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Mesmo sendo pano de fundo desse trabalho, será apresentado nessa seção um breve relato sobre a Portaria Normativa Nº 3/2010, do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, pois como o estudo foi realizado em uma instituição pública ela tende a desempenhar papel importante nas ações ligadas às tomadas de decisão dos gestores no que tange a segurança do trabalho tendo reflexos na cultura de segurança do trabalho e níveis de maturidade.

O cuidado com a saúde do trabalhador sempre foi uma questão importante, porém por muito tempo foi negligenciada. No entanto, com a Revolução Industrial, esta preocupação passou a ser tema de discussões que envolviam os trabalhadores

dos setores privados. No Brasil, essa temática começou a se destacar a partir dos anos 40, após a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e nos anos 80, a Constituição Federal estabeleceu legislação referente à segurança no trabalho (BRASIL, 1940; BRASIL, 1988).

No tocante à saúde do servidor público, até o final do século XX as ações eram variadas, pois não havia nenhuma Política de Atenção à Saúde do Servidor. Alguns órgãos executaram serviços de excelência enquanto outros sequer permitiram o acesso a juntas médicas (TAISSUKE, 2016; ZANIN et al., 2015). Somente após o ano 2000 iniciou uma preocupação com essa temática, culminando na elaboração de normas voltadas à saúde e segurança do trabalhador de instituições públicas, como o Decreto 6.833/2009 que instituiu o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) e o Comitê de Atenção à Saúde do Servidor, e o Decreto 6.856/2009 que dispôs a respeito dos exames médicos periódicos (TAISSUKE, 2016; ZANIN et al., 2015).

Um marco importante foi a publicação da Portaria Normativa nº 3, de 07 de maio de 2010, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, denominada Norma Operacional de Saúde do Servidor (NOSS), voltada à saúde e segurança do servidor público federal, com leis elaboradas e normas regulamentadoras específicas para o servidor público (BRASIL, 2010).

Esta norma tem como objetivo definir linhas gerais para implantar ações de vigilância aos locais e às metodologias de trabalho e promover a saúde do servidor pertencente à Administração Pública Federal. Esta portaria, que faz parte da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho, instituiu diretrizes e delegou atribuições e competências para a concretização da Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal (BRASIL, 2010; DOU, 2010. p. 80).

A publicação da norma evidencia as diretrizes para a Administração Pública Federal, pois o gestor público tem a competência para implementar as ações, beneficiando o servidor, assegurando-lhe um ambiente de trabalho saudável.

As diretrizes dessa Norma Operacional são pautadas na universalidade e equidade, contemplando a todos que trabalham em órgãos públicos federais; na integralidade das ações, de forma a potencializar as ações voltadas à saúde dos servidores; no acesso à informação, na participação dos Servidores, na

regionalização e descentralização, na transversalidade, integrando as áreas do conhecimento que dizem respeito à saúde do trabalhador, na intra e intersetorialidade, integrando diferentes áreas, na cogestão, compartilhando o poder entre os diferentes personagens que integram o processo, na epidemiologia, na formação e capacitação, na transdisciplinaridade, compartilhando conhecimento a respeito da complexidade humana levando em consideração os vários fatores que têm influência na saúde dos trabalhadores, e na pesquisa-intervenção (BRASIL, 2010).

Como principais estratégias a serem adotadas, estão as avaliações dos locais e procedimentos de trabalho, as atividades de educação em saúde e o acompanhamento da saúde do servidor, considerando os riscos aos quais estes são submetidos durante seu exercício profissional, a prevenção de problemas de saúde, o ambiente profissional, os assuntos relacionados à coletividade de servidores e ainda as questões individuais de cada um. A organização das ações educativas em saúde será elaborada de modo participativo, de forma a incentivar a mudança de comportamentos e a valorização das atitudes do servidor (BRASIL, 2010).

A NOSS ainda indicou os participantes fundamentais para sua efetivação, composto por vários elementos, como por exemplo, servidores, equipe de vigilância e promoção, comissão interna de saúde do servidor público, gestor de pessoas, entre outros, dentre os quais destacamos a Comissão Interna de Saúde do Servidor Público.

A Comissão Interna de Saúde do Servidor Público (CISSP) faz parte da NOSS e foi instituída com o objetivo de:

a) propor ações voltadas à promoção da saúde e à humanização do trabalho, em especial a melhoria das condições de trabalho, prevenção de acidentes, de agravos à saúde e de doenças relacionadas ao trabalho; b) propor atividades que desenvolvam atitudes de corresponsabilidade no gerenciamento da saúde e da segurança, contribuindo, dessa forma, para a melhoria das relações e do processo de trabalho; e

c) valorizar e estimular a participação dos servidores, enquanto protagonistas e detentores de conhecimento do processo de trabalho, na perspectiva de agentes transformadores da realidade (BRASIL, 2010).

A Comissão Interna de Saúde do Servidor Público (CISSP) é equivalente às CIPAs que existem atualmente na iniciativa privada. Cada órgão deverá constituir sua comissão, que será formada por representantes eleitos pelos servidores, e deverá ter no mínimo 3 e no máximo 21 integrantes. A quantidade de participantes será proporcional a uma pessoa para cada 30 servidores. Entre as atribuições da

CISSP, estão as de verificar as condições de trabalho, com intuito de detectar riscos e situações perigosas, além de observar as medidas reparadoras (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO, 2015).

Para que a aplicação das orientações básicas sobre a norma operacional de saúde atinjam seus objetivos no setor público federal, é necessário utilizar um método adequado, que deve ser simples, eficiente e eficaz, dessa forma evitando falhas comuns como, por exemplo, agir desconsiderando que pode haver outras possibilidades, decidir pela alternativa mais curta, mensurar o problema sem averiguar a hierarquia, considerar apenas uma maneira de resolver algo, deixar de consultar pessoas chaves para resolução de algum problema e não observar os recursos financeiros, humanos e materiais para solucionar as adversidades (MATTOS; GUIMARÃES, 2005).

2.7 A INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO CONTEXTO DA CULTURA DE

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