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Posição sociológica, regeneração natural e valor de importância ampliado

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ESTACIONAL DECIDUAL LOCALIZADO NAS MARGENS DO RIO DO PEIXE, MEIO OESTE CATARINENSE, BRASIL

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 Parâmetros da estrutura vertical

2.2.1 Posição sociológica, regeneração natural e valor de importância ampliado

Dentre os indicadores da estrutura vertical, três costumam ser considerados: a regeneração natural, a posição sociológica e o valor de importância ampliado (FINOL, 1971 apud HOSOKAWA et al. (1998).

A regeneração natural representa o indivíduo jovem na floresta. Este é o estágio intermediário entre a plântula e o estado adulto vegetativo/reprodutivo, fundamental para a manutenção do equilíbrio da floresta, já que o fracasso dos processos adaptativos, nesse período, pode eliminar a espécie do local (AMO RODRÍGUEZ & GÓMEZ-POMPA, 1976).

Para SCARIOT & REIS (2010), “a regeneração natural é um processo que trata do desenvolvimento e reconstrução das comunidades naturais. Esse processo, em florestas tropicais que sofrem distúrbios naturais ou antrópicos, depende de fontes autogênicas e alogênicas. As fontes autogênicas são representadas pela expressão do banco de sementes do local que sofreu tal distúrbio e as alogênicas, pela expressão da chuva de sementes que chega nesse local”.

A regeneração natural constitui importante indicador para a compreensão da capacidade de disseminação das espécies e do momento inicial de sua dinâmica na ocupação do ambiente. Em uma floresta, a organização estrutural (horizontal e vertical) e a distribuição diamétrica dependem de como as espécies se comportam neste momento inicial (HOSOKAWA et al., 1998).

A regeneração pode ser avaliada por meio da freqüência, da densidade e das categorias de tamanho (indivíduos são avaliados por classes de tamanho), sendo considerado que, quanto maior for o indivíduo, maior também será sua possibilidade de permanecer na área (LONGHI et al., 2000).

A posição sociológica ou a expansão vertical das espécies fornece informações sobre a composição florística dos diferentes estratos da floresta no sentido vertical e do papel desempenhado pelas diferentes espécies em cada um deles (LAMPRECHT, 1990).

A posição sociológica absoluta, como a soma dos valores fitossociológicos por espécie, em cada estrato, pode ser obtida pelo percentual do número de indivíduos arbóreos de cada estrato em relação ao número total de indivíduos de todas as espécies nos diferentes estratos

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(FINOL 1971 apud HOSOKAWA et al.,1998). Para isso, é necessário calcular o valor fitossociológico simplificado para cada estrato. Conforme o autor supracitado, a posição sociológica relativa expressa o valor da posição sociológica para cada espécie, dado em percentagem do total dos valores absolutos. Assim, quanto mais regular for a distribuição dos indivíduos de uma espécie na estrutura vertical de uma floresta, tanto maior será seu valor na posição relativa. Ocorre neste caso uma diminuição gradual do número de indivíduos à medida que se sobe do estrato inferior para o superior (FINOL, 1971).

O Valor de Importância Ampliado (VIA) nada mais é do que o somatório das importâncias horizontais e verticais de cada espécie (FINOL, 1971 apud CIENTEC 2006),. Portanto, esse índice apresenta uma melhor definição para a importância ecológica da espécie, observando a sua distribuição não apenas do ponto de vista horizontal ou vertical, mas, pelo somatório das duas análises. Além disso, esse índice leva em consideração a participação da espécie na regeneração natural (LAMPRECHT, 1990).

3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado em uma sub bacia do Rio do Peixe, nos municípios de Ipira e Piratuba, ambos situados no estado de Santa Catarina, entre as coordenadas 27º 25’ 34’’ Sul e 51º 47’ 18’’ Oeste (Figura 2.1). O fragmento em questão possui aproximadamente 125 ha.

A bacia do rio do Peixe está inserida em duas unidades pertencentes à região geomorfológica Planalto das Araucárias, sendo elas: Planalto dos Campos Gerais e Planalto dissecado do rio Iguaçú / rio Uruguai, pertencente a bacia do rio Paraná. O rio do Peixe é afluente da margem direita do rio Uruguai, que por sua vez, é tributário da bacia do rio da Prata (BRASIL, 2012).

O relevo regional traduz-se por um amplo planalto mostrando feições geomorfológicas distintas, com áreas intensamente dissecadas, controlado pelas estruturas geológicas, inserido no planalto dos rios Iguaçu e Uruguai (VEADO & TROPPMAIR, 2010).

Nesta região predomina o clima mesotérmico tipo úmido (Cfa), sem estação seca distinta, com índices pluviométricos mensais superiores a 60 mm, com temperaturas médias dos meses mais quentes acima de 22oC com temperaturas médias do mês mais frio abaixo de 18oC e acima de 3oC (SEIFFERT & PERDOMO, 1998).

Na paisagem, as porções fortemente controladas estruturalmente com encostas íngremes e vales profundos apresentam solos pouco ou medianamente desenvolvidos (Cambissolo), enquanto as porções da bacia com relevo mais suavizado apresentam solos mais desenvolvidos (Latossolo e Nitossolo) (EPAGRI, 1998).

A formação vegetal característica desta região do Alto Uruguai é a Floresta Estacional Decidual (IBGE, 1992), conhecida como Floresta do Alto Uruguai (SOBRAL et al., 2006), ou Mata Branca e se estende ao longo de todo o vale do Rio Uruguai, inclusive na porção dos afluentes que se encontra até 500 a 600 m de altitude (KLEIN, 1978).

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Figura 2.1 – Localização da área do levantamernto fitossociológico realizado em um trecho de Floresta Estacional Decidual situado às

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A área foi amostrada através da disposição de 14 transectos de 10 x 100 m, distribuídos aleatoriamente na paisagem, totalizando 1,4 ha de área amostral, com critério de inclusão de DAP igual ou superior a 4,0 cm. Para análise da Regeneração Natural, foram considerados todos os indivíduos com DAP inferior a 4,0 cm e igual ou superior a 2,0 cm, em cada uma das subparcelas de 40 m2 (10 x 4 m), alocadas em cada um dos transectos, totalizando 560 m2, conforme esquematizado na Figura 2.2.

Figura 2.2 Desenho amostral utilizado para o levantamernto fitossociológico realizado em um trecho de Floresta

Estacional Decidual situado às margens do rio do Peixe, oeste catarinense

No campo, todas as árvores incluídas nas parcelas e que obedeceram ao critério de inclusão adotado, Circunferência a Altura Peito (CAP) (1,30 m do solo) maior ou igual a 12,5 cm, foram numeradas, etiquetadas e identificadas, sempre que possível, até o nível de espécie, além do registro em fichas de campo de suas respectivas alturas e CAP.

As medidas de CAP foram realizadas com auxílio de fita métrica. Posteriormente, estes valores foram convertidos em DAP (Diâmetro a Altura do Peito), para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos, através da seguinte fórmula:

As estimativas de altura foram realizadas por comparação com a vara da tesoura de poda alta.

Inicialmente todos os dados contidos nas fichas de campo foram transferidos para planilhas, com auxílio do software Microsoft Excel. Posteriormente, os dados coletados foram processados no programa MATA NATIVA 2 (CIENTEC, 2006). Este pacote possibilita a preparação dos dados para análise e o cálculo de parâmetros fitossociológicos tradicionais, tais como: dominância, densidade, freqüência, valor de importância, dentre outros.

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Os descritores ou parâmetros da Estrutura Horizontal foram calculados conforme as fórmulas descritas abaixo:

Frequências Absoluta e Relativa

;

FA i = freqüência absoluta da i-ésima espécie na comunidade vegetal;

FR i = freqüência relativa da i-ésima espécie na comunidade vegetal;

u i = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;

u t = número total de unidades amostrais; P = número de espécies amostradas.

Densidades Absoluta e Relativa

;

;

DA i = densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare;

n i = número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem; N = número total de indivíduos amostrados;

A = área total amostrada, em hectare;

DR i = densidade relativa (%) da i-ésima espécie.

Dominâncias Absoluta e Relativa

;

;

DoA i = dominância absoluta da i-ésima espécie, em m 2 /ha; AB i = área basal da i-ésima espécie, em m2, na área amostrada;

A = área amostrada, em hectare;

DoR i = dominância relativa (%) da i-ésima espécie.

Valor de Importância ; Valor de Cobertura

;

Fonte: MULLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974)

Para a estratificação vertical foi utilizada a classificação da IUFRO, proposta por LEIBUNDGUT (1958 apud LAMPRECHT, 1990), através das seguintes proporções:

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Já descritores ou parâmetros da Estrutura Vertical foram calculados da seguinte maneira:

Estrato Vertical Estrato Inferior: Estrato Médio: Estrato Superior:

= média das alturas dos indivíduos amostrados; S = desvio padrão das alturas totais ( h j ); h j = altura total da j-ésima árvore individual.

Posição Sociológica ;

;

VF ij = valor fitossociológico da i-ésima espécie no j-ésimo estrato;

VF j = valor fitossociológico simplificado do j-ésimo estrato; n ij = número de indivíduos de i-ésima espécie no j-ésimo estrato;

N j = número de indivíduos no j-ésimo estrato;

N = número total de indivíduos de todas as espécies em todos os estratos;

PSA i = posição sociológica absoluta da i-ésima espécie; PSR i = POS (%) = posição sociológica relativa (%) da i-ésima espécie;

S = número de espécies;

m = número de estratos amostrados.

Regeneração Natural

;

Regeneração Natural (Cont...)

CAT i = classe absoluta de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;

CRT i = classe relativa de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;

n ij = número de indivíduos da i-ésima espécie na j-ésima classe de tamanho;

N j = número total de indivíduos na j-ésima classe de tamanho; N = número total de indivíduos da regeneração natural em todas as classes de tamanho.

RNR i = regeneração natural relativo da i-ésima espécie; FR i = freqüência relativa da regeneração natural da i-ésima espécie;

R i = densidade relativa da regeneração natural da i-ésima espécie.

Valor de Importância Ampliado

VIA = Valor de Importância Ampliado.

Fonte: HOSOKAWA et al (1998)

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