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Possíveis soluções para os problemas observados no PIP e

No documento gracieleribeirodossantos (páginas 77-81)

O último questionamento instiga o ANE a sugerir soluções para o enfrentamento dos problemas observados. Nesse sentido, são sugeridas medidas como: a atuação com foco específico em uma determinada política; a formação continuada dos ANE da SRE e dos professores, com participação ativa destes; maior flexibilidade nos prazos; investimento financeiro; autonomia da SRE na agenda de atendimento às escolas e inserção da SRE na formulação das políticas. Em seu relato, o ANE 13 afirma: “A SEE deveria analisar as situações de cada SRE, com suas potencialidades e dificuldades, para estabelecer políticas públicas focadas na solução dessas dificuldades” (ANE 13).

Quanto aos Itinerários, foram apontadas soluções específicas a cada caso. Quanto ao sistema: uma estruturação mais objetiva sobre o planejamento, a definição de ações e tempos que considerem o calendário escolar e outras demandas. Quanto aos sujeitos envolvidos: a formação e a inserção destes no processo, a interlocução entre as três instâncias responsáveis pelas políticas – SEE, SRE e escolas – com escuta dos diretores escolares, além da reaproximação da SRE com as escolas e da inserção desta no processo.

É importante distinguir os tempos dos relatos do PIP e dos Itinerários Avaliativos. Por ter sido descontinuado em 2015, os relatos sobre o PIP abordam o tempo pretérito, a experiência vivida à época; já os Itinerários, embora esta pesquisa aborde um período específico que corresponde à sua implementação pela gestão estadual no ínterim de 2015 a 2018, continuam a acontecer, portanto, os relatos se apresentam ora no pretérito, ora no presente. Como o programa não foi descontinuado pela atual gestão, é prática corrente no cotidiano dos ANE; por isso alguns relatos estão pautados na atuação presente.

A análise do material coletado juntamente aos ANE da SRE de Montes Claros permitiu-me olhar a atuação deste para além da vivência experenciada quando de minha atuação no setor pedagógico. Através dos diversos olhares, consegui visualizar aquilo que a atuação do ANE traz de comum, as excepcionalidades e os desafios que apontam caminhos para possíveis mudanças.

Após a análise dos dados, considerando os contextos do PIP e dos Itinerários Avaliativos, de posse das informações sobre a caracterização de sua atuação, os fatores dificultadores, os fatores facilitadores, os problemas e as possíveis soluções, apresento, no Quadro 11 a seguir, um consolidado das respostas, organizando em aspectos positivos e negativos apontados pelos ANE sobre sua atuação:

Quadro 11 - Aspectos da atuação do ANE do Setor Pedagógico da SRE de Montes Claros nos contextos do PIP e dos Itinerários Avaliativos (continua)

Aspectos positivos Aspectos negativos

Acesso aos dados escolares Resistência das escolas Acesso às escolas Ferramenta online de monitoramento

complexa

Acompanhamento in loco Restrição ao perfil do ANE para retorno às escolas, via ferramenta online Atuação em contexto Pouco tempo para o processo de

orientação, acompanhamento, monitoramento e avaliação do trabalho das

escolas

Atuação na área da formação inicial Falta de integração entre as equipes da SRE

Autonomia Ausência de registro das ações Desenvolvimento profissional Descontinuidade

Diagnóstico das demandas das escolas Número reduzido de analistas frente ao número de escolas atendidas Disponibilidade de materiais orientadores e

de estudos

Falta de formação/capacitação

Disponibilidade de recursos financeiros Imposição de demandas e prazos pela SEE/MG

Ferramentas de monitoramento online de fácil utilização

Atendimento a demandas diversificadas concomitantemente

Oportunidades de Formação continuada Escassez de recursos financeiros Orientação, acompanhamento,

monitoramento e avaliação pela SEE/MG

Sobrecarga de trabalho Proposta de trabalho com objetivos claros e

coesos

Ausência dos sujeitos escolares no planejamento das propostas de formação Tempo para estudos Não inserção do ANE nos processos Trabalho compartilhado Formações estanques, sem continuidade ou

acompanhamento Valorização da atuação do ANE

Fonte: elaborado pela autora.

Com base nos aspectos positivos e negativos destacados sobre a experiência no PIP e nos Itinerários Avaliativos, é possível condensar e elencar como desafios do ANE do Setor Pedagógico da SRE de Montes Claros:

● Integração entre as instâncias (SEE-SRE-Escolas);

● Autonomia na definição do planejamento da sua ação;

● Flexibilidade de tempo para execução das ações;

● Atendimento ao quantitativo de escolas dada a extensão da Regional e o quantitativo de ANE alocados no Setor Pedagógico;

● Inserção dos sujeitos escolares no planejamento das demandas;

● Escassez de recursos frente ao cenário de austeridade financeira;

● Formação continuada – formar-se e formar; ● Registro e socialização das ações realizadas.

Os desafios da atuação do ANE podem ser vistos à luz das três principais abordagens ou perspectivas destacadas por Lotta, Pires e Oliveira (2015) nos estudos da burocracia de médio escalão, quais sejam as perspectivas estrutural, da ação individual e relacional.

Sob a perspectiva estrutural, os entrevistados enfatizaram a importância do acesso às escolas e aos dados escolares disponibilizados via sistema, da sistematização e registro do trabalho realizado, da disponibilidade de materiais para estudo e do acompanhamento in loco. Em tempo, foi apresentada a dificuldade de atender a demandas de ações diversificadas, propostas pela SEE/MG concomitantemente, o que geraria sobrecarga de trabalho dado o número de ANE disponíveis para atendimento ao quantitativo de escolas sob a jurisdição da SRE de Montes Claros.

Quanto à perspectiva da ação individual, os ANE clamam por mais autonomia, se entendem como instância decisória à qual cabe nortear o trabalho das escolas sob as orientações da SEE/MG e não apenas cobrar a execução das ações. Também registraram o direcionamento do trabalho por um planejamento contínuo cujos tempos considerem as etapas de orientação, acompanhamento e monitoramento. Ademais, demonstram que a proximidade com a realidade escolar os responsabiliza a considerar as especificidades desta na implementação das políticas e se veem como corresponsáveis pelo desempenho das escolas que acompanham. Demandam por formação continuada e relatam a facilidade para a atuação quando considerada a área de formação, uma vez que o conhecimento sobre os temas de trabalho facilita as ações. A título de exemplo, segue o relato feito pelo ANE 11:

Para cada escola era preciso conversar, estudar a realidade para conseguir elaborar o melhor plano, ou seja, aquele que para aquela escola fosse viável dentro de suas condições. Com isso, percebe-se o quanto é possível criarmos estratégias, mesmo sem as condições ideais (ANE 11).

Quanto à perspectiva relacional, os ANE destacaram a importância da necessária integração entre as instâncias superior-intermediária-base, no caso a SEE/MG-SRE-Escolas, no processo de implementação das políticas públicas, desde a formulação destas até a avaliação, com o direcionamento das ações, o planejamento conjunto, a troca de experiências entre os sujeitos e a inserção dos sujeitos escolares, especialmente os docentes, nos processo de planejamento do atendimento pedagógico às escolas. Lotta, Pires e Oliveira (2015, p. 43) avaliam que a atuação do BME nessa perspectiva necessita de condições como “[...] a existência de um ator externo que cobre resultados e transparência, e a garantia de flexibilidade e liberdade para adaptação das regras – portanto, discricionariedade”.

Neste segundo capítulo, apresentei o arcabouço teórico norteador deste estudo, a metodologia e a análise dos dados coletados. No capítulo seguinte, apresento uma proposta de intervenção sobre as questões apresentadas sobre a atuação do ANE com o propósito de que o Plano de Intervenção Pedagógica ora formulado contribua positivamente para a atuação do ANE do Setor Pedagógico da SRE de Montes Claros.

Este estudo, portanto, pretendeu compreender as questões e desafios que caracterizam a atuação do Analista Educacional da SRE de Montes Claros a partir dos contextos dos Programas PIP e Itinerários Avaliativos, de modo a possibilitar a percepção de como essa atuação influencia no sucesso ou fracasso de uma determinada política e, consequentemente, acrescer os estudos sobre o BME.

No documento gracieleribeirodossantos (páginas 77-81)

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