dados e as informações já são encontrados

de maneira contextualizada”. Para o autor, os portais de informação científica se configuram em novos canais supra-formais especializados de disseminação desse tipo de informação. Nesse sentido, “é inegável a sua contribuição para a produção e evolução da ciência e da tecnologia, utilizando-se das TICs, através da comunicação científica por elas promovida”. Entretanto, os portais de informação científica convergem à disposição e recuperação de relevantes fontes de informação por seus usuários, as fontes mais atualizadas possíveis, na perspectiva de uso das TICs”. O potencial genérico da estrutura de conteúdo deste tipo de portal pode ser observado na Figura 5.

FIGURA 5 – Conteúdo do Portal de Informação Científica

Fonte: Costa (2008, p. 91)

Quase sempre os portais de informação científica estão vinculados às instituições promotoras do conhecimento científico, como: instituições de ensino superior e de pesquisa; ordens, conselhos e associações profissionais; associações de pós-graduação; sociedades para o progresso da ciência; dentre outras. Citamos, como exemplo dessa vinculação às instituições promotoras do conhecimento científico, quatro Portais do nosso objeto de estudo: INASP, HINARI, AGORA e CAPES. Segundo Saldanha25 (2004), “quando o portal está inserido em um programa de gestão do conhecimento, sua importância e seus benefícios transcendem a soma de suas funcionalidades, deixando assim de ser mais um software e ganhando uma dimensão maior”.

De modo geral, um portal é uma página específica na Internet que serve como ponto de acesso direto a outros conjuntos de serviços e informações, contendo subdivisões específicas sobre determinado tema ou área do conhecimento (DIAS, 2001; MEDEIROS; VENTURA, 2008). No que se refere a periódicos científicos eletrônicos, um portal exerceria a função de agregador e de índice, tendo por objetivo ajudar os pesquisadores a encontrarem informações específicas acerca de autores, títulos, temas etc. Um Portal de Periódicos tem a funcionalidade de agregar informações, aplicações e serviços relevantes aos usuários, filtrando a variedade de informação por meio de uma interface única (MILLER, 2003; MOFFAT, 2004).

25 SALDANHA, Ricardo. Portais corporativos: entre o sonho e a realidade, abril 2004. Disponível em:

O Joint Information Systems Committee (JISC, 2009)26 define Portal como,

tecnicamente, um portal é um serviço de rede que agrupa conteúdo de diversas fontes distribuídas usando tecnologias como busca cruzada, harvesting e chamadas de alerta, e agregam isso numa forma conjunta de apresentação para o usuário. Essa apresentação é normalmente através de um browser (navegador), apesar de outros meios também serem possíveis. Para usuários, um portal é um ponto de acesso comum, possivelmente personalizado, onde a busca pode ser identificada por uma ou mais de uma fonte nos resultados agrupados.

Já o Glossário da United Kingdom Office for Library and Information Networking

(UKOLN, 2009)27 define Portal como um serviço de rede que,

provê um único ponto de acesso personalizado para uma gama de serviços de rede heterogêneos, locais e remotos, estruturados e não estruturados. A funcionalidade de um portal geralmente inclui descoberta de fontes, acesso a e- mail e fóruns de discussão online. Portais são feitos para usuários finais humanos usando “padrões” web comuns, como HTTP, HTML, Java e Java Script.

As definições apontam questões comuns a todos os Portais, e que se aplicam também aos Portais de Periódicos Eletônicos, sendo a mais óbvia a existência de uma instituição responsável. Toda a comunicação baseada em tecnologia exige servidores robustos e sistemas de segurança de dados que dificilmente poderiam ser viabilizados de forma satisfatória por editores individuais (SOUTO, 2007). Apesar de o portal ser uma página centralizadora, que agrega uma ampla gama de informações de várias áreas do conhecimento de uma determinada instituição, é preciso que haja uma organização de acordo com as especificidades das áreas, pois editores de periódicos de áreas diferentes atendem critérios de qualidade próprios. As diferenças disciplinares não podem deixar de ser levadas em conta para qualquer tipo de informação científica, pois influenciam tanto os padrões dos periódicos quanto o comportamento informacional do usuário (COSTA, 2008).

26

Comitê de Sistemas de Informação, em tradução livre. Disponível em: http://www.jisc.ac.uk/. Acesso em: 27 jan. 2013.

27 Escritório do Reino Unido para Redes de Biblioteca e Informação, financiado pelo Conselho de Museus,

Bibliotecas e Arquivos (Inglaterra), juntamente com o JISC, tendo como sede a Universidade de Bath. Disponível em: http://www.ukoln.ac.uk/about/. Acessado em: 27 jan. 2013.