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Possíveis Efeitos Adversos da Suplementação com DDOS

durante 30 e 60 dias (n=84, 7 ratos/grupo)

3.4 Interesse na Utilização de Tocoferóis Naturais

3.4.3 Possíveis Efeitos Adversos da Suplementação com DDOS

O DDOS é um produto heterogêneo muito complexo, contendo em sua composição vários compostos químicos. Entretanto, o único componente que é sabidamente prejudicial à saúde são os AGL, pois seu acúmulo nas células promove alterações na permeabilidade da membrana celular, além de dano mitocondrial. Estas disfunções celulares iniciam o processo de apoptose, ou seja,

levam à morte celular (SANTOS et al., 2006; OKOSHI, et al., 2007). Portanto, para

avaliar os efeitos adversos do DDOS, isto é, sua toxicidade são necessários métodos que verifiquem danos hepáticos, hematológicos, oxidativos e genotóxicos, além de análises mais simples, como verificação do comportamento dos animais suplementados com o produto.

A análise das transaminases séricas GPT (transaminase glutâmico pirúvica) e GOT (transaminase glutâmico oxaloacética), assim como as bilirrubinas séricas levam a indicação de dano hepático. A enzima sérica GOT é encontrada no coração, fígado, músculo esquelético, rim, cérebro, pâncreas, baço e pulmões. Portanto, na ocorrência de danos em quaisquer destas células, os teores da enzima irão se apresentar elevados. Por isto, não é um bom parâmetro individual para teste de função hepática, neste caso a GPT é o melhor parâmetro, sua principal aplicação está no diagnóstico da destruição hepatocelular, caso ocorra dano nas células hepáticas a enzima estará acentuada. Nos hepatócitos, a enzima GOT está dentro da mitocôndria, enquanto que a GPT está localizada em outra parte do citoplasma, por esta razão o dano hepatocelular grave apresenta níveis mais elevados de GOT. Mesmo assim, ela se apresenta em quantidade moderada nos rins e em pequenas quantidades no coração e músculo esquelético

(OLIVEIRA LIMA et al., 1985).

A bilirrubina por sua vez, é o principal produto do catabolismo da hemoglobina, quando está elevada indica dano hepatocelular inflamatório, tóxico ou neoplásico, ou obstrução biliar. As bilirrubinas totais se dividem em indiretas e diretas. As bilirrubinas indiretas (não conjugadas) são formadas no organismo derivadas da hemoglobina das hemáceas, por serem lipossolúveis, ligam-se a albumina para irem até o hepatócito, então são captadas e transportadas por um

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complexo protéico-pigmentar até o retículo endoplasmático liso, onde são conjugadas ao ácido glicurônico, formando as bilirrubinas diretas ou conjugadas (hidrossolúveis). Quando as bilirrubinas indiretas estão elevadas indicam dano hepático ou anemia hemolítica, já as diretas indicam obstrução biliar (OLIVEIRA

LIMA et al., 1985).

Dentro da rotina hematológica, o exame mais utilizado é o hemograma, que se caracteriza por ser uma avaliação quantitativa e qualitativa dos elementos do

sangue, podendo ser dividido em 3 partes conforme o enfoque: Eritrograma, que

estuda as alterações na série vermelha (eritrócitos, hemoglobina, hematócrito,

índices globulares e morfologia eritrocitária); Leucograma, que estuda a série

branca, ou seja, a contagem total dos leucócitos (leucometria), e sua morfologia

(diferencial); Plaquetograma, que faz uma estimativa do número de plaquetas e

estuda sua morfologia. Seus resultados indicam alterações nas células sangüíneas causadas pela exposição a algum agente prejudicial (RAPAPORT, 1990).

Em relação ao estado oxidativo, percebe-se que a produção de radicais livres faz parte do metabolismo humano, entretanto, quando esta produção é exagerada e os mecanismos antioxidantes do organismo não conseguem controlar e restabelecer o equilíbrio metabólico, ocorre o estresse oxidativo e o dano celular. Para isto, existem os marcadores de dano oxidativo, neste caso, os marcadores de peroxidação lipídica, dentre os quais ressaltam-se o malonaldeído

(MDA) e as isoprostanas (8-iso-PGF2α).

O MDA é um produto formado na oxidação lipídica, derivado da β-ruptura

de endociclização de AG poliinsaturados como o linoléico e araquidônico. É uma substância tóxica, que pode levar a processos deteriorativos no homem, incluindo o envelhecimento. Atualmente é considerado um promissor biomarcador geral de dano oxidativo, e é facilmente medido pela reação com o ácido 2-tiobarbitúrico -

TBA (FACCO, 2002; VASCONCELOS et al., 2007). Por sua vez as isoprostanas

são eicosanóides de origem não enzimática, sua formação ocorre in vivo pela

oxidação do ácido araquidônico. São produtos estáveis e por isto sua quantificação desperta interesse como biomarcador de dano oxidativo. Sua

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formação ocorre no fígado e depois vão para a circulação sangüínea, assim existe correlação clara entre patologias no fígado e o nível de isoprostanas no plasma

(SCHRIJVERS et al., 2004). Ressalta-se, sobretudo, que sua formação é

modulada pelo estado antioxidante do organismo estudado e não é afetada pelo

teor de lipídios da dieta (VASCONCELOS et al., 2007).

A análise de micronúcleos caracteriza-se como um teste citogenético cujos resultados evidenciam quebras no material genético, ocasionadas pela ação genotóxica de algumas substâncias. Sua finalidade está ligada a possíveis efeitos colaterais gerados pelos componentes formadores do DDOS, bem como, a ação

protetora promovida pelos tocoferóis a danos genotóxicos. O teste in vivo em

roedores tem sido largamente utilizado para detectar e mensurar estes danos. A avaliação dos MNs, também chamados de corpúsculos de Howell-Jolly, é o teste primário de genotoxicidade e é recomendado pelas agências reguladoras mundiais para ser parte de uma avaliação de segurança dos produtos (OECD, 2005).

Para a identificação e contagem dos micronúcleos foram seguidos os

critérios de aceitação de Picker & Fox (apud RABELO-GAY et al.,1991), que são:

• O micronúcleo deve ter contorno regular, redondo ou oval, e estar dentro do

citoplasma de uma célula;

• O micronúcleo deve ser Feulgen-positivo, de intensidade igual ou menor e ter a

mesma textura e refração do núcleo principal;

• O micronúcleo deve estar no mesmo plano de foco.

O tecido alvo, no caso a medula óssea, é um órgão hematopoiético, onde as células-tronco são a base da eritropoiese com diferentes estágios de diferenciação e maturação. Na proliferação, as células continuam a divisão e é onde o agente xenobiótico a ser testado, pode atuar e causar dano nos cromossomos. Estas anomalias (cromossomo inteiro ou fragmentos) podem ficar para trás durante a divisão da célula, não se tornando integrante do núcleo da

célula filha, formando um MN visualizado no citoplasma (RIBEIRO et al., 2004).

Durante a maturação, quando o eritroblasto se desenvolve em PCE (eritrócito policromático - que ainda tem RNA ribossomal, é basófilo e imaturo), o núcleo

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principal é expelido e qualquer MN que tenha sido formado pode remanescer dentro do citoplasma anucleado. O aumento na freqüência de PCEMN é uma indicação de indução no dano cromossomal. Com a maturação, os PCE perdem RNA e tornam-se NCE (sem RNA ribossomal, é acidófilo, maduro e menor que PCE) (KRISHNA & HAYASHI, 2000; OECD, 2005).

O período entre a absorção da substância pelo animal, sua metabolização, complementação dos estágios do ciclo de divisão celular e o aparecimento de MN nos PCE da medula óssea é de no mínimo 6 horas, sendo que cerca de 12 – 24 horas depois da absorção, os PCE da medula correspondem aos descendentes das células expostas ao agente testado e os PCE pré-existentes se movem para a circulação periférica tornando-se NCE. Assim os PCEMN vão lentamente se transformando em NCEMN. A variação da freqüência de MN é uma função complexa de muitos fatores e o tempo preciso para a observação da freqüência máxima induzida não pode ser previsto. Na maioria dos casos, o pico se dá em

torno de 24 – 60 horas após o tratamento (RIBEIRO et al., 2004).

Assim, utilizando estas análises como ferramenta, pode-se avaliar um possível efeito prejudicial, causado pelos componentes do DDOS, aos animais que se submeterem à suplementação com este produto.

Material e Métodos

4 MATERIAL E MÉTODOS

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