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Possíveis Soluções e Políticas Educacionais

Levando em consideração a motivação da conduta do “Porn Revenge”, verifica-se que apenas a tutela penal, feita através da criação de um tipo autônomo, não será o suficiente para combater a ocorrência destas agressões. Pois, apesar de não ser tipificada de forma independente, através de uma norma mais rígida e

punitiva, a conduta de disseminar conteúdo intimo não consensual, como vimos anteriormente, é enquadrada através de outros tipos penais, de forma que o agressor não ficará impune, independentemente da existência ou não do tipo autônomo.

Desta forma, conclui-se que além da normatização, é necessária a criação de políticas públicas no sentido de reeducar o pensamento da sociedade como um todo.

Somente com a mudança nos costumes e na forma de vislumbrar a figura feminina dentro de uma sociedade construída sobre pilares machistas, é que teremos uma efetiva chance de mudança e de solução deste problema.

A ressocialização do agressor deve ser analisada como ponto principal para chegarmos a uma significativa diminuição dos casos de “Porn Revenge”.

A realização de cursos e palestras educacionais voltadas principalmente ao público masculino, seria a verdadeira chance de modificarmos a atual conjuntura vivenciada pelas mulheres. Educar e descontruir a mentalidade machista e dominadora perante as mulheres é a chave para a criação de uma sociedade igualitária.

O ideal seria a inserção deste tipo de política dentro das escolas de ensino médio e infantil, para que crianças e adolescente já se conscientizem, desde cedo, a respeito da igualdade entre os gêneros e desta forma poderemos, enfim, modificar o costume e a construção social das novas gerações.

8 CONCLUSÃO

Pela observação dos aspectos analisados neste trabalho, nota-se o fato de que a figura feminina, mesmo na sociedade atual, ainda é descriminada e sofre inúmeros abusos e preconceitos.

É notório o fato de que a exposição da intimidade sexual alheia pode ocorrer com qualquer ser humano, sendo ele homem ou mulher. Entretanto, a realidade que se apresenta é de que crimes ligados a sexualidade como o Estupro, a Violência Doméstica e o “Porn Revenge” são em sua esmagadora maioria voltados a mulheres, isto porque a sociedade ainda enxerga a sexualidade e a figura feminina de forma opressora, machista e preconceituosa.

O corpo da mulher ainda é visto como sinônimo da satisfação da lascívia masculina e subordinação ao homem.

Esse panorama somente será modificado quando as pessoas se conscientizarem de que a mulher deve ser respeitada em sua intimidade tanto quanto o homem.

Entretanto enquanto não alcançarmos esse ideal de sociedade igualitária, se faz necessário o cuidado e a atenção com relação a essas novas condutas de discriminação da figura feminina.

O surgimento da internet trouxe inúmeros benefícios à sociedade, entretanto também se criou um ambiente facilitador para a prática de crimes, visto que dentro da rede as informações se propagam de forma mais rápida e eficaz, pois tudo está conectado entre si, em tempo real.

Ademais, os infratores podem se esconder através de perfis anônimos fator que dificulta a identificação do criminoso, externando um aspecto de impunidade aos atos cometidos na internet. Na atualidade a internet deve ser analisada como uma extensão da vida pessoal, e é por essa razão que o direito deve caminhar no sentido de reger as relações virtuais assim como controla as interpessoais.

Ao serem criadas punições e regramentos para o bom uso da internet, a sociedade poderá desfrutar dessa ferramenta de maneira tranquila e segura, sem temer o fato de que não existem responsabilizações sobre aquilo que é veiculado nas redes sociais.

Por fim, ficou comprovada a necessidade quanto a implementação de políticas públicas e educacionais, em conjunto com a criação de uma legislação especifica que tipifique e penalize de forma severa o crime relacionado à divulgação de conteúdo íntimo sem o consentimento da vítima, com a presença da agravante pelo uso da internet como meio de disseminação. De modo que a punição desses criminosos desestimule a prática de tal ato, bem como conforte e ampare legalmente as vítimas, para que essas mulheres possam se sentir respeitadas e livres para desfrutarem de seu direito a honra, intimidade e dignidade.

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Prova pericial que comprovou a guarda no computador do agente, do material fotográfico e a origem das postagens, bem como a criação e administração de blog com o nome da vítima. Conduta que visava a destruir a reputação e

denegrir a dignidade da vítima. Autoria e materialidade comprovadas.

Condenação confirmada. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-PR - ACR: 7563673 PR

0756367-3, Relator: Lilian Romero, Data de Julgamento: 07/07/2011, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 681.

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação cível.

Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos morais. Exposição de foto íntima em rede social sem autorização. Carência de ação não reconhecida.

Dano moral in re ipsa. Minoração do quantum. Consectários. Honorários advocatícios. Preliminar afastada. Apelo parcialmente provido. Unânime.

Apelação cível nº. 70052257532, nona câmara cível, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: IRIS HELENA MEDEIROS NOGUEIRA, JULGADO EM 12/12/2012.

(TJ-RS – AC 70052257532 RS, RELATOR: IRIS HELENA MEDEIROS NOGUEIRA, DATA DE JULGAMENTO: 12/12/2012, NONA CÂMARA CÍVEL, DATA DE

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