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CAPÍTULO 3 – AS EXPECTATIVAS DAS CRIANÇAS DE CINCO ANOS DO CIM

3.2 POSSÍVEIS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A INSTITUIÇÃO DE

Podemos concluir que, aparentemente simplória, a atividade de cópia de um modelo de escrita convencional mais que revela aprendizagens importantes para quem está começando a ser alfabetizado. Para a criança a escrita do nome próprio é chave na alfabetização, por alguns motivos, primeiro porque ele é uma escrita dotada de muitos significados para as crianças, é um texto mais próximo da criança. Sabemos que ele é uma escrita que unifica uma escrita que individualiza, porque é uma escrita que representa a primeira marca do indivíduo. Através da escrita do nome as crianças reafirmam sua presença e sua participação naquele grupo.

Figura 11: Escola de Educação Infantil representada pela criança Carol

Na realização dos desenhos sobre a Educação Infantil, fui surpreendida pelo desenho da Carol, pois foi à única criança que representou a instituição vista pelo lado de fora. Destacamos que ela desenhou o muro e suas pinturas, o portão de entrada e da quadra. Desenhou ainda sua mãe, levando-a para a escola, assim como uma coleguinha que também estava acompanhada pela mãe. Ela reafirma que a mãe tem papel importante em sua trajetória escolar, já que deixou explícito para a pesquisadora que desenharia a mãe.

3.2 POSSÍVEIS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A INSTITUIÇÃO DE

As expectativas das crianças com relação ao Ensino Fundamental, baseadas nos desenhos e conversas, apontam que elas estão convictas que os momentos de brincadeiras acontecerão de forma esporádica, sendo priorizadas atividades de alfabetização sistematizada.

Figura 12: Escola de Ensino Fundamental representada pela criança Tonico

Como afirmam Neves, Gouveia e Castanheira (2011), a brincadeira está presente na organização diária das rotinas das instituições infantis. Já a escola de Ensino Fundamental as brincadeiras são colocadas em segundo plano. O gráfico abaixo revela as expectativas das crianças com relação às brincadeiras no Ensino Fundamental:

Gráfico 2: Quantas crianças acham que vão brincar no Ensino Fundamental Fonte: Gráfico elaborado pela autora a partir das respostas dos alunos das turmas Pré II A

(atendimento integral) e Pré II C (atendimento parcial tarde) 18

14

Quantas crianças acham que vão brincar no Ensino Fundamental ?

Sim Não

De acordo com o gráfico, observa-se que as crianças percebem que o momento de brincar acontecerá, porém, com uma nova organização na rotina diária das aulas.

Como mostra a conversa com a criança Joca:

Pesquisadora: Você acha que a escola de Ensino Fundamental tem tempo para brincadeiras?

Joca (criança): Sim, mas nas aulas de Educação Física jogamos futebol e basquete. A professora brinca com nós de dança das cadeiras e corre cutia.

E as meninas brincam de pular corda, bambolê, queimada.

No Ensino Fundamental, o brincar fica restrito às aulas de Educação Física e ao horário do recreio. Como afirma Márcia Mariana Santos de Oliveira10 “com isso, os tempos e espaços de brincar ficam em segundo plano, sendo permitido às crianças a brincadeira nos intervalos das atividades de leitura e escrita, o que causa grandes conflitos entre crianças e professora.” (2014. p. 9)

Quando perguntadas se desejam ir para o Ensino Fundamental, a maioria das crianças relata que sim. Isso demonstra que apesar do desafio do desconhecido, elas já compreendem a cultura do Ensino Fundamental como sendo diferente da Educação Infantil e atribuem importância a ela. Abaixo segue o gráfico com os dados coletados na conversa:

Gráfico 3: Comparativo entre crianças que desejam e não desejam ir para a escola de Ensino Fundamental

Fonte: Gráfico elaborado pela autora a partir das respostas dos alunos das turmas Pré II A (atendimento integral) e Pré II C (atendimento parcial tarde)

10 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Bolsista de Iniciação Científica PROPESQ/UFJF no Grupo de Pesquisa LINFE.

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Crianças que desejam ir para a escola de Ensino Fundamental

Sim Não

Pesquisadora: Você deseja ir para a escola de Ensino Fundamental?

Lili (criança): Quero sim

Pesquisadora: Você sabe qual escola que irá estuda ano que vem?

Lili (criança): Margarida11

Pesquisadora: Porque você gostaria de estudar de ir para a escola Margarida?

Lili (criança): Eu conheço, já passei lá perto. A minha vizinha que é minha amiguinha estuda lá.

Pesquisadora: Como você gostaria que fosse sua professora nova?

Lili (criança): Como a Tia Cláudia, a professora atual, a criança dá algumas características físicas, e diz que a professora a ajuda nas atividades de cortar e recortar o nome, e deixa a gente brincar.

Pesquisadora: E na outra escola será que tem brincadeiras?

Lili (criança): Tem sim, lá tem uma quadra grande para brincar e dançar quadrilha.

Figura 13: Escola de Ensino Fundamental representada pela criança Carol

Pesquisadora: Você sabe que no ano que vem você vai para outra escola? E você sabe qual é? E você quer ir?

Carol (criança): Quero sim. Vou estudar no Magelinha12 Pesquisadora: Por quê?

Carol (criança): Para eu saber muitas coisas.

Pesquisadora: E o que você quer saber?

Carol (criança): Escrever o nome da minha Mãe inteiro.

Pesquisadora: Como você gostaria que fosse sua nova professora?

Carol (criança): Ela é morena, boazinha, Kátia13.

Na conversa com a criança Jane, ela deixou explícito o quanto ela sente prazer ao fazer as atividades de sala de aula. De maneira geral, as crianças demonstram interesse em realizar as atividades propostas pela professora.

11 Escola Municipal Margarida Soares Guimarães

12 Escola Municipal Geraldo Magela Diniz

13 É provável que Kátia seja a professora do irmão mais velho de Carol.

Figura 14: Escola de Ensino Fundamental representada pela criança Cacá

O prazer das atividades livres que aconteciam na instituição de Educação Infantil é substituído pelo direcionamento das atividades de alfabetização e letramento do Ensino Fundamental. Aqui se inicia um conflito, onde a liberdade de expressão da criança passa a ser delimitada por uma lógica de trabalho a ser desenvolvida pelo professor. A conversa com Lili demarca como a rotina da escola de Ensino Fundamental é mais engessada e com um olhar alfabetizador:

Pesquisadora: E você sabe que na escola nova tem para casa?

Lili (criança): Sim, tem que levar o caderno para casa, escrever, escrever, escrever até. Na outra escola vai ter que saber ler, escrever o nome todo de letra cursiva.

Figura 15: Escola de Ensino Fundamental representada pela criança Joca

Pesquisadora: Você sabe que o ano que vem terá que ir para outra escola, você deseja ir para a escola de Ensino Fundamental?

Joca (criança): Sim, eu quero. Eu vou estudar no CETAP14 Pesquisadora: Você conhece o CETAP? Como é a escola?

Joca (criança): Sim, já fui lá O CETAP é uma escola grande e bonita. Tem uma quadra para jogar futebol.

Pesquisadora: Como você gostaria que fosse sua professora na nova escola?

Joca (criança): Uma professora legal. Que deixe eu brincar de massinha e que me ensine a ler.

Pesquisadora: Joca, você sabe que na escola do ano que vem, terá para casa? Você gosta de fazer para casa?

Joca (criança): Eu sei por que minha irmã estuda no CETAP, ela leva para casa. Eu gosto de fazer para casa de colorir e escrever.

14 CETAP – Centro Educacional Técnico e Artes Profissionais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Guimarães Rosa (1983, p.142), expressa que: “Contar é tão dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares...” Esta frase inspira e revela bem o que eu sinto ao narrar a minha história: a inquietação de buscar minhas memórias e vivências, a fim de evocar lembranças que traduzam as vivências das crianças.

Remendando os retalhos de minha colcha, percebo agora, enquanto escrevo que a Tia Iraci pode ter mesmo sem intenção, contribuído para que eu internalizasse um nível de uma expectativa de que o Ensino Fundamental exigiria de mim muitas habilidades e competências.

Quando faço o resgate da memória, detalhando as características da professora do Ensino Fundamental, fica claro que, como aluna, houve por minha parte, certa resistência e aceitação por acreditar que a minha professora da Pré-escola era a ideal.

Sendo assim, a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental deve ter o foco nas necessidades das crianças para que elas não se sintam desmotivadas ou frustradas. Nesse sentido, o diálogo entre os profissionais nos dois níveis de ensino seria uma forma de garantir uma passagem que respeite as trajetórias, identidade e aspirações das crianças.

É preciso que os professores atentem para como tratar e lidar com as crianças nesta fase, fazendo transparecer que a transição é tranquila e não indicando, mesmo que de forma sutil, que esta passagem é brusca e preocupante.

Além disso, para preparar as crianças para essa transição de forma tranquila, sugere-se que a professora da educação infantil comece a inserir em sua prática pequenas características do método utilizado no ensino fundamental.

Retomo aqui o objetivo desta pesquisa, que é identificar e analisar as expectativas das crianças de cinco anos do CIM Santa Inês sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, onde posso de certa forma fazer um arremate, tecendo que a pesquisa aponta ao registrar a experiência infantil sugerindo um trabalho que priorize a criança.

Durante a pesquisa, com as bases teóricas pesquisadas para sua realização e todo o contato com as crianças, consegui perceber e compreender a importância de repensar a infância, de modo que se garanta a continuidade de um trabalho que as

valorize e suas respectivas idades, respeitando suas especificidades e os objetivos dos níveis educacionais.

As crianças têm certa consciência que irão enfrentar mudanças ao frequentarem um novo ambiente, o que provoca certo entusiasmo pela novidade, mas também certa preocupação, um sentimento de ansiedade e ao mesmo tempo de medo. São sentimentos e até mesmo de expectativas que devem ser trabalhados e considerados.

Acredito, nesse contexto, que as crianças revelam, ao desenharem e nas conversas ouvidas por mim pesquisadora, demonstrando aspectos importantes da sua infância. Apontaram as singularidades que conjugam vivencias e experiências educativas, de como se constitui, se forma e reflete/ realiza no cotidiano da escola.

Trazendo à tona a importância de oferecer uma educação que prioriza a ludicidade, uma educação não apenas como um aprimoramento dos aspectos cognitivos, mas uma educação que considere a criança em todas as suas dimensões.

Reafirmo o quanto valeu a pena pesquisar as expectativas das crianças da Educação Infantil para a Escola de Ensino Fundamental. Este tema abriu um gancho para novas descobertas com maestria, onde sobre o olhar da criança conseguir problematizar as concepções de Educação Infantil e do Ensino Fundamental, reveladas nas conversas e nos desenhos produzidos pelas crianças.

E, para concluir, fecho a minha colcha de retalhos citando as sábias palavras de Paulo Freire

Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas consciente do inacabamento sei que posso ir mais além dele. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta das forças sociais que não se faz fora da tensão entre o que herdo geneticamente, e o que herdo social, histórica e culturalmente tem muito a ver comigo mesmo (FREIRE, 1997, p.

53).

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ANEXO 1

A pesquisadora pergunta para Nina se ela deseja ir para escola de Ensino Fundamental, explicando para ela que o ano que vem ela vai ter que ir para outra escola, pois ela vai formar, estará completando 6 anos.

Nina diz: Não quero ir para outra escola, porque gosto mais desta, da minha escola (Educação Infantil), mas depois a pesquisadora continua reafirmando para Nina que ela vai ter que ir para outra escola ano que vem, pois inclusive vai ter formatura no final do ano.

A pesquisadora pergunta se ela sabe qual escola irá estudar o ano que vem.

Nina diz que estudará no Margarida.

Nina diz mais uma vez que não quer ir para outra escola. Por que, princesa?

Porque tem nome feio. Por fim, ela diz que quer ir para a Escola Margarida.

E você conhece a Escola Margarida?

Nina balança a cabeça que sim, e fala é pertinho da minha casa;

Como é o Margarida?

Nina diz: Eu nunca entrei lá, eu só sei como é o parquinho. Tem umas salas que eu sei como são. Mas lá tinha um parquinho que tirou, com escorregador, gira-gira, tem amarelinha. Tem uma sala lá que tem um balcão preto.

A pesquisadora fala que a escola deve ser bem legal.

Nina diz: meu irmão estuda lá, eu vou estudar lá mais de tarde porque (meninas estudam só a tarde).

E sua professora nova? Como você gostaria que ela fosse...

Calma. (deu umas características físicas/ loura, de cabelos cacheados) relembrou da professora do ano passado: Professora Carminha era muito boazinha – quero que minha professora seja assim. Como ela ensinava? Ensinava brincando, ela brincava com a gente, ensinava a atividade.

E você sabe que na outra escola tem Para Casa? Você gosta de fazer Para Casa, Dever?

Aí não porque tem que escrever, escrever. Meu irmão só tem para casa difícil (ASSOCIA O PARA CASA AO IRMÃO QUE JÁ ESTÁ NO ENSINO FUNDAMENTAL/

ELA FAZ UMA EXPRESSÃO DE PREOCUPAÇÃO);

A pesquisadora diz que o Para Casa é uma atividade.

Neste momento, Tonico que estava fazendo o desenho para a pesquisadora entra na entrevista dizendo:

Eu sei como é o Para Casa tem que fazer umas letras bem juntinhas.

Como são essas letras Tonico, me explica? É juntinha, tem os números.

Nina diz não é assim, as letras são todas, tudo enroladinhas. Este Dever é difícil, minha mãe quando ensina o Para Casa para meu irmão fica brigando com ele.

Ele não consegue fazer.

Este para casa tem que descobrir todos os negócios.

Nina, e você sabe se lá na Escola Margarida tem brincadeiras? São muitas brincadeiras ou poucas?

Muito poucas. A gente fica estudando o tempo todo. Bateu o recreio a gente pode levar misto, pizza, pode levar merenda.

E você Tonico, quer ir para outra escola? Você sabe qual escola você vai estudar?

Sim eu quero. Eu vou estudar no Clóvis.

E você já foi lá? Você conhece?

Sim, minha irmã estuda lá.

E como é lá?

Lá tem uma quadra grandona, eu já vi minha irmã apresentar lá, fui à sala dela.

E como é a sala dela? Tem uma televisão.

Como você gostaria que fosse sua professora?

Calma, para mim ajudar Tonico fala de uma característica física);

O que você gosta de fazer na escola?

Jogar bola.

Assim termina a entrevista: A pesquisadora agradece as crianças, dizendo que espera que elas sejam muito felizes na escola de Ensino Fundamental, assim como elas são na Escola de Educação Infantil.

Foi incrível! As crianças, especialmente a Nina, pediram para ver o vídeo com a conversa.. Nina completa: Eu sou muito curiosa.

Mas gostaria de salientar que, transcrever a conversa para o papel me angustia, pois parece que não consigo expressá-la com riqueza de detalhes. Penso ser uma arte conseguir reportar para o leitor todas as informações descritas.

ANEXO 2

A pesquisadora pergunta para Lili se ela deseja ir para a escola de Ensino Fundamental?

Lili diz: Quero sim

Você sabe qual escola que irá estuda ano que vem?

Margarida (Escola Municipal Margarida Soares Guimarães) Porque você gostaria de estudar de ir para a escola Margarida?

Eu conheço, já passei lá perto. A minha vizinha que é minha amiguinha estuda lá.

Como você gostaria que fosse sua professora nova?

Como a Tia Cláudia, a professora atual, a criança dá algumas características físicas, e diz que a professora a ajuda nas atividades de cortar e recortar o nome, e deixa a gente brincar.

E na outra escola será que tem brincadeiras?

Tem sim, lá tem uma quadra grande para brincar e dançar quadrilha.

Os meninos jogam bola e as meninas torcem por eles.

E você sabe que na escola nova tem para casa?

Sim, tem que levar o caderno para casa, escrever, escrever, escrever até.

Na outra escola vai ter que saber ler, escrever o nome todo de letra cursiva.

Neste mesmo dia entrevistei o Joca.

Joca, você sabe que ano que vem terá que ir para outra escola, você deseja ir para escola de Ensino Fundamental?

Sim, eu quero. Eu vou estudar no CETAP (Centro Educacional Técnico e Artes Profissionais).

Você conhece o CETAP? Como é a escola?

Sim já fui lá; O CETAP é uma escola grande e bonita; Tem uma quadra para jogar futebol.

Como você gostaria que fosse sua professora na nova escola?

Uma professora legal que deixe eubrincar, que deixei eu brincar de massinha;

Que me ensine a ler.

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