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Possíveis fontes de recursos para apoiar a implantação de CCPs

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Fotos 9 e 10 – CCP SANTO ANTÔNIO DO RIO PRETO – Miraí-MG

4.2 Possíveis fontes de recursos para apoiar a implantação de CCPs

As leis 9.991/2000 e 13.203/2015 estabelecem que as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica ficam obrigadas a aplicar, anualmente, um montante de no mínimo de 0,50% (cinquenta centésimos por cento) de sua receita operacional líquida, tanto para a pesquisa e desenvolvimento- P&D- como para programas de eficiência energética, na oferta e no uso final da energia.

O inciso V do artigo 1° da lei 13.203/2015 define que essas empresas poderão aplicar até 80% dos recursos de seus projetos de eficiência energética em unidades consumidoras beneficiadas pela tarifa social de energia elétrica, em comunidades de baixa renda, e em comunidades rurais, na forma do parágrafo único do art. 5° desta lei.

Os programas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do setor de energia elétrica têm como principal objetivo aplicar recursos humanos e financeiros em projetos que sejam originais, tenham aplicabilidade, relevância, e que demonstrem a viabilidade econômica de produtos e serviços nos processos e usos finais de energia. Ele busca estimular a pesquisa e estabelecer a cultura da inovação, que resultem no aprimoramento do serviço de fornecimento de energia elétrica, na modicidade tarifária, e na diminuição dos impactos ambientais.

Segundo aquele diploma legal, os investimentos em P&D devem ser distribuídos da seguinte forma:

-40% (quarenta por cento) devem ser recolhidos ao FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFRICO E TECNOLÓGICO -FNDCT;

-40% (quarenta por cento) destinados à execução de projetos de P&D regulados pela ANEEL; -20% (vinte por cento) devem ser recolhidos ao MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME.

39 Vale ressaltar que, igualmente, as empresas de geração e transmissão de energia elétrica recolhem, cada uma, 1% (um por cento) das respectivas receitas operacionais líquidas para este programa.

A ANEEL elenca uma série de temas e subtemas para investimentos de P&D, por parte das empresas e agentes que prestam o serviço público de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Todo projeto de P&D deve está enquadrado em temas ou subtemas para que seja analisado. São temas para investimento em P&D, projetos que envolvam o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de serviços relacionados a:

a) Fontes alternativas de geração de energia elétrica; b) Geração termelétrica;

c) Gestão de bacias e reservatórios; d) Meio ambiente;

e) Segurança;

f) Eficiência energética;

g) Planejamento e operação de sistema de energia elétrica;

h) Supervisão, controle e proteção de sistemas de energia elétrica; i) Qualidade e confiabilidade dos serviços de energia elétrica; j) Medição, faturamento e combate a perdas comerciais.

É verdade que a ideia do programa de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do setor elétrico é de estimular a inovação e desenvolver soluções inéditas, para que o serviço público de atendimento com a energia elétrica seja o mais eficiente possível, de modo a se obter a modicidade tarifária e os menores impactos socioambientais. Por outro lado, há que se considerar que os recursos que permitem os investimentos em projetos de P&D são originários das contas de consumo pagas pelos brasileiros. Consequentemente, sua destinação para projetos que fomentem, efetivamente, o desenvolvimento das regiões isoladas seria bastante razoável, sobre o ponto de vista ético.

Para que isso fosse possível, bastaria uma alteração normativa, estendendo a abrangência dos tipos de projetos que poderiam ser contemplados com esses recursos.

Há que se ressaltar que “sempre que houver necessidade a ANEEL complementará a relação de temas e subtemas de interesse, para adequar as possíveis demandas de produtos e serviços identificados como relevantes para o setor”11

Só no ano de 2013, as distribuidoras de energia elétrica deram início a 125 projetos de eficiência energética, totalizando investimentos de R$430 milhões.

Estudos realizados pelo IPEA (2011), em parceria com a ANEEL, indicam que, entre os anos de 2000 e 2007, foram empenhados R$1,4 bilhão, em cerca de 2.400 projetos, seja de P&D stricto senso, ou outros de caráter geral, com vistas à otimização dos custos dos serviços de energia elétrica.

Por outro lado, deve se levar em conta também a adesão das iniciativas de CCPs com programas de governos estaduais, que, por vezes, são implementados para o fortalecimento da agricultura familiar, ou mesmo ações de responsabilidade social empresarial ou de agentes internacionais de fomento do desenvolvimento, que eventualmente estejam acessíveis.

Equacionar a fonte de recurso e estabelecer o arranjo institucional é, por si só, um grande desafio a ser superado para a implantação seriada de CCPs; e ele se torna ainda maior quando se trata de comunidades ribeirinhas da Amazônia e localizadas em regiões remotas.

As particularidades dessas localidades fazem com que outras dimensões, além da econômico-financeira, sejam ponderadas. Aspectos relacionados à segurança alimentar,

40 impactos ambientais, inexistência de alternativas sustentáveis de geração de renda, entre outros, conferem aos CCPs nessas regiões uma imensa importância. Esses aspectos, confrontados com os elevados custos dos sistemas de geração de energia a serem instalados pelas distribuidoras de energia elétrica nessas regiões, justificam um capítulo à parte no presente trabalho.

41 5 CCPs EM REGIÕES REMOTAS

É importante, desde já, chamar a atenção que, tendo em vista que os atendimentos dos consumidores das regiões isoladas se darão com sistemas de geração que emprega fontes intermitentes, possivelmente a solar (ANEEL, Resolução Normativa 493 de 15 de julho de 2012), a carga de uma unidade produtiva necessariamente precisa estar considerada no projeto de atendimento da comunidade; sob risco de que um eventual aumento de carga posterior seja muito difícil de ser viabilizado em curto espaço de tempo. Dessa forma, a chegada da energia naquelas localidades traria algum conforto a seus moradores, mas não representaria efetivamente um vetor de desenvolvimento sustentável. Estaria limitada a iluminar a pobreza e as dificuldades na luta pela subsistência da população que ali vive.

Hoje, não há nenhum CCP implantado em regiões que tenham sido atendidas por fontes alternativas de energia, na esteira do PLpT. A distribuidora do Amazonas já fez uso de mini usinas solares para atender 12 comunidades isoladas, mas em nenhuma delas foi prevista carga para uma unidade produtiva. Duas dessas comunidades atendidas com sistemas de geração solar foram visitadas em 2015 pelo autor desse trabalho e, em ambas, a comunidade manifestou interesse na instalação de um CCP.

Figura 8 - Localização geográfica dos municípios no estado do Amazonas onde foram instaladas as miniusinas fotovoltáicas. Fonte: AmE (2011).

5.1 Características de comunidades de regiões remotas que demandaram a instalação de

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