1 INTRODUÇÃO
3.2 Possibilidades de Aumento de Capacidade da Via
Segundo Rosa, uma ferrovia tem três opções para o aumento de sua capacidade, são elas:
Trem Operação Via
3.2.1 Trem
Com relação ao trem podem ser tomadas as seguintes providências: aumento da potência das locomotivas, do comprimento do trem, da carga por vagão ou a melhoria da manutenção do material rodante. A primeira acarreta aumento de velocidade média na linha, especialmente em trechos críticos, entretanto pode ocasionar ociosidade de potência em trechos não críticos (ROSA, 2016). Para se evitar essa sobra utiliza-se, nos trechos críticos, uma helper.
A helper é uma locomotiva auxiliar que, conforme tradução do termo em inglês
“ajudante”, ajuda o trem a percorrer caminhos com aclives mais acentuados. Para tanto, engata-se o comboio ferroviário a locomotiva, que aguarda a passagem do trem
em um desvio da ferrovia. Portanto, é necessário que o trem pare, que a helper saia do desvio e adentre a linha de tráfego e que se efetue o engate, inclusive da tubulação de ar do encanamento geral. Essa última medida é imprescindível, pois visa sincronizar a frenagem da locomotiva com a do trem, de forma a evitar que a helper continue empurrando este no momento de uma frenagem. (DIELETRONS)
A Figura 14 mostra uma locomotiva Helper após a execução do desengate em movimento da composição no pátio da estação Humberto Antunes na Serra do Mar.
Figura 14 - Locomotiva auxiliar Helper
Fonte: FERREIRA JR, 2007
Visando reduzir o alto custo de combustível devido à parada total do trem e o tempo para acoplamento, a VALE, uma das maiores mineradoras do mundo, em parceria com a Di-Eletrons, empresa de soluções em eletrônica industrial, desenvolveram um sistema que faz o acoplamento sem a parada total da composição, denominado Helper Dinâmico.
A Helper é usada no trecho da Ferrovia de Carajás, de 892 quilômetros, onde passa o maior trem do mundo (330 vagões) e existem 140 quilômetros de rampas. Com o novo equipamento, que elimina a necessidade de parada do trem, houve uma economia de 35 minutos. Além da economia de tempo, há também redução do consumo de diesel, conforme explica o gerente da Vale. "A eficiência energética é o principal diferencial. A economia de diesel é de 5%. Só em Carajás usamos 150 milhões de litros por ano, ou seja, deixaremos de usar anualmente 7,5 milhões de litros a partir de agora" (ESTADÃO, 2010).
O aumento do comprimento do trem visa diminuir a quantidade de trens em circulação, aumentando o número de vagões em um comboio ferroviário. Apesar de parecer uma medida muito simples, pode acarretar implicações complexas, como a necessidade de aumentar o comprimento dos pátios de cruzamento, adequação dos terminais de carregamento, aumento do tempo de manobra, elevação de esforços nos engates e incremento das dificuldades operacionais (ROSA, 2016).
O aumento da carga por eixo do vagão é uma proposta que deve ser cuidadosamente analisada, pois implica em necessidade de novos projetos de vagões, e de um novo estudo de viabilidade da Via Permanente, como também obras de arte especiais, que devem suportar esse acréscimo de carga; além de acelerar a degradação do trem. (BORGES, 2017 e FERREIRA, 2017)
Apesar das desvantagens supracitadas, a operação de menos vagões, porém maiores, oferece vários benefícios, segundo Allan Zarembski (2015) em seu trabalho Determination of the Impact of Heavy Axel Loads on Short Lines.
Redução dos custos de capital do equipamento; Possível redução de custos de manutenção;
Possível redução na quantidade de locomotivas necessárias; Redução do consumo de combustível por tonelada líquida;
Peso reduzido do comboio por tonelada de mercadorias transportadas; Redução da equipagem;
Necessidade de menos trens e de menos vagões para o transporte do mesmo volume;
Por último, Rosa explica que o aperfeiçoamento da manutenção do material rodante gera maior confiabilidade operacional, reduzindo falhas de fadiga estrutural. Isto porém implica em investimentos em instalações de manutenção e suas equipes. 3.2.2 Operação
Com relação à operação ferroviária, Rosa cita as seguintes medidas: Modernização do sistema de gerenciamento;
Aumento de velocidade;
Modernização do sistema de licenciamento e sinalização.
A modernização do sistema de gerenciamento busca, com os menores custos de investimento, aumentar a eficiência operacional, através de treinamento das equipes, recursos técnicos e controle de operação. Apesar de não surgirem benefícios imediatos, toda ferrovia deve buscar o melhoramento e atualização do seu sistema operacional (ROSA, 2016).
O aumento de velocidade dos trens é uma medida muito clara e busca a redução do tempo de percurso de um dado trecho ferroviário. À medida que os trens percorrem os caminhos com tempos menores, mais comitivas podem ser liberadas, aumentando a capacidade de circulação. Esse aumento deve estar aliado à segurança, pois velocidades maiores implicam em uma operação mais sensível, com maiores riscos de colisão ou descarrilamento. Um sistema de licenciamento e sinalização moderno e operante é imprescindível para obtenção dessa segurança, haja vista que reduz atrasos e incidentes.
Tony Vidago, líder do negócio global de engenharia ferroviária Arup, é também diretor de projeto da implementação do European Train Control System (ETCS) no Reino Unido, um sistema de sinalização e comunicação on board que segundo ele pode dobrar a capacidade de uma ferrovia em 20 a 30 anos, sem a necessidade de vultosos investimentos. O ETCS é um sistema de comunicação de alta velocidade baseado em sinais, que permite acelerar os trens e aproximá-los com segurança, pois em um caso onde dois trens estejam próximos e em alta velocidade, a frenagem de um trem é comunicada ao outro, que reduz sua velocidade na mesma proporção. Além disto, o aumento de capacidade está longe de ser o único benefício, pois o sistema também reduz custo de manutenção, já que necessita de menos
equipamentos ao lado da linha, melhora o desempenho e aumenta a segurança. Outra vantagem é que por ser um equipamento com uma tela dentro da cabine do trem, evita-se vandalismo, como é o caso dos equipamentos de sinalização do lado da linha (VIDAGO,2014).
3.2.3 Via
Em relação à via férrea, Rosa (2016) cita as seguintes medidas cabíveis para aumento de capacidade:
Modificações de traçado;
Mudanças na superestrutura e aumento do padrão de manutenção da via. Ampliação, relocação e construção de desvios.
As modificações no traçado da via geralmente acarretam altíssimos investimentos, além de gerar conflito durante a etapa de execução da obra. Para aumento de capacidade, as rampas críticas são as prioritárias, uma vez que sua melhoria traz economia tanto de tempo quanto de combustível. (ROSA, 2016)
A segunda possibilidade consiste em aumentar a confiabilidade operacional, assim como o padrão de manutenção, elevando a disponibilidade da via para circulação de trens. Rodrigo de Alvarenga Rosa cita alguns melhoramentos nos componentes da superestrutura, que devem ser realizados em paralelo a manutenção mais constante, são eles: trilhos mais pesados e soldados, maior perfil de lastro, dormentes mais resistentes, como o concreto e fixações elásticas.
A última técnica, propositadamente colocada nessa posição, diz respeito ao modelo escolhido para a análise na Ferrovia Tereza Cristina. Objetiva-se redução do tempo de percurso entre pátios, através da construção de novos pátios de cruzamento. A ampliação desses possibilita o aumento do comprimento dos trens, com consequente elevação da capacidade de transporte.
4 METODOLOGIA
Neste capítulo apresenta-se a metodologia utilizada para o cálculo da capacidade ferroviária atual, assim como os resultados obtidos após a inserção de novos pátios de cruzamento com o objetivo de triplicar a capacidade do menor trecho. Ainda nesse capítulo, é calculado o comprimento necessário desses novos pátios, uma vez que necessitam comportar o maior trem da ferrovia.