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23 Em Portugal, os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) dispõe de um grupo funcional

composto por médicos, enfermeiros, técnicos superiores, que englobam-se os técnicos de diagnóstico e terapêutica (saúde ambiental, higiene oral, ortóptica, radiologia e fisioterapia); técnicos superiores de saúde (psicólogos e nutricionistas); técnicos de serviço social e técnicos de informática. Assistentes técnicos (profissionais qualificados na área de atendimento e relações interpessoais) e assistentes operacionais (realizam serviços de suporte, nomeadamente os serviços de limpeza das instituições) que atuam em cuidados de saúde primários e assumem responsabilidades complexas no SNS (Azevedo, 2012).

A população inscrita em cada USF, em Portugal, não deve ser inferior a 4.000 nem superior a 18.000 utentes. Estas unidades podem ser organizadas em três modelos de desenvolvimento: A, B e C, que assumem diferentes níveis de autonomia, correspondendo a diferentes graus de partilha de risco e de compensação retributiva (Decreto-Lei n.º 298/2007, de 22 de agosto cit. por Carvalho, 2014).

Segundo Ferreira (2011) cit. por Carvalho (2014), em Portugal, as modalidades de incentivos institucionais e financeiros criam condições para o desenvolvimento de ambientes de motivação dos profissionais, ao atribuir às equipas melhorias nas unidades de saúde. Porém, nas demais unidades funcionais dos ACeS não existe qualquer atribuição de incentivos.

No Brasil, as equipes são compostas, no mínimo, por médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou médico de Família e Comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ ou técnico em saúde bucal (E. Figueiredo, 2012).

O número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe. Cada equipe de saúde da família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas de acordo com a Portaria MS/GM/2488 de 21 de outubro de 2011 (PMSP, 2014).

No Brasil também se aplica um sistema de incentivo ao bom desempenho das equipes. Para a SMS, a experiência portuguesa tem permitido tirar conclusões positivas na aplicação desta estratégia, tendo-se verificado uma melhoria dos resultados no que se refere aos indicadores contratualizados, servindo de base conceitual para a metodologia de pagamento variável (p. 05 cit. por Costa e Silva et al., 2014).

Na APS (Atenção Primária à Saúde) a qualidade em saúde não depende só da definição e implementação dos requisitos para a qualidade. Requer a compreensão do seu significado, da incorporação de atividades de gestão e clínicas em harmonia com os objetivos e resultados que se pretende alcançar. Como os serviços de saúde são movidos por pessoas, a qualidade do

serviço depende muito do envolvimento, mobilização e aceitação para trabalhar de forma cooperativa, visando às transformações desejadas (Cavalcanti, 2017, p. 20).

2.4. O Sistema de Saúde Português versus Sistema Único de Saúde

Brasileiro

Em decorrência da crise mundial, Europa e América Latina enfrentam um momento para ponderar sobre os seus sistemas de saúde, seja o caso do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil ou SNS em Portugal, com a finalidade de buscar opções contemporâneas para reverter as desigualdades na saúde (Caldas & Santos, 2016).

Portugal é unitário, enquanto o Brasil é uma federação, e as unidades subnacionais influenciam nas políticas de saúde, uma vez que as estruturas dos países são distintas. Os sistemas de saúde do Brasil e de Portugal passaram por trajetos parecidos, sendo que em ambos os sistemas de saúde provenientes da previdência social, com o financiamento feito por meio de contribuições de trabalhadores. Estes sistemas de saúde impulsionaram o desenvolvimento económico de ambos os países, que após sofrerem diversas reformas resultaram em sistemas fragmentados com subsistemas públicos, privados e de seguros (de Castro & Cortes, 2015).

O SNS é um conjunto de instituições pelas quais o Estado Português garante o direito à saúde a todos os cidadãos prestando cuidados integrados de saúde que envolvem a promoção e a vigilância da saúde, a prevenção e/ou o controle da doença, o diagnóstico precoce, e tratamento dos cidadãos, além da reabilitação da saúde para fins de reintegração laboral e social. Tendo a sua criação no ano de 1979 como objetivo primário, a responsabilidade da saúde individual e coletiva, por parte do Estado (Caldas & Santos, 2016).

Portugal possui centros de saúde desde 1971, um SNS desde 1979 e iniciou uma reforma da atenção primária em 2005 com a resolução do Conselho de Ministros n.º 157/2005 de 12 de outubro. No início dos anos 70, Portugal foi um dos primeiros países europeus a adotar uma abordagem integrada para a atenção primária criando uma rede de CS que abrange a maior parte do país. Os CS em Portugal continuam a ser o meio mais eficaz e acessível para proteger e promover a saúde da população (Pisco, 2011).

Em Portugal, assim como no Brasil, a saúde também é um direito do cidadão garantido pela Constituição e assegura que a saúde deveria ser gratuita, porém, em 1989 o texto constitucional foi alterado e a saúde gratuita passou a ser tendencialmente gratuita, mas os recursos continuam a ser limitados e inapropriados às necessidades da população, além dos encargos tributários, os cidadãos contribuem com uma forte coparticipação nas despesas em saúde (Araujo et al., 2017).

A seguir, na tabela 6, apontam-se as semelhanças e diferenças dos sistemas de saúde do Brasil e Portugal.

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